E como ficam os filhos após a separação?

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A vida conjugal é um espaço psicológico onde comportamentos e emoções são intensamente vividos, onde um projeto familiar foi construído e, mesmo com a separação, este projeto persiste nos filhos. Conseguir mantê-lo conjuntamente, apesar das diferenças do casal, é um desafio constante. Em se tratando de crianças um cuidado a mais é necessário, pois elas se sentem o centro do mundo (fase normal e passageira de egocentrismo) e tendem a sofrer mais por acreditar ser o agente provocador da separação: motivo extra para conduzirmos o processo sem provocar danos em seu desenvolvimento. Algumas dicas para os pais atenciosos viverem com mais naturalidade este difícil momento: – Informar as crianças sobre as decisões decorrentes da separação ajuda no processo de preparação e evita que elas se refugiem em suas próprias fantasias e idealizações, evita que o stress infantil ocorra bem como a origem de sintomas físicos como dores de cabeça, de estômago, humor deprimido, etc; – Proteger excessivamente é outro grande problema, evitar dizer a verdade por medo de criar mais conflitos à criança, inventar situações como “seu pai (mãe) viajou”; isso não ajuda a preparar os filhos para
a vida; – Evitar lamentações sobre o que viveram, pois a criança devido ao egocentrismo pode achar que lamentam também o fato dela ter nascido. Se o casamento não deu certo, o fruto da união foi um sucesso – isso é importante que a criança não sinta dúvidas sobre o amor que os pais sentem por ela; – Evitar mudanças repentinas como de lar, escola, amigos, pois crianças se estruturam psicologicamente a partir de seu mundo mais concreto, e pode afetar sua capacidade de adaptação, gerando desequilíbrio e sintomas como atraso escolar, ansiedade, etc; – Apoiar a autonomia dos filhos – as crianças são muito capazes de lidar com a realidade, desde que informadas sobre (dar regras claras e com bom senso onde todos respeitem); – Cumprir assiduamente o cuidar, o estar perto,
dar atenção, o manejo das finanças, é desta forma que estarão ensinando o filho sobre responsabilidade (o filho necessita estar presente na vida de ambos os pais, não apenas de quem detêm a “guarda”); – Após a separação é importante que ambos os pais tenham afazeres (esportes, lazer, vida social e amorosa) e não vivam exclusivamente para o filho,
ambos necessitam estimular sua saúde mental após períodos difíceis.
Segundo a psicanalista Francoise Dolto, que desbravou o universo psicológico infantil: “o divórcio é tão honroso quanto o casamento e não é por motivo de envolver sofrimento que deva ser “escondido”. Tanto as crianças quantos os próprios pais precisam “ventilar seus afetos”. (Quando os pais se separam, Ed. Jorge Zahar). Os pais, portanto devem humanizar a separação, dizê-la em palavras, e não guardá-la para si sob a forma de angústia e nem externá-la com emoções e humores difíceis para a criança compreender. Para tanto, é possível e necessário um trabalho de preparação e busca pelo acolhimento, mais emancipador, que alivia e diminui a ansiedade e mantém os laços, tão necessários para a saúde mental de todos os envolvidos.

“Tanto as crianças quantos os próprios pais precisam ‘ventilar seus afetos’”

 

Psicóloga pela UNESP-Bauru, realiza atendimentos clínicos em Psicoterapia Breve Psicanalítica no Centro de Avaliação, Reabilitação e Psicologia, localizado na Rua Manoel Bento Cruz, 18-85- Vila Brunhari, Bauru, SP. Fone: 14.3010-3142 / 14.99798-4843 – Facebook: psicóloga Maristela Couto –
e-mail: contato@maristelacouto.com.br / site: www.maristelacouto.com.br

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