Paixão por Fuscas atravessa gerações

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Churrasvolks no Vitória Régia

Vinte e um anos após o fim da produção no Brasil, o Fusca é ainda é reverenciado por pessoas de todas as idades. Essa paixão, capaz de atravessar gerações, ficou mais uma vez patente, nesse domingo (15), durante a sexta edição do Churravolks Interclubes. Pedro Oliveira, por exemplo, tem apenas 5 anos e já herdou do pai o interesse pelo modelo. No evento, o garoto exibia, orgulhoso, seu minifusca no Parque Vitória Régia, palco de diversão aos apaixonados por carros antigos e também churrasco.

Realizado pela equipe Rolê de Fusca e com apoio do Jornal da Cidade e da 96 FM, o evento reuniu mais de 1.200 expositores e aproximadamente 25 mil pessoas no decorrer do dia, segundo os organizadores. Dezenas de barraquinhas montadas em meio aos Fuscas, Kombis, Variants e outros veículos, chamados de air cooled, que possuem “motor a ar”, deram o tom ao encontro, considerado um dos maiores do Interior paulista.

Lugar ideal, portanto, para que Pedro pudesse cultivar ainda mais a sua paixão por Fuscas. Ele até arriscou uma voltinha pelo gramado do parque, claro que com o pai, o empresário Fábio Lopes, como copiloto. “Eu sempre apreciei carros antigos, principalmente Fuscas. Logo, ele (filho) pegou gosto também”, conta Fábio, enquanto explicava à reportagem sobre o “Besouro Preto”.

“É uma réplica do Fusca conversível, ano 2014, motor de 200 cilindradas movido à gasolina”, detalha, complementando que as placas são fictícias. Portanto, Pedro só “pilota” o minifusca em locais fechados. Mas, para ele, isso não é empecilho algum . “Dou volta com meu pai, com a Manu (sua irmã Manuela, de 7 anos) e com a belinha (cachorra de estimação da família)”, diverte-se.

HERANÇA DE FAMÍLIA

O operador de caixa Rafael Guilherme Grandi, 26 anos, teve um contratempo com seu Fusca 1968 durante o evento: um pneu furado. Como está de muletas para se recuperar de um acidente de moto, contou com a ajuda do amigo Fernando Carreira para fazer a troca. “Problema resolvido”, brincou Fernando.

O incidente foi apenas um detalhe diante da história do carro. “Meu avô o comprou zero quilômetro”, conta Rafael. O que era para ser apenas um meio de locomoção tornou-se uma relíquia de família. “Meu pai herdou do meu avô e agora já está comigo”.

A saga do veículo, contudo, promete novos capítulos. A esposa de Rafael está grávida de três meses e o Fusca já está destinado ao filho ou à filha do casal. “Faço questão de manter a tradição familiar”.

GRANDE E PEQUENO

A paixão por carros antigos tem várias formas de manifesto. Além de todo investimento e zelo por seu Fusca 1976, o aposentado José Silveira Neto, 72 anos, fez questão de viabilizar uma réplica idêntica ao carro. “É o Fusca e o Fusquinha”, brinca.

Tanto o original quanto a réplica foram pintados da mesma cor: marrom horizon. O estofado de ambos é feito de couro ecológico e os carpetes, de bouclê. Há anos, o principal hobby de Neto é adquirir carros antigos para reformá-los.

“Compro quase que uma sucata e refaço. Gosto de ver a transformação”, frisa ele, que já chegou a ter seis Fuscas e todos bem conservados como o atual.

BENEFICENTE

O 6.º Churravolks Interclubes contou com participantes de toda a região e até de outros Estados. “Investimos em uma estrutura para receber bem as famílias. O evento ainda tem caráter social, pois toda a renda da festa será revertida para a Casa da Sopa da Vila Dutra”, destaca Angelo Zonaro, integrante da equipe Rolê de Fusca e um dos organizadores do encontro.

Relíquia 

Uma Variant 1968, de fabricação alemã e com câmbio automático, também chamou atenção de quem percorreu o Parque Vitória Régia, ontem. Proprietário do “possante”, o empresário Adriano Ferrari, 29 anos, conta que vieram poucas unidades para o Brasil, à época.

“Foram trazidos para servir o Consulado Alemão e serviram, inclusive, como modelo para a fabricação de Variants no Brasil. Que a gente tem conhecimento, hoje só existem quatro Variants alemãs no Brasil, sendo somente duas com câmbio automático”, cita.

Fotos: Douglas Reis
Fusca e Fusquinha: José Silveira Neto mandou fazer miniatura idêntica ao seu modelo 1976
Adriano Ferrari em sua Variant alemã com câmbio automático; segundo ele, só existem dois modelos desse carro no Brasil

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