Em 10 anos, Bauru ganha 88 mil veículos

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Movimento na Rodrigues Alves, no dia 30 / Crédito: Aceituno Jr

Frota salta de 203 mil em 2010 para 291.559 em 2020; acréscimo deixa trânsito mais lento, mas acidentes têm menor gravidade

Nesta última década, o trânsito de Bauru foi impactado com cerca de 88 mil veículos a mais. Segundo o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), a frota do município passou de 203.651 no final de 2010 para 291.559 atualmente. E a estimativa é de crescer ainda mais em janeiro, mês de férias, quando a cidade costuma receber acréscimo de carros rodando pelo perímetro urbano, vindos da região a passeio, segundo a Emdurb.

Destes 291,5 mil, 231.470 são carros e 60.089 motocicletas. Atualmente, a cidade possui um veículo para cada 1,3 habitante, considerando a estimativa populacional que hoje é de 379.297 pessoas vivendo em Bauru, de acordo com o IBGE. Mesma média de 2019, anterior à pandemia.

Este número, inclusive, cresce desproporcionalmente em relação ao sistema viário, que não expandiu em diversas regiões, situação que gera uma equação difícil de ser solucionada pelo poder público. Mais um desafio a ser resolvido pela atual gestão. A intervenção mais recente executada para dar fluidez ao trânsito da cidade foi o novo desenho viário no entorno da rotatória da Praça Primaz Chujiro Otake (Praça do Relógio) e início da avenida Castelo Branco, região da Vila Falcão. Motoristas ainda se dividem entre os que aprovaram ou não a alteração.

DESATENÇÃO

Segundo Nelson Augusto Neto, gerente de estatísticas e geoprocessamento de acidentes da Emdurb, o aumento da frota resulta em morosidade no trânsito, mas também diminui a gravidade dos acidentes no perímetro urbano. “Há muitas colisões traseiras envolvendo mais de dois veículos, por desatenção. Como os motoristas são obrigados a trafegar em baixa velocidade, cai a probabilidade de acidentes com vítimas graves. Anualmente, crescem os danos em veículos, mas diminui os ferimentos nas pessoas”, comenta. Nelson revela ainda que o trecho campeão de acidentes em Bauru é o cruzamento das avenidas Nuno de Assis com a Nações Unidas. O motivo não é só a quantidade de veículos, como também o número de direções ali existentes.

TRÁFEGO INTENSO

De acordo com o engenheiro e gerente de planejamento em sinalizações da Emdurb, Aníbal dos Santos Ramalho, Bauru está com o trânsito saturado, mas só nos horários de pico, quando o tráfego fica intenso nas principais avenidas. Segundo ele, os períodos mais carregados são das 7h às 8h, com o adicional das 6h às 7h em dias de aula, e das 18h às 19h. “Nos demais horários, o trânsito flui bem”, afirma.

Aníbal explica que as vias mais carregadas são Duque de Caxias, Comendador José da Silva Martha, Nações Unidas, XV de Novembro, Cussy Junior, Presidente Kennedy, Antônio Alves, Gustavo Maciel e Araújo Leite. Ele recomenda aos motoristas buscarem trajetos alternativos em horários de pico. Sobre a Rodrigues Alves, afirma que já é comum motoristas usarem “rotas de fuga” da avenida para driblarem o trânsito de coletivos e a demora dos semáforos. No local, diferentemente de outras vias, a passagem de pedestre também é disciplinada pelo equipamento. Após a intervenção na Praça do Relógio, a Emdurb estuda novas ações. A mais próxima de ocorrer, com grande impacto, será a conclusão e liberação das marginais da rodovia Marechal Rondon, que exigirá ação conjunta da Emdurb e da concessionária ViaRondon. Aníbal acrescenta que a expectativa desta obra é desafogar não só a pista, como também reduzir acidentes.

‘Vias estão saturadas’

Nelson Augusto: muitas colisões com mais de dois veículos / Fonte: Quioshi Goto/JC Imagens

O especialista Archimedes Azevedo Raia Jr., doutor em engenharia de trânsito e transporte, afirma que as vias da cidade estão saturadas e que Bauru não se preparou para a frota atual. A principal solução para dar vazão ao fluxo de veículos, na opinião dele, é o investimento em transportes coletivos. Como Bauru cresceu sem planejamento e sem investir em viadutos, ele afirma que o problema vai se resolver se a cidade caminhar em direção ao que é feito há décadas no Exterior: aplicação de verbas em rotas, estruturas e conforto nos transportes de massa.

“Nossas vias são limitadas, falhas e deficientes. Sem capacidade de novas interligações. Alternativa seria um anel viário para interligar os extremos sem precisar acessar as regiões centrais. As marginais da Rondon serão soluções para quem está em viagem, mas não vejo com otimismo uma melhora para quem transita no município. Porque as marginais terão restrições em entradas e saídas, não podendo ter velocidade desenvolvida como em uma via expressa”, comenta.

Exemplos de trajetos que dão fluidez ao trânsito, segundo Archimedes, são Nações Norte e a Moussa Tobias. Ele acrescenta ainda a urgência de uma intervenção viária no entorno da Praça Portugal, no Altos da Cidade, devido à falta de conexões existente ali.

Fonte: https://www.jcnet.com.br/noticias/geral/2020/12/745591-em-10-anos–bauru-ganha-88-mil-veiculos.html#.X_GsLN5E9p0.whatsapp

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