Entrevista Exclusiva – RODRIGO AGOSTINHO: “Crise hídrica de Bauru está na mira do Ibama”

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É o que reforça o atual presidente do órgão, Rodrigo Agostinho, que também atuou como vereador e prefeito de Bauru, além de deputado federal

 

Na época em que Rodrigo Agostinho era vereador, em Bauru-SP, a crise hídrica já tomava conta da cidade. O problema, que perdura até hoje, está na mira do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), presidido por ele desde o ano passado. “Embora a atribuição principal do Ibama seja em matéria federal ambiental, nós temos expertise em trabalhar com temas que são grandes desafios na região de Bauru, como aqueles envolvendo os recursos hídricos”, reforça.

Na entrevista abaixo, Agostinho também fala sobre os desafios que enfrenta desde que assumiu a presidência do órgão federal e como a sua experiência enquanto vereador e prefeito de Bauru, além de deputado federal, tem ajudado o político a solucionar esses problemas. Confira!
Revista Atenção – Desde a época em que era vereador, em Bauru, você se destaca pela atuação junto à causa ambiental. No ano passado, inclusive, assumiu a presidência do Ibama. Quais são os principais desafios que enfrenta à frente do órgão?

Rodrigo Agostinho – O Ibama corresponde à principal instituição ambiental federal executora da Política Nacional do Meio Ambiente, além de estar vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Esse tema é de grande complexidade quando se fala do Brasil. O nosso país possui a maior biodiversidade do mundo – cerca de 20% de todas as espécies vivas. Nós temos, ainda, 17% de toda água doce, incluindo o maior rio do mundo, o Amazonas. Ao mesmo tempo, lideramos o ranking do desmatamento e do número de espécies ameaçadas. A crise climática traz um componente extra e central. Estamos em uma grande crise global que precisará ser enfrentada por todos, cenário onde o Ibama deverá exercer um papel central. O desafio é gigantesco e eu me sinto muito animado com tamanha responsabilidade.

RA – Quais foram/serão as suas principais ações em busca de solucionar esses desafios?

Rodrigo – Nós trabalhamos pelo fortalecimento institucional. Já tivemos 6.300 servidores no passado e, hoje, há somente 2.700 e quase 1.000 deverão se aposentar nos próximos três anos. Cerca de 89 escritórios do Ibama acabaram fechados, incluindo o de Bauru. Recuperamos parte do orçamento, construímos um planejamento estratégico de longo prazo, chamamos o cadastro reserva do último concurso e organizamos um grande concurso. Formamos mais 160 fiscais e renovamos o nosso parque tecnológico e de equipamentos. Ainda no ano passado, retomamos as ações de fiscalização e combate ao desmatamento. Já estamos com reduções significativas no desmatamento da Amazônia (em 60%) e da Mata Atlântica (42%). Focamos, ainda, nos desmatamentos do Cerrado e demais biomas que ainda persistem. Foram centenas de operações em todo o Brasil enfrentando o crime organizado e a destruição da natureza.

RA – Como a experiência que adquiriu em Bauru o tem ajudado a enfrentar esses desafios?

Rodrigo – Bauru é uma cidade média maravilhosa, com grande complexidade e extrema dificuldade de gestão. Não tenho dúvida de que todo o aprendizado que tive em dois mandatos de vereador, dois mandatos de prefeito e um de deputado federal foi decisivo para que eu possa fazer um bom trabalho. Eu tive, em Bauru, experiências de profundo amadurecimento pessoal, já que exercitei, ao extremo, a capacidade de diálogo. Tudo isso me ajuda muito.

RA – Em relação à região de Bauru, quais são os gargalos envolvendo a questão ambiental que podem contar com a contribuição do Ibama?

Rodrigo – Embora a atribuição principal do Ibama seja em matéria federal ambiental, nós temos expertise em trabalhar com temas que são grandes desafios na região de Bauru, como aqueles envolvendo os recursos hídricos. A região abriga o Aquífero Guarani, o Tietê e os seus afluentes, bem como, ao sul, o Paranapanema. Há, ainda, fragmentos importantes de Cerrado e Mata Atlântica, que trazem o desafio de conservar e restaurar áreas degradadas. Também temos problemas envolvendo assentamentos rurais federais, onde o Ibama possui responsabilidades. Além disso, o Ibama licencia obras e empreendimentos em todo o Brasil, como é o caso das linhas de transmissão e linhas de trem que cortam Bauru. Em todos esses assuntos, o Ibama está presente.

RA – O que você planeja até o final do seu mandato junto ao Ibama? Há algo envolvendo a região de Bauru?

Rodrigo – Quero deixar um Ibama forte e capaz de lidar com os desafios do nosso país, combatendo o desmatamento, a mineração ilegal, a extração predatória de madeira, o tráfico de animais, a pesca ilegal, a contaminação dos recursos naturais e a grande crise climática. São temas que envolvem todos nós. Se não cuidarmos da nossa casa, não teremos futuro. Sem florestas, não teremos chuvas e isso significa períodos maiores de secas na nossa região. Sem chuvas, não teremos produção agrícola, tão importante para a segurança alimentar e para a economia regional. Obviamente que Bauru também está nos nossos planos.

RA – Você tem a intenção de continuar na política?

Rodrigo – Claro que sim. O meu coração e a minha família estão em Bauru. Quero continuar representando a minha cidade e a minha região. Como deputado, eu bati recordes de liberação de recursos para os mais diferentes setores, como a educação, a saúde e a assistência social. A região toda ganhou muito com o meu mandato. Além disso, tive a oportunidade de apresentar mais de 1.000 proposições, entre emendas constitucionais e projetos de lei, sendo que muitas já foram aprovadas e sancionadas. Não há dúvida de que ainda posso ajudar muito a nossa região.

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