Isolamento para Covid-19: entenda novas recomendações e veja o que dizem especialistas

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Profissional de saúde coleta amostra nasal de mulher para teste de Covid-19 em um centro de testagem gratuita em Buenos Aires, na Argentina, no dia 10 de janeiro. — Foto: Alejandro Pagni / AFP

Ministério da Saúde divulgou, na segunda-feira (10), novas recomendações para o isolamento de pessoas com Covid-19. O período foi reduzido, mas essa redução só vale para quem não está mais com sintomas da doença.

Nesta reportagem, você vai entender melhor o que fazer segundo a nova recomendação do ministério. O g1 também conversou com especialistas para entender como avaliam as novas diretrizes:

  1. Com 5 dias de sintomas
  2. No 7º dia de sintomas
  3. No 10º dia
  4. Eu vou infectar alguém se sair do isolamento com menos de 10 dias?
  5. Posso pedir um atestado de 10 dias?
  6. Qual teste eu faço para sair do isolamento?
  7. O que eu faço se testar positivo, mas estiver sem sintomas?
  8. O que eu faço se tiver sintomas, mas não tiver acesso a um teste?
  9. Qual o tempo de isolamento se eu estiver com gripe (Influenza)?

 

1) Com 5 dias de sintomas

  • Após cinco dias completos (ou seja, no 6º dia), se você ainda tiver sintomas, você continua em isolamento.

 

Se você sentiu a garganta “arranhando” na segunda-feira, portanto, esse é o dia 1. Se, terminando a sexta-feira – ou seja, no sábado –, você continua com sintomas, mantenha o isolamento.

 

O mais importante, explica Alexandre Zavascki, médico infectologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) , é esperar os sintomas se resolverem antes de sair do isolamento, independente da quantidade de dias que se passaram.

“Estar sem sintomas ou estar em franca resolução dos sintomas é o requisito básico. O que acontece é que as pessoas se liberam estando ainda sintomáticas, se sentindo ruins – simplesmente porque chegou no número 7 ou no número 5 ou no número 10. Isso não é o adequado”, enfatiza.

 

  • Após cinco dias completos (ou seja, no 6º dia), se você não tiver sintomas, a recomendação é fazer um teste (de antígeno ou PCR).
  • Se o teste vier positivo, você continua em isolamento até o 10º dia (mesmo que não tenha sintomas).
  • Se o teste vier negativo, você pode sair do isolamento, desde que tenha passado as 24 horas anteriores (ou seja, o dia anterior) sem sintomas respiratórios e ou febre (não vale usar antitérmico).

 

2) No 7º dia de sintomas

  • Se, no 7º dia, você está sem sintomas, você pode sair do isolamento, segundo a nova recomendação, e não precisa fazer teste. Mas atenção: só se você não tiver tido sintomas respiratórios ou febre (sem antitérmico) pelas 24 horas anteriores.

 

Ou seja: se o primeiro dia de sintomas foi na segunda-feira e, no domingo seguinte, você não tem mais sintomas, inclusive febre, desde o dia anterior, pode sair do isolamento (sem teste).

  • Se, no 7º dia, você continua com sintomas, é obrigatório fazer um teste (PCR ou de antígenos). Se o resultado der negativo, você aguarda mais 24 horas – sem ter mais sintomas respiratórios nem febre – e sai do isolamento. Se o resultado der positivo, você continua em isolamento até o décimo dia.

 

3) No 10º dia

Se, no 10º dia, você estiver sem sintomas, incluindo febre, há pelo menos 24 horas, pode sair do isolamento.

Se continuar com sintomas no 10º [dia], continua isolado até 14º dia. E precisa avaliar necessidade de procurar atendimento médico. Porque, se tem sintomas no 10º dia, pode ser alguma complicação”, recomenda Bruno Ishigami, médico infectologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, ligado à Universidade de Pernambuco (UPE), e da Clínica do Homem, em Recife.

4) Eu vou infectar alguém se sair do isolamento com menos de 10 dias?

Não é possível afirmar com certeza.

“Ainda não há consenso na literatura científica que defenda a redução do isolamento para 7 ou 5 dias. Se não há consenso, acho arriscado e enxergo que pode nos colocar em um cenário epidemiológico ainda pior”, avalia Bruno Ishigami.

 

Para ele, o mais seguro é esperar os 10 dias de isolamento para evitar transmitir a doença.

“Até agora, não vi nenhum estudo [dizendo] que está tranquilo sair do isolamento com 7 dias. Tem estudos que mostram que, a partir do 5º dia, tem uma queda da carga viral – que é o que a gente associa com a maior ou menor probabilidade de transmissão – e a partir dessa queda da carga viral as pessoas decidiram reduzir para 7 dias em algumas circunstâncias e 5 dias em outras”, explica.

“Mas, do que eu tenho lido e do que eu tenho discutido com outros colegas, os 10 dias seriam o mais seguro. Em alguns casos, no 7º dia, algumas pessoas não vão estar transmitindo, mas não tem como a gente individualizar esse ponto”, diz Ishigami.

Ele vê como incoerente pedir um teste para sair do isolamento.

