Até o final da primeira metade deste século, Bauru passará por uma significativa mudança no padrão etário de sua população. De acordo com as projeções elaboradas pela Fundação Seade, em meados de 2050, o número de idosos acima de 75 anos praticamente irá se igualar à quantidade de crianças e adolescentes com até 14 anos.
Para se ter ideia da dimensão desta transformação, hoje, para cada morador com mais de 75 anos existem quatro com até 14 anos – são 62.316 crianças e adolescentes e apenas 16.502 idosos ‘setentões’. Já em 2050, a tendência é de que haja 98 pessoas acima de 75 anos para cada 100 crianças e jovens – ou 41.745 idosos nesta faixa de idade e 42.566 habitantes até 14 anos.
Dentro das próximas três décadas, a estimativa é de queda, de maneira menos ou mais intensa, dos quantitativos populacionais em todas as faixas etárias entre 0 e 49 anos. Por outro lado, para os grupos a partir dos 50 anos, a tendência é de aumento da representatividade no total da população.
O processo de envelhecimento da população de Bauru – que vem provocando a inversão da pirâmide etária, assim como já ocorreu em países desenvolvidos, como os da Europa – acompanha uma tendência nacional. Segundo o professor de geografia Marcio Martins, é um fenômeno que resulta de alguns fatores, entre eles a redução da taxa de mortalidade, com consequente aumento da expectativa de vida da população, e a diminuição do números filhos por mulher, a chamada taxa de fecundidade.
URBANIZAÇÃO
Martins explica que esta transformação tem relação direta com o êxodo rural, ocorrido na segunda metade do século passado. Na década de 1970, o número de famílias vivendo nas cidades já era maior do que as que ainda continuavam na zona rural.
“No campo, os filhos representavam mão de obra, ou seja, estavam ativos na economia daquela área. Na cidade, não havia como eles trabalharem nas indústrias. Com isso, as famílias começam a ter menos filhos”, explica.
Ainda de acordo com o professor, também foram fundamentais neste processo a chegada da pílula anticoncepcional e o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, já que as famílias, além de terem número menor de filhos, também passaram a tê-los mais tardiamente. Com isso, a partir dos anos 1990, a base da pirâmide etária começou a estreitar, em razão da redução da população mais jovem.
Além disso, a urbanização garantiu às gerações que foram surgindo mais qualidade de vida, como maior acesso a saneamento básico, condições mais seguras de trabalho e atendimento de saúde mais facilitado, o que proporcionou o aumento gradativo da expectativa de vida.
“Tudo isso provocou mudanças muito profundas na forma de ser das pessoas. Elas saem da casa dos pais mais tarde, têm o primeiro emprego mais tarde, têm filhos mais tarde. E, quando se aposentam, podem continuar realizando sonhos, o que afeta diretamente a economia. Hoje, a gama de produtos e serviços para o público idoso é imensa”, completa.
Encolhimento
As projeções da Fundação Seade revelam que, por volta de 2035, a população de Bauru vai parar de crescer e iniciar um movimento de encolhimento. A expectativa é de que o pico populacional seja algo próximo a 374 mil habitantes, a ser alcançado dentro dos próximos 15 anos.
Atualmente, de acordo com estimativa do Seade, o município conta com 365.523 habitantes, total que já terá sido reduzido em 2050, quando o contingente populacional esperado é de 357.488 moradores.