Dois estudos divulgados nesta semana indicam que a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica Pfizer e pela empresa alemã de biotecnologia BioNTech, a BNT162b2, já tem eficácia após a aplicação da primeira dose e pode ser mantida em geladeiras (2 a 8 graus) por até cinco dias, ou ainda em congeladores (-25 a -15 graus) por duas semanas.
Uma das principais barreiras para distribuir a vacina já pronta é a necessidade de conservá-la em ultracongeladores em temperaturas muito baixas (-80 a -60 graus). Em um comunicado publicado nesta sexta-feira (19), as desenvolvedoras do imunizante afirmam que estudos de estabilidade da substância mostraram que ela poderia ser mantida em temperaturas superiores antes de ser misturada a um diluente salino, que faz parte da composição final.
Segundo o comunicado, os dados do estudo foram submetidos à FDA (agência regulatória dos Estados Unidos) para atualizar a maneira como os frascos do imunizante são guardados, em complemento ao armazenamento em ultracongeladores, que ainda devem ser necessários. Nas temperaturas mais baixas, a vacina pode ser mantida por até seis meses.
Um outro estudo, publicado na quinta-feira (18) na revista científica The Lancet, uma das mais reconhecidas internacionalmente na área da medicina, estimou a eficácia da BNT162b2 para evitar casos da Covid-19 em cerca de 85% em 15 a 28 dias após a aplicação da primeira dose do imunizante.
A pesquisa, conduzida no Centro Médico Sheba, em Israel, contou com mais de 9.000 trabalhadores da saúde e comparou os dados dos vacinados com os não vacinados.
“Nossos dados mostram redução precoce substancial nas infecções pelo Sars-CoV-2 e da Covid-19 sintomática após a primeira dose da vacina. Essa redução precoce nas taxas de Covid-19 fornecem suporte para atrasar a aplicação da segunda dose em países que enfrentam escassez do imunizante, de forma a permitir uma cobertura maior da população com uma única dose. Acompanhamentos mais longos para entender a efetividade da dose única são necessários para embasar uma política de atraso na aplicação da segunda dose”, escrevem os pesquisadores no artigo.
A vacina da Pfizer/BioNTech ainda não é usada no Brasil. No fim de janeiro, o Ministério da Saúde divulgou uma nota na qual afirmou ter recusado tentativas iniciais da Pfizer de avançar nas negociações sobre a oferta da vacina e disse que um acordo com a empresa “causaria frustração em todos os brasileiros”. A empresa havia oferecido uma previsão de entrega de 2 milhões de doses no primeiro trimestre.
Até esta sexta (19), pelo menos cinco capitais haviam suspendido a vacinação por falta de imunizante. Outras cidades afirmam que os estoques devem acabar nos próximos dias. O Ministério da Saúde diz que as próximas distribuições devem ser feitas a partir do dia 23 de fevereiro, quando o Instituto Butantan deve iniciar uma entrega diária de 426 mil doses da Coronavac.
A BNT162b2 é usada em diversos lugares do mundo, como Estados Unidos, Israel, Reino Unido e em países da União Europeia.