Vivemos um momento ímpar em nossa existência. A pandemia provocada pelo novo coronavírus, a Covid19, tem forçado cada um de nós a mudar mais do que a rotina, nosso modo de viver.
Mudamos nosso vocabulário diário incluindo palavras e expressões tais como: o novo normal; isolamento social; platô; entre tantas outras. Além do novo vocabulário também há inúmeras leituras sobre este momento.
Não obstante observarmos que há, o que possa denominar de “curva de aprendizagem”, por ser tudo novo, há momentos em que o óbvio não é visto, portanto, como dizem popularmente “é preciso desenhar”.
No dia 24 de março deste ano foi publicado o primeiro Decreto Estadual instituindo a quarentena nos 645 munícipios do estado de São Paulo, inclusive Bauru. Lá se foram mais de 120 dias. Com epicentro do problema de contaminação na cidade de São Paulo e depois na grande São Paulo, o governador do Estado, João Dória, entendeu que o problema seria do estado como um todo o que não se confirmou.
Tendo necessidade de marcar território, o governador de São Paulo tentou crescer politicamente se opondo a qualquer tipo de posicionamento do Presidente Jair Bolsonaro. Sempre argumentando que a ciência é ditava seus atos, foi incapaz de admitir seus erros. Foi lento nas decisões, foi omisso no aparelhamento do estado no tocante a retaguarda de saúde e simplesmente ignorou, reafirmo ignorou, a realidade do interior de São Paulo. Em momento algum saiu da capital para coordenar ações regionais.
Especificamente em Bauru observamos a verdadeira novela que foi a abertura de 40 leitos no HC – que deveria se chamar Hospital das Clínicas, e na prática HC quer dizer Hospital de Campanha.
O Prefeito Municipal surfou nesta onda. Recém chegado ao PSDB não poderia contrariar aquele que, politicamente, pode lhe dar a legenda para concorrer à reeleição, e evidentemente os recursos necessários, para que o PSDB local finalmente, no voto, chegue ao poder.
Isso tudo posto, o desenho real é seguinte: considerando a deterioração da economia local; considerando a perda 5.720 vagas de trabalhos formais durante nestes últimos três meses; considerando a queda de faturamento em 85% das empresas locais; considerando que o microempreendedor individual passou a ter renda mensal abaixo de um salário mínimo; considerando o crescimento de pessoas miseráveis e aumento do número de moradores de rua; considerando o crescimento de casos de tentativa de suicídio por conta do isolamento e desesperança, e considerando que ocorreram erros e mais erros na condução por parte do setor público no combate a pandemia é imperativo, eu disse imperativo, que o Executivo Municipal descole do governador e finalmente governe com olhar para os seus.
Não há lei que proíba isso!
O desenho final é: antes de editar qualquer Decreto, antes de editar normas de procedimento, que ao menos tenha a humildade de ouvir aqueles que como ele, lutam pelo bem-estar de Bauru. Ninguém quer o “liberou geral”, o que a sociedade quer é reduzir o impacto do isolamento e de alguma maneira proteger a geração de riqueza da cidade, e evitar o caos social. É pedir muito?
Ficou claro, ou é preciso fazer novo desenho?
Reinado Cafeo é economista e presidente da Associação Comercial e Industrial de Bauru – ACIB.
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