Série A3, que possui os times da região, Noroeste, Marília e Linense, segue sem definição
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou na tarde desta quarta-feira (8) a data de retomada da Série A1 do Campeonato Paulista. O torneio será reiniciado no dia 22 de julho e o segundo jogo da final deverá acontecer em 8 de agosto. As Séries A2 e A3 foram ignoradas na reunião e seguem sem qualquer tipo de definição.
“O Centro de Contingência aprovou a volta, os jogos deverão ocorrer na fase amarela e em estádios sem a presença de torcida. Vai acontecer a primeira rodada [de retomada] do Campeonato Paulista no dia 22 de julho”, afirmou Doria.
Jogadores, comissões técnicas e funcionários que estarão envolvidos na realização das partidas se comprometem em cumprir o “Protocolo Operação do Jogo”, que a FPF (Federação Paulista de Futebol) submeteu ao Comitê de Emergência do governo estadual.
O documento prevê uma média de 200 pessoas trabalhando no estádio em um dia de jogo, com a divisão do local em três zonas.
A área azul, que compreende o campo e os ambientes internos do estádio, como vestiários e corredores, terá apenas a presença de jogadores, comissões técnicas, equipe de arbitragem, gandulas e equipe de limpeza, entre outros profissionais cuja atuação acontece no jogo.
Na zona amarela, que compreende toda a área interna restante do estádio (arquibancadas, cabines e portões), estarão os operadores de serviços do VAR, segurança das delegações e equipes da Rede Globo, que por ser a detentora dos direitos de transmissão será o único veículo de imprensa com acesso autorizado ao jogo.
A zona vermelha, parte externa, deverá contar somente com profissionais de estrutura de transmissão da Globo, motoristas, equipes de policiamento e seguranças.
O documento de 22 páginas foi elaborado pelos médicos dos 16 clubes da Série A1 e pelo Dr. Moisés Cohen, responsável pela área médica da Federação Paulista.
“O protocolo segue também as principais referências internacionais, de países que enfrentam a pandemia de Covid-19 e que retomaram suas competições com responsabilidade”, diz o documento.
As medidas são semelhantes às adotadas pela Bundesliga, a primeira entre as principais competições da Europa a retornar durante a pandemia. No documento de 50 páginas, a liga alemã estabeleceu um teto de 320 pessoas trabalhando ao mesmo tempo nos estádios, que também foram divididas em três zonas: campo, arquibancadas/cabines e área externa (pátio, portões e estacionamento).
O presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, convocou uma videoconferência com os 16 dirigentes para esta quinta-feira (9), às 11h.
A expectativa é que a competição seja concluída no dia 8 de agosto, um sábado. No dia seguinte, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) pretende iniciar a disputa do Campeonato Brasileiro.
O Paulista está paralisado desde o dia 16 de março em razão da pandemia do novo coronavírus. Faltam seis rodadas (duas na fase de grupos e quatro na etapa final) para o término da competição.
Para que não haja conflitos de agenda entre a decisão do Paulista e o início do Brasileiro, a FPF conseguiu negociar com a CBF para que os times finalistas, cajo estejam envolvidos na final do Estadual, compensem a primeira rodada do Nacional posteriormente.
A princípio os grandes clubes não queriam retornar aos jogos oficiais com menos de um mês de treinamento -as atividades com bola foram liberadas no último dia 1º de julho. No entanto, com o avanço dos Estaduais, principalmente o do Rio de Janeiro, os dirigentes entendem que a falta de ritmo poderá deixar suas equipes em desvantagem durante o Brasileiro.
Esse conflito de datas entre Campeonato Paulista e o Brasileiro levou a uma discussão entre Doria e a cúpula da CBF. O governador havia dito na segunda-feira (6) que, sem concluir o Paulista, os times de São Paulo não poderiam participar do Campeonato Brasileiro.
A CBF rebateu com nota no mesmo dia, dizendo que os clubes de São Paulo aprovaram, em reunião no dia 25 de junho, as datas de 9 de agosto para o início da Série A do Campeonato Brasileiro e 8 de agosto para o início da Série B.
Procurada pela Folha nesta quarta, a CBF não se manifestou sobre o assunto até a publicação do texto.
Outro motivo pelo retorno é o aspecto financeiro. Com a paralisação, os clubes ainda não puderam contar com a premiação paga pela Federação Paulista e também não receberam a última parcela do contrato com a Globo referente aos direitos de televisionamento do estadual.
Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos recebem uma cota total de R$ 26 milhões cada um, e Água Santa, Botafogo, Bragantino, Ferroviária, Guarani, Inter de Limeira, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Oeste, Ponte Preta e Santo André ficam com R$ 6 milhões cada um para cederem os direitos de transmissão.
A federação também dividirá R$ 11,8 milhões em premiações, R$ 5 milhões para o campeão.
“Dos 25 jogadores com os quais começamos o campeonato, temos 16 atualmente e contratamos outros quatro, vai ser um grande desafio para o Santo André, mas a volta nos gera um alívio”, disse o presidente do Santo André, Sidney Riquetto.
O time de ABC detém a melhor campanha do Campeonato Paulista. “Além de não contarmos com receitas, como a última parcela da transmissão e as possibilidades de premiações, tivemos novos gastos, como o de hospedar 38 pessoas em um hotel fazenda para os treinamentos e pagar salários e rescisões dos que se foram.”