Perfuração de novos poços, construção de reservatórios e setorização da rede de abastecimento foram apontados pela autarquia
A Câmara Municipal de Bauru promoveu nesta terça-feira (23/3), uma Audiência Pública para apresentação e discussão do cronograma e das ações para regularização da água na região noroeste da cidade.
Participaram os vereadores Mané Losila (MDB), de quem partiu a iniciativa do encontro, Guilherme Berriel (MDB), Chiara Ranieri (DEM), Coronel Meira (PSL) e Junior Rodrigues (PSD).
A audiência contou ainda com a presença, por videoconferência, da presidente do Departamento de Água e Esgoto (DAE), Flávia Souza; do engenheiro da Divisão Produção do DAE Bauru, Julio Carpanezi; da assessora técnica do deputado Rodrigo Agostinho, Carla Gheler Costa; do engenheiro da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Bauru (Assenag), Marcos Alves; do engenheiro florestal da Seção de Recursos Naturais da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (SAGRA), Gabriel Guimarães Motta; da presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), Maria Izabel Merino de Medeiros e do membro do conselho, Ricardo Carrijo; do presidente do Fórum Pró-Batalha, coordenador de Meio Ambiente e Sustentabilidade do CIESP Bauru, membro do Comdema e vice-presidente do Conselho do Município de Bauru (CMB), Klaudio Cóffani Nunes; representando o órgão gestor dos recursos hídricos do Estado, o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado (DAEE), Yoshino Nakasato e Enéas Ripoli, além de representantes da Gestagua Consultoria e Serviços em Perdas de Água e Smart Acqua Solutions.
DAE
No início do encontro, Flávia Souza apresentou as ações que o departamento tem planejado para mitigar os problemas de abastecimento da região noroeste de Bauru.
De acordo com a presidente do DAE, em novembro do ano passado, foi perfurado um poço no Santa Cândida; o reservatório apoiado Alto Paraíso tem previsão de conclusão para o final de abril e terá capacidade de armazenamento de 3,5 milhões de litros de água; os reservatórios apoiado e o elevado da Vila Dutra estão em fase de licitação, com previsão de finalização de obras em 10 meses a partir da ordem de serviço; a perfuração do poço do Alto Paraíso também está em processo licitatório.
Na região do Andorinhas e do Sábias, o DAE fará uma setorização da rede, processo que diminui a pressão do abastecimento para conter vazamentos. Esse processo também está sendo feito no Bela Vista, onde a obra de setorização já está em segunda fase. Flávia pontuou que com 20% das obras concluídas na região, os vazamentos já diminuíram pela metade.
Ainda estão no cronograma do departamento, a reforma de dois poços, o poço do Nova Esperança e o da Consolação. Ambas obras têm previsão de conclusão de um mês após a emissão da ordem de serviço.
A próxima perfuração a ser feita é a da Praça Portugal, que o departamento já apresentou o estudo geológico do local, e a abertura dos envelopes da licitação será no dia 7 de abril. Dois outros poços, por meio de contrapartida, também são esperados, um no Distrito Industrial III e outro no Val de Palmas.
Todas as obras apresentadas pela presidente do DAE têm, no total, um custo estimado de R$ 17 milhões, beneficiando aproximadamente 140 mil pessoas.
Questionamentos
Mané Losila (MDB) indagou a presidente do DAE sobre as medidas que serão tomadas para sanar a falta d’água na região do Jardim Ouro Verde e do Jardim Solange, que hoje são abastecidas pelo Rio Batalha. Flávia explicou que a região é abastecida dessa forma porque é diferente do restante da cidade, em relação à espessura do aquífero, onde a água é captada, apresentando baixa vazão.
Coronel Meira (PSL) questionou a presidente do DAE sobre o fechamento de poços particulares em benefício dos públicos, visto que, em alguns casos, a autarquia não pode perfurar novos poços em decorrência das normas que fixam uma distância mínima entre dois dispositivos de captação.
A presidente explicou que antigamente a região noroeste era constituída por chácaras e a maioria dos poços particulares ali localizados não utilizava a reserva de água do Aquífero Guarani. Além disso, existe uma legislação onde o DAE não pode autuar ou fechar poços.
Nesse sentido, Losila levantou a possibilidade de que a autarquia estabeleça acordo com os proprietários de poços particulares das regiões onde falta água. Flávia explicou que a vazão destes poços é pequena e que como eles utilizam água do Aquífero Bauru, o DAE precisaria primeiro tratar a água antes de distribuí-la. A presidente pontuou que tal alternativa, feita em período de urgência, apresenta alto risco de contaminação.
Meira ainda questionou a presidente da autarquia sobre os hidrômetros do município que apresentam defeito, onerando o poder público. Flávia informou que o DAE tem um processo parado desde 2017 que aponta a perda financeira em decorrência da existência de hidrômetros fora do prazo de validade, e que a autarquia tem interesse na correção desta questão, já que a troca dos hidrômetros diminuiria em 15% a perda do departamento.
Guilherme Berriel (MDB) questionou Flávia se o poço do Alto Paraíso seria construído ao lado do reservatório da região, o que a presidente confirmou. Os demais poços não serão construídos nos mesmos terrenos dos reservatórios porque o espaço não comportaria os dois dispositivos.
O parlamentar revelou estar preocupado com os parâmetros apresentados pelo DAE para a vazão do poço que será instalado na Praça Portugal.
Berriel questionou ainda se o DAE tem um estudo geológico da região do Alto Paraíso. Flávia informou que a autarquia tem um estudo e que a perfuração do poço na região será um teste para que as dúvidas sobre a possibilidade de abastecimento da região sejam sanadas.
Participação Popular
Eulidio, morador da Vila Giunta, perguntou se a presidente do DAE acredita que as ações desenvolvidas pelo departamento consigam minimizar a crise hídrica histórica que o município passa todo ano. Flávia disse que não é possível prever como o período de estiagem será, que a autarquia está tentando, mas que não será possível sanar toda a escassez de água em 2021, sendo, portanto, um trabalho de médio e longo prazo.
O munícipe questionou o departamento sobre a possibilidade de interligar a rede de poços para que um dispositivo supra a demanda de outro. Flávia disse que antes de uma possível ligação, o departamento precisa de um levantamento da rede municipal de abastecimento.
Encaminhamentos
Mané Losila frisou que a iniciativa da reunião partiu de uma preocupação de que o município enfrente a mesma crise hídrica de 2020. O parlamentar pediu para que o departamento faça um levantamento dos poços particulares presentes na região noroeste de Bauru e encaminhe o relatório ao seu gabinete.
O vereador ainda pediu que a autarquia trace um plano de ações para o período de estiagem, que minimize o sofrimento da população com a falta d’água, já que não acredita que as ações imediatas planejadas pelo DAE surtam efeito ainda em 2021.