Estudos apontam que a variante atinge parte superior do corpo, o que o gerente de incidentes da OMS classificou como “boa notícia”
Novas evidências de que a variante Ômicron do coronavírus afeta o trato respiratório superior, causando sintomas mais leves do que as variantes anteriores, estão surgindo, disse uma autoridade da Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta terça-feira (4).
“Estamos vendo mais e mais estudos apontando que a Ômicron infecta a parte superior do corpo. Diferente das outras, que podem causar pneumonia grave“, disse o gerente de incidentes da OMS, Abdi Mahamud, a jornalistas em Genebra, dizendo que isso pode representar uma “boa notícia”.
No entanto, ele acrescentou que a alta transmissibilidade da Ômicron significa que a variante se tornará dominante dentro de algumas semanas em muitos lugares, representando uma ameaça a países onde grande parte da população permanece não vacinada.
Os comentários de Mahamud sobre os riscos reduzidos de desenvolver a forma grave da doença estão em linha com outros dados, incluindo um estudo sul-africano, um dos primeiros países onde a Ômicron foi detectada.
No entanto, Mahamud também fez um alerta de que é preciso cautela, apontando que a África do Sul é um “ponto fora da curva” pois o país tem, entre outros fatores, uma população jovem.
Questionado sobre a necessidade de uma vacina específica para a Ômicron, Mahamud disse que é muito cedo para dizer, mas enfatizou que a decisão requer coordenação global e não deve ser deixada para o setor comercial decidir sozinho.
Vacinação é o desafio
Enquanto a Ômicron parece estar escapando anticorpos, evidências emergiram de que as vacinas contra a Covid-19 ainda fornecem proteção, provocando um segundo pilar da resposta imune das células T, disse Mahamud.
“Nossa previsão é que a proteção contra casos severos, hospitalizações e mortes (pela Ômicron) seja mantida,” afirmou ele, declarando que isto também se aplica às vacinas desenvolvidas pela Sinopharm e pela Sinovac, que são usadas na China, onde os casos da Ômicron permanecem muito baixos.
“O desafio não tem sido a vacina, mas a vacinação e alcançar as populações vulneráveis”.
Perguntado sobre se uma vacina específica contra a Ômicron é necessária, Mahamud respondeu que é cedo demais para afirmar, mas relatou dúvidas e reforçou que a decisão requere coordenação global e não deve ser feita apenas pelos fabricantes dos imunizantes.
“Você pode investir na Ômicron e apostar todas as suas fichas, e uma nova variante ainda mais transmissível ou com uma taxa de evasão maior aparecer”, ele disse, acrescentando que um grupo técnico da OMS teve reuniões recentes sobre a composição das vacinas.
A melhor forma de reduzir o impacto da variante seria atingir o objetivo da OMS de vacinar 70% da população de cada país até julho, ao invés de oferecer terceiras ou quartas doses em alguns países, ele disse.
Com os números de casos subindo devido à Ômicron, alguns países diminuíram o tempo de isolamento ou quarentena, em uma tentativa de permitir pessoas assintomáticas a retornarem ao trabalho ou à escola.
Mahamud afirmou que os líderes devem tomar decisões baseadas na força da epidemia local, dizendo que países do Ocidente com números muito altos de casos podem considerar a diminuição dos períodos de isolamento para manter serviços básicos funcionando.
No entanto, recomendou que países onde o número de casos está em níveis baixos mantenham o período de quarentena em 14 dias.
FONTE: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/oms-ve-mais-evidencias-de-que-omicron-causa-sintomas-mais-leves/