Ouvir de um lado só

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Juliana Arbex Avelar é fonoaudióloga especialista em Audiologia, empresária na Acurys Aparelhos Auditivos Siemens

Há 18 anos atuo como audiologista clinica e ainda me surpreendo ao fazer audiometria em pacientes com perda auditiva profunda unilateral (não ouvem nada em uma das orelhas) e que nunca haviam feito exames ou sequer passado por um médico otorrinolaringologista.
Embora tenhamos duas orelhas, uma não fara o papel da outra sempre. A perda auditiva, mesmo unilateral, pode trazer sérios problemas ao paciente como no carro, por exemplo.
Com os avanços tecnológicos as empresas desenvolveram novos sistemas CROS para perda unilateral não amplificável com aparelhos que trazem grandes benefícios a estes pacientes.
A audição é naturalmente uma modalidade sensorial binaural. Nos casos onde há comprometimento auditivo unilateral, a orelha preservada supre em grande parte as funções de detecção, reconhecimento e discriminação da função auditiva, porém, tendo limitação no desempenho de outras funções que exijam participação binaural (as duas orelhas) tais como, localização do estímulo sonoro, reconhecimento de estímulos sonoros em presença de ruído competitivo, na seletividade de frequência, discriminação auditiva (ex. sessenta ou setenta?) e no reconhecimento de aspectos temporais da audição. Portanto, as duas orelhas desempenham importante papel no gerenciamento de habilidades auditivas (CARVALLO, 2001).
As diversas etiologias da perda auditiva neurossensorial unilateral foram descritas, como: caxumba, sarampo, otites recorrentes, meningite, schwannoma vestibular e alterações metabólicas, caracterizando-se, na maioria das vezes, como surdez súbita, segundo Santos et al. (1998), Vartiainen e Karjalainen (1998).
A partir da década de 80, estudos começaram a sugerir que esse tipo de Perda Auditiva poderia trazer importantes prejuízos ao desenvolvimento acadêmico e social desses indivíduos, segundo Programa de Pós-graduação (Mestrado) em Distúrbios da Comunicação Humana, Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil.
Um indivíduo com perda auditiva unilateral pode sofrer também com tonturas e desequilíbrios devido à proximidade das estruturas responsáveis pelas funções auditiva e vestibular, o que torna comum encontrar alterações associadas em ambos os sistemas; entretanto, a queixa de desequilíbrio nem sempre é observada, devido à ocorrência do fenômeno de compensação vestibular central na presença de lesão vestibular. Segundo Caovilla et al. (2000).
Uma consulta com seu médico otorrinolaringologista poderá auxilia-lo na melhor conduta e exames necessários para cada caso além de fazer um acompanhamento periódico da orelha boa.

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