Pela primeira vez, missão da Nasa deve atingir asteroide em teste contra futuras ameaças espaciais

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Ilustração mostra sistema de asteroides ao lado da sonda da missão DART, com previsão de lançamento para novembro desde ano — Foto: Johns Hopkins/Nasa

Dez meses após seu lançamento, a missão DART, ou Missão de Teste de Redirecionamento de Asteroide Binário (tradução do inglês), da Agência Espacial Americana (Nasa) deve atingir um asteroide nesta segunda-feira (26). O objetivo é testar o potencial tecnológico humano contra um corpo celeste que poderia entrar em rota com a Terra no futuro.

A sonda da agência espacial está prevista para colidir às 20h14 no horário de Brasília com a lua Dimorphos, que orbita o asteroide Didymos. A Nasa apostou mais de US$ 330 milhões no programa.

“[Essa missão] não vai destruir o asteroide. Não vai transformá-lo em um monte de cacos”, lembra Nancy Chabot, cientista planetária que administra a iniciativa.

O que é um asteroide?

Segundo a Nasa, o impacto criará apenas uma cratera com dezenas de metros de largura e lançará um milhão de quilos de rocha e poeira no espaço.

A agência insiste também que não há chance alguma que qualquer um dos asteroides represente um perigo para a Terra agora ou no futuro.

Segundo Thiago Signorini Gonçalves, professor de astronomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o destino escolhido é apenas uma “questão de conveniência”.

“É um asteroide que fica relativamente próximo à Terra. Como o objetivo da missão é, em particular, testar a possibilidade de efetivamente desviar a órbita de um asteroide, é importante poder acompanhar a órbita posterior. Se fosse um asteroide muito distante, seria difícil fazer este acompanhamento”, explica.

14 imagens sequenciais tiradas de Didymos e sua lua, ainda em 2003 — Foto: Nasa

14 imagens sequenciais tiradas de Didymos e sua lua, ainda em 2003 — Foto: Nasa

Assim, ao chegar até a Dimorphos, a missão acompanhará se de fato é possível alterar com sucesso a rota de um asteroide com a tecnologia desenvolvida para a DART.

São dois corpos diferentes: o maior, com o tamanho mais ou menos de um prédio de 100 andares, e o menor, de 40 andares. Segundo Gonçalves, o tamanho da Dimorphos é até comum para asteroides encontrados no nosso Sistema Solar, mas, ao mesmo tempo, poderia causar um grande estrago se realmente estivesse em rota com a Terra.

“É uma oportunidade boa de conseguir acompanhar o efeito de um objeto que seria efetivamente o alvo de uma missão caso isso fosse realmente necessário, se a gente tivesse que desviar um asteroide”, disse.

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“A colisão deve gerar uma cratera de aproximadamente 10 metros nesse segundo componente do sistema binário, no asteroide menor, e esse material vai ser levantado. É possível que isso gere uma nova chuva de meteoros que poderá ser vista da Terra”, explicou o astrônomo.

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