Que lixo!

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Por que será que é tão difícil para algumas pessoas jogar o lixo no lugar certo? Ou, por que será que o sujeito não fica constrangido quando joga lixo, de todos os tipos, nos lugares mais absurdos possíveis?

Enfim, o que custa jogar o lixo na lixeira? E, mais: qual é a perspectiva de vida dos imundos, se não conseguem adotar uma providência tão básica, simples e benéfica a si e aos seus?

A Prefeitura de Bauru lançou, recentemente, uma nova cruzada contra todo tipo de lixo, inclusive mato alto em terreno, o que não é exatamente lixo, mas vai se transformar em lixo e dar abrigo a lixo de todo tipo, inclusive o lixo humano. Certo que ela peca naquilo que lhe diz respeito, como a coleta orgânica e reciclável e o desmazelo com áreas municipais. Então, que se emende também.

O governo local promete endurecer, indo às consequências finais e aplicando multas. Esperamos que cumpra sua obrigação. Mas apenas multar é pouco do ponto de vista de erradicar essa prática indecente, embora não haja previsão legal para além de mexer no bolso do mau cidadão. Exatamente por isso é que o problema não é apenas da prefeitura. Aliás, é dela a menor parcela de responsabilidade.

A sujeira do mundo é responsabilidade dos humanos. Os que emporcalham o meio ambiente deveriam experimentar penas mais duras do que simplesmente pagar por sujar. Porque não é apenas uma questão de estética. Emporcalhar ruas, terrenos, praças e espaços comuns a todos é atentar contra o bem mais precioso – a saúde alheia. Somos a segunda cidade com mais casos de dengue em todo o Estado – 1.547. Três pessoas já morreram. Que belo título!

Por lixo, aqui, entenda-se tudo o que se amontoa pelo consumo, ação e omissão de pessoas em local impróprio – restos de alimentos, de excrementos, de vegetação, de construção, de embalagens, pneus, sofás, camas, armários, geladeiras, fogões, carros, navios, aviões e satélites (estes últimos sujam a órbita da Terra).

E quando você está no trânsito, em uma avenida, e vê passageiros ou motoristas de outros carros lançando papéis, tocos de cigarro, latinhas ou garrafinhas plásticas de refrigerante e cerveja, entre outros? Às vezes é possível, apenas com um olhar de reprovação, repreender os irresponsáveis, mas na maioria das vezes a turba segue adiante com voracidade consumista e inconsequente, feliz da vida com sua imbecilidade.

Tem aqui um pouco de TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), mas é raro o dia em que não paro o carro no meio-fio, desço e recolho algum tipo de sujeira, principalmente na região lá de casa. Parece algo insano e que em nada vai melhorar a situação, mas ao menos me acalma…

Alguém pode pensar ou verbalizar: ah, mas a grande sujeira do mundo é a degradação moral, a corrupção, a pilantragem… Concordo, mas o assunto aqui é lixo material, concreto. E dá para afirmar: o descarte errado é, em boa medida, resultado da pobreza existencial que nos atinge.

Quem não se lembra das cenas marcantes dos japoneses limpando os estádios, com sacos de lixo em mãos, após um jogo de futebol tanto na Copa realizada no Brasil (2014) quanto na Copa da Rússia (ano passado)? Os japoneses são sistemáticos, robotizados, chatos, ‘caxias’ ou outros adjetivos escrotos que gostamos de distribuir por aí? Não! Apenas estão algumas décadas à nossa frente em termos de educação e civilidade. Por isso desfrutam de um ambiente muito mais saudável em sociedade.

O lixo e sua destinação são um dos grandes problemas das cidades em geral. Quando se discute o futuro dos municípios em simpósios, debates, em processos de formação de conselhos, como o Desenvolvimento, ora em execução em Bauru, o tema é obrigatório e sempre priorizado por quem se faz presente.

Esse é mais um em tantos problemas que as próximas gerações terão de resolver. Esta não deu conta…

Fonte: https://m.jcnet.com.br/Segundando/2019/02/que-lixo.html

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