Semana Mundial da Alergia alerta que mudanças climáticas estão agravando os problemas de saúde da população

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A Semana Mundial da Alergia 2023 está sendo realizada de 18 a 24 de junho. Neste ano, o evento tem como tema “Mudanças Climáticas Agravam Alergias: Preparem-se!”, definido pela Organização Mundial de Alergia (WAO), e vai tratar sobre a relação entre as mudanças climáticas e o agravamento de quadros alérgicos.
Segundo a WAO, as doenças alérgicas de vias aéreas são as doenças crônicas mais comuns. A rinite alérgica, por exemplo, pode afetar de 10% a 50% da população. Já a asma afeta mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo. Ambas as doenças podem ser agravadas devido às mudanças climáticas.
De acordo com a médica alergista e imunologista Daniela Rigotto Bannwart, as mudanças climáticas estão associadas ao aumento de poluentes atmosféricos que ocasionam a deterioração da qualidade do ar e podem agravar doenças alérgicas, respiratórias e de pele. “Entre os poluentes que são causadores de alergia podemos citar poeira, fumaça, partículas descartadas por motores a diesel, monóxido de carbono e dióxido de enxofre”, frisa.
Ela salienta também que a fumaça de tabaco, resíduo agrícola, esterco animal, querosene, carvão, tintas, vernizes e velas são alguns dos causadores de poluição dentro de casa. Nas residências, outros causadores de alergia são: óleo de cozinha, ácaros, pelo de animais de estimação, pólen de plantas de interiores e mofo.
De acordo com a Comissão de Biodiversidade, Poluição e Clima da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), os eventos climáticos extremos que têm ocorrido nos últimos tempos afetam a saúde de diferentes formas. Mortes causadas por deslizamentos e inundações, por exemplo, favorecerem a proliferação de doenças e o agravamento das doenças alérgicas, contribuindo para o aumento contínuo da prevalência e gravidade das alergias associadas à perda da biodiversidade.
Um dos principais responsáveis pelas mudanças climáticas é o excesso de poluentes despejados na atmosfera. Por exemplo:
– Exposição a altas concentrações de ozônio induzem à inflamação das vias aéreas e aumentam o risco do agravamento da asma.
– Mudanças nos padrões de temperatura e umidade do ar combinadas à poluição atmosférica podem provocar maior sensibilização da população a polens, mesmo nas regiões de clima tropical, e não somente em regiões subtropicais.
“Essa situação pode levar ao aumento da prevalência de rinoconjuntivite alérgica sazonal e, também, de exacerbações por asma com aumento de internações hospitalares e sobrecarga dos serviços de emergência. Além disso, quando os níveis de gás carbônico estão elevados, as plantas realizam fotossíntese aprimorada e aumentam fenômenos reprodutivos, com consequente aumento da duração da estação polínica”, explica a médica.
Esse aumento da poluição do ar representa um sério impacto socioeconômico. Infecções respiratórias agudas associadas à poluição do ar doméstico causam 455 mil mortes anualmente.
O aumento da temperatura do ar e a maior incidência de secas, sobretudo na última década, têm propiciado o aumento da ocorrência de incêndios florestais, contribuindo para os efeitos prejudiciais à saúde associados à poluição do ar.
“O conhecimento desses efeitos pelos profissionais de saúde é primordial. Indivíduos nascidos prematuramente, ou com baixo peso ao nascer, expostos à fumaça de incêndio florestal, podem ter maior risco de efeitos adversos à saúde respiratória no início da idade adulta, possivelmente relacionados à situação de piores fluxos expiratórios”, comenta.
Estratégias de adaptação e mitigação são urgentemente necessárias para prevenir o impacto nas doenças alérgicas e os danos à saúde humana em geral, especialmente nas populações vulneráveis, como os idosos, gestantes e crianças, assim como indivíduos com doenças pré-existentes, de acordo com a médica.

 

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