Morte Súbita Latente: pediatra comenta e dá dicas que podem salvar a vida do bebê

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A posição e o lugar em que o bebê dorme pode levá-lo à morte

Quando um bebê nasce, toda a família se envolve. São muitas as experiências partilhadas com aquelas mães “de primeira viagem”, entretanto, algumas que se tornaram culturais e na verdade são mitos podem levar a criança à morte súbita latente e uma delas é sua posição ao deitar.

A síndrome de morte súbita latente, que é a ocorrência de morte inesperada, atinge principalmente os bebês até completarem seu primeiro aniversário. Ainda que com muitas causas indefinidas, com chances de se descobrir a partir de necropsia.

Para derrubar alguns dos mitos mais perigosos e que fazem parte da crença popular, a reportagem da Revista Atenção conversou com o pediatra dr. Gustavo Quintino, que é intensivista e especialista em UTI pediátrico. O médico se dirige não só às mães, mas a toda a família que tem ou virá a ter um bebê.

Posição de dormir é fundamental

Alguns fatores de risco devem ser considerados na preservação da vida do bebê. Você sabia que a melhor posição para dormir é de barriga para cima? Ao contrário do que se acredita, ele não fica mais exposto à asfixia em decúbito dorsal ou supina.

No entendimento popular, nesta posição o bebê corre sério risco de se asfixiar com o vômito. Mas, isso é um mito, de acordo com o pediatra.

“Enfrentamos muita resistência da família, dos cuidadores e até de outros profissionais da área da saúde neste assunto. Eles realmente acreditam que se vomitar e a posição de dormir for de barriga para cima, naturalmente haverá uma asfixia a partir da aspiração do vômito quando, na verdade, a tendência é ela tossir e assim chamar a atenção dos pais.

O especialista comenta ainda sobre as demais posições.

“A posição de lado ou de barriga para baixo são as mais graves, inclusive para quem possui refluxo gastroesofágico. O bebê pode virar a cabeça neste momento e aí sim se coloca em risco severo de asfixia”, comenta.

Menos é mais: dormir em berço sem nada além de colchão e travesseiro é o melhor

Além da posição de dormir, é importante que o ambiente esteja seguro para o bebê. Enquanto que culturalmente há a crença de que dormir com os pais cria vínculo afetivo, a realidade não é bem assim.

O ideal, segundo o pediatra, é que seja em berço limpo e liso, a fim de que nada possa obstruir a respiração do bebê.

“Pode até dormir no mesmo quarto, por conveniência e comodidade para o aleitamento materno, mas deve ser em berço livre de brinquedos, bichos de pelúcia, panos, edredom e, até mesmo, de almofadas e travesseiros que se ganha aos montes de presente” pontua.

Em relação às almofadas e aos travesseiros, dr. Gustavo Quintino faz recomendações.

“O colchão e o travesseiro devem ser duros, a fim de se evitar que o bebê ‘se afunde’, em especial a cabeça, pois há o risco de se sufocar”.

Outros fatores de risco

  • Problemas cardiológicos

Ainda que sem predisposição genética, doenças cardiorrespiratórias podem ser encontradas em recém-nascidos. É de difícil detecção, a não ser por necropsia e ainda assim com certo grau de dificuldade. Um exemplo é arritmia cardíaca, que ataca na hora e só é detectada, no caso de recém-nascidos, se ocorrer durante uma consulta com o pediatra.

  • Problemas respiratórios e neurológicos

Problemas respiratórios e neurológicos, como a apneia, oferecem sérios riscos. Para tanto, observar a respiração do bebê, em especial recém-nascido, pode evitar uma morte súbita latente.

  • Cigarro, bebidas e outras drogas

O uso de drogas lícitas ou ilícitas, como o tabaco e o álcool, causam sérios danos durante a gestação e após o nascimento. Além de interferir no desenvolvimento, a atenção exigida nessa fase fica comprometida e expõe o bebê a diversos outros riscos, inclusive sociais.

  • Superaquecimento

Deve-se evitar agasalhar demais o bebê, independente a situação, se para dormir ou estar no colo. Essa ação, que imagina-se estar protegendo, na verdade dificulta os movimentos e superaquece.

Dicas extras do especialista

O pediatra dr. Gustavo Quintino sugere que a educação pode contribuir com a redução de casos de morte súbita latente. Não há sequer estudos que apontem estatísticas nacionais ou até regionais que contribuam com o apontamento de novas sugestões.

“Uma educação mais incisiva nas escolas e reforçada durante todo o período de pré-natal ajudariam as famílias a conquistarem acesso às informações mais realistas”.

Outro mito derrubado pelo especialista é sobre o andador. “Ele é um vilão para o bebê. Compromete quadril e marcha, faz pular fases. O recém-nascido tem como primeiro desenvolvimento, o neurológico para poder sentar. Depois, começa a engatinhar. E depois andar”.

Por mais que quem presenteie com o andador seja o padrinho ou familiar mais próximo, é melhor recusar ou deixar parado do que, para não fazer desfeita, comprometer o desenvolvimento.

Já a chupeta, o cordão utilizado pode se enrolar no pescoço e prejudicar a respiração.

E, além de tudo que foi citado, é essencial fazer todo o processo de pré-natal e acompanhamento com um pediatra de confiança. As experiências partilhadas por familiares, amigos e sites de busca na internet nem sempre condizem com a realidade do seu filho e de sua família.

* Morte súbita latente é o nome que se dá para a morte de crianças menores de 1 ano e que morrem inesperadamente, com maior incidência entre os primeiros 4 meses de vida.

** Recém-nascido é bebê até seu 28º dia de vida.

 

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