“Não vejo tanto sentido, por alguns motivos: aqui no Brasil, a gente não tem uma grande disponibilidade de testes. Tem gente que não está conseguindo testar nem para fazer o diagnóstico. Então, se a gente vai exigir teste para as pessoas saírem do isolamento, vai ser uma coisa inviável e irreal com a realidade do país”, afirma.

 

“A gente está em um apagão de dados do Ministério da Saúde, os casos estão aumentando, a hospitalização está aumentando. Se a gente for observar o que aconteceu na Europa e o que está acontecendo nos Estados Unidos, a hora é de a gente tomar cuidado e aumentar as restrições, e não afrouxar e permitir que o vírus circule mais”, defende Ishigami.

Para Alexandre Zavascki, da UFRGSo principal é que a pessoa não tenha mais sintomas.

“Se você realmente não está seguro se aquele seu sintoma está melhor ou não, você não tem um termômetro, ou teve que tomar o antitérmico porque estava com dor no corpo, ou seja, tem o sintoma, se está na dúvida, fica os 10 dias”, diz o médico.

 

Além disso, o uso de máscaras e o teste negativo também são essenciais para criar mais barreiras contra a transmissão do vírus.

“Isso, realmente, vai dar uma segurança, porque você cria três barreiras: a partir do 5º dia, já não é a maioria que vai estar eliminando o vírus; realmente não é. O teste de antígeno negativo: vai ter falso negativo? Vai. Mas vai ser a minoria. Barreira 2. E a 3ª barreira é a máscara. Não acredito que teríamos problemas se fizer isso”, afirma.

“Agora, o maior desafio é você conseguir que as pessoas cumpram o primeiro. Acho que a grande pressão das pessoas que empregam é ter o seu trabalhador voltando ao trabalho – às vezes mesmo com sintomas não claramente resolvidos”, pontua.

 

5) Posso pedir um atestado de 10 dias?

Sim – e os médicos têm autorização para conceder um afastamento mais longo, se acharem necessário, segundo Bruno Ishigami. Isso vale mesmo que você não tenha o resultado de um teste, apenas a hipótese do diagnóstico.

6) Qual teste eu faço para sair do isolamento?

A recomendação do Ministério da Saúde é que, para sair do isolamento, você faça o teste de antígeno ou o PCR.

Alexandre Zavascki, da UFRGS, recomenda o teste de antígeno para sair do isolamento – porque ele tende a ter mais a ver com a pessoa estar transmitindo ou não o vírus.

“O PCR não adianta para ver a questão da transmissibilidade. A gente tem vários casos que ficam com PCR positivo por meses. A gente vai vendo que diminui a quantidade de RNA detectado no PCR, mas às vezes ele vem positivo por meses. Então não é um bom exame para o seguimento. E tem alguns estudos mostrando que o antígeno, sim, se correlaciona melhor com essa questão da transmissibilidade”, explica.

Mesmo assim, o teste não é 100%. Por isso, é importante não ter sintomas para considerar sair do isolamento.

“Acho que deveria ser um complemento à ausência de sintomas. O paciente com sintomas que ainda tem febre e faz um teste de antígeno que dá negativo no 5º dia, esse paciente não deveria voltar. Porque não é o teste que vai determinar a volta: é os sintomas”, afirma.

 

7) O que eu faço se testar positivo, mas estiver sem sintomas?

O documento mais recente do Ministério da Saúde não inclui orientação para casos em que a pessoa nunca teve sintomas.

Um documento anterior, da Anvisa – que é subordinada ao ministério –, divulgado em julho de 2021, recomendava dez dias de isolamento para casos em que a pessoa faz o teste sem sintomas – para rastreio – e recebe resultado positivo.

“Se a pessoa está assintomática e testa positivo (ou porque teve contato ou porque queria fazer alguma viagem), o recomendado é se manter isolado por 10 dias. Contando o primeiro dia de isolamento o dia em que o teste positivou”, diz Bruno Ishigami.

 

8) O que eu faço se tiver sintomas, mas não tiver acesso a um teste?

Considerando a alta na procura e a baixa disponibilidade dos testes, o recomendado pelos especialistas é que a pessoa se isole em caso de sintomas gripais.

“Se a pessoa possui sintomas de síndrome gripal e não consegue se testar, eu defendo que ela se mantenha isolada os 10 dias. Epidemiologicamente, tem uma chance muito alta de ser Covid, então manter esse isolamento de 10 dias é o mais seguro”, recomenda Ishigami.

O quadro de síndrome gripal inclui pelo menos dois sintomas entre os seguintes:

  • febre, mesmo que referida – quando a própria pessoa mede e diz ao profissional de saúde, com um valor acima de 37,5ºC
  • calafrios
  • dor de garganta
  • dor de cabeça
  • tosse
  • coriza
  • problemas no paladar ou olfato

 

9) Qual o tempo de isolamento se eu estiver com gripe (Influenza)?

7 dias.

FONTE: https://g1.globo.com/saude/coronavirus/noticia/2022/01/11/isolamento-para-covid-19-entenda-novas-recomendacoes-e-veja-o-que-dizem-especialistas.ghtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=share-bar-mobile&utm_campaign=materias

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