Imposto rosa: Quanto custa ser mulher?

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Texto: Ana Paula Toledo – Jornalista

Produtos destinados a mulheres são até 7% mais caros; em comparação aos produtos masculinos

Já ouviram falar da “Pink Tax” ou, em português, a taxa rosa?  O nome pode até parecer inofensivo, mas a prática torna a vida das mulheres mais cara. Taxa Rosa, é o imposto que se cobra por algum produto ser destinado ao público feminino. “Ah, mas mulheres são muito mais gastonas que os homens”. É verdade. Porém, o motivo para isso é o contrário do que a sociedade, muitas vezes, induz a acreditar: as mulheres pagam mais caro em diversos produtos simplesmente por serem mulheres. 

Em média esses produtos são 7% mais caros em comparação ao público masculino e, quando se trata de taxa rosa, os cosméticos de higiene superam essa porcentagem. A mulher brasileira ganha, em média, 25% a menos do que o homem, segundo dados do IBGE. Mas gasta cerca de 10% a mais para comprar produtos idênticos ou similares. 

Você já foi no mercado, ou em alguma farmácia, e se deparou com produtos que se subdividem em duas categorias: um para mulheres, outro para homens? Geralmente são itens rosa, lilás, vermelho, cores ditas “femininas”, segundo uma pesquisa da ESPM, os produtos rosas são, em média, 12,3% mais caros que os produtos “para homens”. Uma lâmina de barbear por exemplo, custa o dobro do preço de uma rosa para azul. Estranho, pois as duas têm a mesma função e, tirando a cor, são praticamente iguais, certo? Infelizmente, a indústria capitalista não pensa assim.

E POR QUE ISSO OCORRE?

Segundo a Publicitária Ana Laura Oriani, as campanhas influencia, e muito.
Mas ela também reflete os nossos valores. “Mulheres são tidas como as mais consumistas, as que mais gastam com produtos para beleza, as que estão sempre mais atentas com a moda. Resumindo: estereótipo de gênero. E temos caído nele”, pontua Oriani. 

A profissional ainda explica que as cores “masculinas e femininas” no campo do Marketing, é chamada de Marketing de Gênero. “Uma das formas mais simplistas em se dividir o público para um produto ou serviço – o que chamamos de segmentação – é entre homens e mulheres”, finaliza Ana. 

Mas você sabia, que até o fim da segunda guerra mundial (há controvérsias sobre as datas), o rosa era muito associado ao gênero masculino, por representar força e virilidade, enquanto o azul para o gênero feminino, associado à delicadeza. As coisas começaram a se inverter por volta da década de 70, quando também começaram várias separações de brinquedos nas prateleiras das lojas. 

Para a Economista Erika Farias, a explicação para esses valores, não é necessariamente uma conspiração contra as mulheres. E que a maioria dos consumidores(as) não notam essa diferença entre preços, porém ela existe e foi comprovada através de estudos e análises no mundo. “Algumas marcas já se posicionaram a respeito e afirmaram que os produtos possuem diferenças em alguns detalhes. Com isso, o mercado passa a vender mais acessórios direcionados a gêneros específicos’, acrescenta Farias. 

E o que falar dos produtos que não tem versão masculina? Eles conseguem ser ainda mais caro. Absorvente, por exemplo, tem uma tributação de 34,5%, segundo a Associação Comercial de São Paulo. 

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