A greve dos servidores municipais de Bauru chegou nesta quarta (28) ao nono dia, e muita gente que precisa retirar medicamentos nas farmácias do município está enfrentando dificuldades.
Nesta terça-feira, o movimento em uma das farmácias no centro da cidade foi grande durante toda a manhã. As pessoas chegaram a esperar quase três horas para conseguir um medicamento e teve que foi embora sem o remédio.
O motorista Marco Aurélio Pereira cansou de esperar. Ele ficou mais de duas horas na fila pra retirar um medicamento na farmácia municipal, e ainda foi para casa de mãos vazias.
“Eu cheguei 9h30 e peguei a senha 300 e quando peguei ainda estava no 230 e não tenho como esperar, tenho outros compromissos. Tem que se programar para esperar na fila no mínimo três horas, porque não dá para ficar sem remédio também, mas está muito lotado.”
A dona de casa Cristiane Pereira de Souza chegou às 10h30, pegou a senha 330 e a previsão de atendimento era para às 11h30. Depois de duas horas de espera, ainda faltavam mais de 50 números.
“Eu vim buscar o remédio do meu filho, mas preciso levar ele para tratamento na Sorri, então não sei se vou poder esperar. É um reflexo ruim da greve, na escola do meu filho está sem merenda e agora vem aqui e tem toda essa espera.”
Centenas de pessoas passaram a manhã esperando por atendimento na Farmácia Municipal do centro. Muitas tiveram que esperar de pé.
O movimento na farmácia é sempre intenso, mas nos últimos dias a procura têm aumentado por causa da greve dos servidores municipais.
Além desta, apenas a farmácia do Jardim Bela Vista atende a população. A do Geisel está fechada. Segundo levantamento da prefeitura, 978 servidores municipais aderiram à greve.
São 139 só no setor da saúde, por isso o serviço está sendo prejudicado. A técnica de enfermagem Irani Bonfim esperou mais de duas horas. Para ela a espera valeu a pena porque o remédio estava em estoque.
“Estou esperando há mais de uma hora, mas como tem todos os remédios que o médico prescreveu tem na farmácia, então vale a pena esperar.”
A greve
Segundo a prefeitura, dos 6 mil servidores públicos da cidade, 978 paralisaram suas atividades até esta segunda-feira (26), por conta da greve.
Segundo dados divulgados pela prefeitura, as áreas da saúde e especialmente da educação são as principais em termos de adesão. O Executivo admite que dos 978 servidores em greve, 705 são ligados à educação.
Com isso, ainda de acordo com a prefeitura, a Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio (EMEF) “Cônego Aníbal Difrância” e a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) “Maria Helena Picolato Amantini” estão totalmente paralisadas. Algumas escolas estaduais foram também acabaram afetadas porque a merenda é preparada por servidores do município.
Na saúde, segundo a prefeitura, seriam 139 os servidores parados, sendo atingidas as áreas de transporte de pacientes, farmácia (50% do efetivo) e Samu, que está atuando com três viaturas de atendimento básico.
Nesta terça-feira, segundo o balanço parcial, o Centro Pop que é um dos serviços ligados à Secretaria do Bem-Estar Social teve o atendimento suspenso por conta da greve. Na Sebes, a adesão é de 17 funcionários. A coleta de lixo, segundo a prefeitura, não foi afetada.
Os servidores pedem reajuste salarial de 3%. Já a prefeitura enviou uma proposta na última sexta-feira (23) onde oferecia o o reajuste salarial de 2,84%, sendo 1,42% de imediato e 1,42% em setembro, dois meses antes do estipulado pela proposta anterior.
Nessa proposta, que a prefeitura disse ser a final, o executivo também disse que descontaria os dias de greve a partir desta segunda-feira (26). Em assembleia realizada na segunda-feira, os servidores rejeitaram a proposta da prefeitura e mantiveram a paralisação.