Jardim Botânico: pesquisa e cuidado com a fauna bauruense

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Bauru, 18 de outubro de 2021

Você sabe qual a função de um jardim botânico ou zoológico? No primeiro momento, podemos pensar no lazer proporcionado por uma visita a esses espaços, porém os benefícios podem ir muito além disso, seja para os animais ou para a sociedade. E a raiz de tudo isso são as pesquisas.

Como uma instituição séria e ciente de suas responsabilidades de conservação, o Jardim Botânico de Bauru é palco para inúmeras pesquisas sobre a flora e fauna da nossa região. Uma delas vem da parceria com a bióloga Bruna Mendonça Santos, que estuda a fundo os saguis, simpáticos macaquinhos avistados em vários cantos da cidade.

Durante seu estágio no JB em 2017, Bruna percebeu a constante interação entre humanos e saguis. A aplicação de um questionário ao público evidenciou as recorrentes queixas de animais pedindo e até “roubando” alimento dos visitantes. Para conhecer melhor essa relação, iniciou-se uma pesquisa de análise de comportamento, com duração de seis meses. Nela, foram observados os hábitos de humanos e animais, e alguns dos resultados foram:

Humanos oferecem duas vezes mais alimentos do que os saguis roubam;
Humanos se aproximam mais dos saguis do que o contrário;
Adultos se aproximam dos saguis com maior frequência do que crianças, e ainda costumam incentivar os pequenos a chegar perto dos bichinhos;
Em geral, os banners e folhetos alertando para os cuidados com os saguis são ignorados. Inclusive, as crianças costumam dar mais atenção aos avisos do que os adultos.

A pesquisa sobre o comportamento entre humanos e saguis foi muito importante para a elaboração de ações de conscientização, como a campanha “Eu curto sagui: ele lá, eu aqui”.

Já no mestrado, Bruna continua suas pesquisas com esses pequenos primatas, mas dessa vez com um viés mais genético, focada no estudo das espécies de saguis que ocorrem na nossa região. Originalmente, o sagui não faz parte da fauna da nossa cidade, mas migrações – naturais ou forçadas – trouxeram dois “tipos” de sagui para Bauru: o sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus) e o sagui-de-tufo-preto (Callithrix penicillata). A observação dos indivíduos levantou suspeitas quanto a pureza dessas espécies, com muitos animais possuindo pelagem fora do padrão “branco” ou “preto”, apresentando uma cor acinzentada.

A partir dessa suspeita, foi feita uma análise genética de alguns indivíduos, através de amostras de DNA que permitiram a identificação da espécie. “Não posso divulgar os dados da minha pesquisa porque eu ainda não concluí o mestrado, porém posso adiantar que há um número alto de híbridos”, disse a bióloga.

A identificação dessas espécies é de extrema importância para a manutenção de uma fauna saudável em nossa cidade. Como dito, o sagui não é um animal natural da nossa região, e sua presença pode causar um desequilíbrio no cenário ecológico, ocupando cadeias alimentares das quais não deveria pertencer (sendo um problema para animais nativos), contraindo doenças e até sendo um vetor de zoonoses.

Luiz Carlos Neto é diretor do Jardim Botânico de Bauru e destaca a importância das pesquisas: “Pesquisa é igual a conhecimento. É através delas, ou seja a partir do conhecimento, que instituições como o Jardim Botânico podem ser mais eficientes em seu trabalho […] A pesquisa é intrínseca ao trabalho dos JBs.” Logo, os estudos trazem benefício para todos: ao conhecer melhor as características de cada animal, podemos aprender as formas mais eficientes de conservá-los; para a sociedade, essa informação nos ensina como viver de forma mais harmoniosa com o nosso meio ambiente.

Agora que você já sabe de tudo isso, que tal uma visita com um novo olhar para o Jardim Botânico e Zoo da nossa cidade? Além de diversão garantida, a sua visita colabora para a manutenção do trabalho de nossos pesquisadores!

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
PREFEITURA DE BAURU

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