Esgotados, restaurantes e bares já pensam em entrar com ação judicial

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Viterbo Neto, Milton Matsuka, Dirceu Christofoli de Souza, Frank Cordeiro, Bitenka Bittencourt e Cledson Branco se reuniram no Fried Fish Vilarejo, na tarde desta quarta, para discutir saídas / Foto: Vinicius Bomfim

Empresários se reuniram nesta quarta e decidiram que irão esperar até amanhã, quando Estado anunciará classificação da região

Proprietários de bares, restaurantes e sorveterias, além de músicos, em Bauru, seguem se articulando em prol da sobrevivência de seus negócios. Esgotados, os empresários deverão esperar até esta sexta-feira (24), quando o governo estadual anunciará em que fase do Plano São Paulo a cidade passará a se encaixar daqui para a frente. Se não houver qualquer flexibilização destes segmentos, eles cogitam a possibilidade de recorrer à Justiça. Os comerciantes chegaram a tal conclusão após se reunirem, na tarde de quarta-feira (22), no Fried Fish Vilarejo.

O dono do Restaurante Tokyo, Milton Matsuka, ressalta que os empresários tentaram de tudo, incluindo conversar com várias autoridades e promover protestos. “Nós já gastamos a nossa gordura e, agora, acumulamos dívidas. Por isso, estamos pesquisando com advogados para ver quais são as possibilidades de recorrermos à Justiça e obtermos êxito”, complementa.

O empresário também reivindica isonomia. “Em Maringá, o prefeito tratou os setores de maneira igualitária. Primeiro, liberou o funcionamento. Quando a curva começou a subir, determinou que todos fechassem aos finais de semana, contando com os supermercados”, exemplifica.

Gerente da Sorveteria Mônica, Viterbo Neto também destaca que os empresários não deixarão de lutar. “Alguns tentam criar outros meios para sobreviver. Na empresa eu onde trabalho, não precisava fazer delivery, mas recorri ao sistema e até comecei a vender tortas”, relata.

Mesmo assim, a mudança só garantiu o pagamento de 10% das contas. “A nossa reivindicação é mal interpretada por parte da população, que acredita que nós visamos o lucro e não pensamos na saúde da coletividade. Muito pelo contrário. Não queremos ficar doentes e, concomitantemente, buscamos a sobrevivência de estabelecimentos tradicionais da cidade. Só a Sorveteria Mônica existe há 32 anos e está na terceira geração de proprietários. O meu vizinho, com quase três décadas de negócio, fechou as portas de vez”, defende.

DIREITO DE TRABALHAR

Proprietário do Dona Pinguetta Bar, Cledson Branco afirma que os empresários pretendem procurar alguma brecha legal para conquistar o direito de trabalhar. “O prefeito chegou a nos prometer que flexibilizaria mesmo durante a fase laranja e não foi o que aconteceu. Para tanto, ele se utilizou do artifício da derrubada da Lei do Comércio, ao alegar que, como réu da ação, deveria seguir o Plano São Paulo à risca”, observa.

O comerciante alega que a categoria foi uma das que mais prezou pelas exigências sanitárias no curto período em que pode atender ao público. “A prefeitura costuma argumentar que ninguém está proibido de abrir. Na minha casa, que é musical, eu não tenho produto para delivery. Preciso manter o local fechado. Assim como eu, vários outros bares apresentam este perfil, sendo que alguns deles já fecharam de vez”, completa.

Branco reforça que o retorno será complicado. “Se houver uma reabertura, o movimento só voltará ao que era antes dentro de seis meses em diante. Quanto mais o prefeito postergar, a nossa recuperação se arrastará por um tempo ainda maior”, destaca.

PREJUÍZO

Já o gerente do Fried Fish Vilarejo, Frank Cordeiro, conta que, após a promessa de flexibilizar mesmo na fase laranja, a casa adquiriu muitos produtos perecíveis, como frutos do mar importados. “Além disso, a nossa despesa fixa, contando com aluguel, luz, água, IPTU, Internet, telefone e alimentação dos animais aqui residentes, gira em torno de R$ 15 mil”, frisa.

‘SEGMENTO INVISÍVEL’

Para se ter ideia, Cordeiro calula que, só nesta semana, três casas tenham fechado de vez. “Até onde eu sei, outros 15 locais já desistiram de voltar a funcionar. Nós somos um segmento invisível, porque ninguém ouve as nossas reivindicações. Ao mesmo tempo, o setor é taxado como causador da doença, afinal, deve cumprir regras mais restritivas do que os demais”, pondera.

De acordo com o gerente do bar, delimitar o expediente não é a saída. “Quanto maior o período em que os estabelecimentos ficarem abertos, menor a probabilidade de haver aglomerações. Logo, o ideal seria voltar ao que era antes, mas limitando para receber 50% da capacidade e seguindo as regras de distanciamento social, higienização etc”, pontua.

O músico Bitenka Bittencourt, por sua vez, afirma que mal consegue se virar com as poucas oportunidades que aparecem. “Eu participei de uma live que me garantiu uma porcentagem. Em outro período, houve uma flexibilização em Botucatu, onde passei a me apresentar. Mesmo assim, as economias já acabaram e acumulo dívidas”, descreve.

Proprietário da Casa de Vidro Karaokê, Dirceu Christofoli de Souza também é contra a imposição de horário. “Os meus clientes começam a chegar a partir das 23h. Quanto à quantidade de pessoas, eu até acho justo controlar, porque também me preocupo com a saúde das mesmas. Portanto, defendo uma quarentena consciente, mas viável para todos os lados”, finaliza.

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