Doença de Parkinson

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“Bom dia Doutor, minha mãe está com uma tremedeira pelo corpo que não passa…
Estamos com medo que seja Mal de Parkinson”

Dr. Lauro de Franco Seda Jr. é Neurocirurgião Especialista em Dor e Distúrbios do Movimento CRM-SP: 89.407
Dr. Lauro de Franco Seda Jr.
é Neurocirurgião Especialista em Dor e Distúrbios do
Movimento
CRM-SP: 89.407

Esta é sem dúvida, uma das situações cotidianas mais frequentes que permeiam os consultórios de Neurologia pelo país. Contudo o tremor, ao contrário do que se pensa, nem sempre aponta para o diagnóstico de Doença de Parkinson (DP). Além disso, existem casos da doença em que o tremor pode não estar presente, ou se estiver, o faz de maneira bem discreta em relação aos outros sintomas.
A doença foi descrita em 1817 por James Parkinson, um médico inglês que publicou pela primeira vez um relato conciso e bem detalhado de seis pacientes que sofriam do Mal que mais tarde receberia seu nome.
O Parkinson é uma doença da era pós-industrial, sendo raros os relatos antes deste período. Sua distribuição geográfica é ubíqua, não respeitando clima, raça, classe social ou até mesmo sexo. Embora, estudos epidemiológicos indiquem uma frequência maior no sexo masculino.
Dados da OMS mostram que a DP é o distúrbio de movimento mais encontrado entre os idosos, acometendo aproximadamente 1% da população mundial com mais de 55 anos.
O início do quadro clínico ocorre comumente entre os 50 e 70 anos de idade. Entretanto, existem pacientes com início da doença mais precoce, antes dos 40 anos (Doença de Parkinson do Adulto Jovem), e até mesmo abaixo dos 21 anos (Doença de Parkinson Juvenil).

Figura 1 - Comparação entre a Substância Negra do Mesencéfalo em condições normais e com degeneração neuronal
Figura 1 – Comparação entre a Substância Negra do Mesencéfalo em condições normais e com degeneração neuronal

A causa básica da doença consiste na perda progressiva de neurônios da porção compacta da Substância Negra do Mesencéfalo (Figura 1). Estes neurônios em condições normais são responsáveis pela produção e armazenamento da Dopamina, neurotransmissor que dentre outras funções, age sobre uma complexa rede neuronal (Circuito Nigro-Estriado) localizada em uma região conhecida como Núcleos da Base, regulando a execução dos movimentos produzidos a partir do córtex cerebral (Figura 2).
Assim na DP, os níveis muito reduzidos da Dopamina irão causar uma disfunção neste circuito, que deixa de controlar os impulsos de movimento produzidos pelo cérebro, impedindo sua execução de forma precisa e harmônica, resultando nas manifestações clínicas típicas da doença.
A origem precisa da DP, ainda hoje não está bem definida. Mas, existem vários fatores que

Figura 2 - Circuito Cerebral do Parkinson Os sinais que controlam os movimentos do corpo são transmitidos por neurônios que se projetam da substância negra até o núcleo caudado
Figura 2 – Circuito Cerebral do Parkinson
Os sinais que controlam os movimentos do corpo são transmitidos por neurônios que se projetam da substância negra até o núcleo caudado

predispõem ou aumentam o risco de surgimento da doença, dentre eles se destacam os fatores ambientais como vida rural, hábito de beber água de poço, trabalho na agricultura, exposição à química industrial, herbicidas, pesticidas e fatores genéticos.
Os sinais e sintomas principais (“cardinais”) incluem o tremor de repouso, a lentidão ou pobreza de movimento (bradicinesia ou acinesia), a rigidez e a instabilidade postural. Outros sinais como alterações da fala, do humor, do sono, aumento da sudorese, da salivação e disfagia também podem estar presentes.
O diagnóstico da doença é estabelecido quando dois ou mais sinais cardinais estão presentes, acrescidos da assimetria dos sintomas e da resposta inicial positiva ao tratamento com a levodopa.
Assim, todos os casos suspeitos deverão procurar um médico especialista para confirmar o diagnóstico, afastar a possibilidade de outras doenças e iniciar precocemente o tratamento visando o melhor controle das manifestações e da progressão da doença.

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