A economia comportamental

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Por: Reinaldo Cafeo

 

O prêmio Nobel de economia deste ano foi para Richard Thaler, economista que uniu a economia e a psicologia, oferecendo novos horizontes na análise da tomada de decisões das pessoas, o que ascendeu a discussão sobre a economia comportamental.
As teorias em torno da economia comportamental são recentes. A base dos estudos nesta disciplina é a crítica a abordagem tradicional, ou seja, aquela que concebe o chamado “homo sapiens” como tomador de decisões “racionais”, indicando que tais decisões são centradas no interesse pessoal e o que o mercado é capaz de corrigir eventuais erros de decisões provenientes da racionalidade limitada.
Em outras palavras: na economia tradicional, entre outras questões, indica que a tomada de decisão das pessoas é racional.
A economia comportamental vai em outra direção. Sugere que a realidade é diferente da racionalidade, isto é, as decisões levam em conta hábitos, experiências pessoais acumuladas e regras práticas simplificadas. Neste contexto há fortes componentes que se originam nas questões emocionais levando em conta o comportamento dos outros. São aceitas soluções apenas satisfatórias. Assim os modelos de análise das decisões tomadas recebem influências psicológicas, emocionais, conscientes e inconscientes que afetam o ser humano. Em outras palavras: é uma maneira mais realista de análise.
Se tomarmos o comportamento de gastos das pessoas, veremos que a teoria da economia comportamental faz sentido. Quantas decisões no tocante a compra de bens e serviços não carregam consigo o componente emocional ou do meio que vivemos? Uma determinada marca de veículo, o status que o bem adquirido oferece, enfim, a necessidade que alguns têm de ser reconhecidos no meio em que vivem pelo que possuem, vão nesta direção.
Por isso na maioria das vezes a decisão “racional” não tem espaço. Em muitos casos de desequilíbrios na condução da vida financeira, para ficar no exemplo citado, está mais ligado a atitude em lidar com o dinheiro, com o comportamento das pessoas, com a influência do meio do que vivem, do que ter ou não ter recursos disponíveis para gastar. Isso sem dúvida é uma das principais causas do descontrole das finanças do lar.
É um mundo novo a ser explorado e o prêmio recebido pelo economista Richard Thaler trará novas luzes para que a economia como ciência evolua, e que os modelos traçados levem em conta não somente a visão linear, racional, mas que considere toda a dimensão que norteia a vida das pessoas, ampliando o escopo da interação com outras ciências notadamente no campo da psicologia.
Quanto ao prêmio de 1 milhão de dólares que foi concedido ao Dr. Thaler ele já apontou o que fará: gastará irracionalmente, como não poderia deixar de ser.

 

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