Por Cinthia Milanez – Jornal da Cidade
Muitos julgam prazeroso ouvir a música preferida mais alto do que de costume. Porém, ultrapassar o limite aceitável, de até 85 decibéis (o mesmo barulho do trânsito), pode desencadear lesões auditivas irreversíveis. Preocupadas com a questão, principalmente quando se fala do fone de ouvido, instituições como a Sorri e a FOB/USP reforçam o alerta. Nessa quarta-feira (24), inclusive, foi celebrado o Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído.
Coordenadora de Audiologia da Sorri, a fonoaudióloga Alessandra Antônia Vinokurovas Bezerra de Menezes explica que uma das maiores preocupações dos profissionais da área, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), diz respeito ao uso dos fones de ouvido.
De acordo com ela, tais dispositivos provocam a chamada fadiga auditiva. “Quando você utiliza o fone por determinado tempo, acaba se acostumando com o volume e, consequentemente, o considera baixo. O próximo passo é aumentá-lo e, se o fizer acima dos 85 decibéis, pode causar uma lesão irreversível”, adverte.
Ainda segundo a fonoaudióloga, o recomendado é evitar o uso excessivo destes equipamentos, além de manter certa distância de caixas de som (veja ilustração no final). “Existem fones que cobrem toda a orelha, fato que dificulta a manifestação da fadiga, desde que o volume seja mantido em até 50% da capacidade máxima”, acrescenta.
Com o propósito de conscientizar a população, a Sorri desenvolve um trabalho preventivo no decorrer do ano. Entre as atividades, destacam-se a exibição de vídeos educativos e o Novembro Laranja, período dedicado exclusivamente à audição.
OUTRAS AÇÕES
Malavolta Jr. |
Professora da FOB/USP, Andréa Cintra Lopes diz que as pessoas vivem em meio a uma cultura de intensidade sonora mais forte |
Já a livre-docente do Departamento de Fonoaudiologia da FOB/USP, Andréa Cintra Lopes, afirma que a instituição adere, anualmente, à Inad, campanha nacional em prol da data, ao divulgar o material informativo disponibilizado pela iniciativa. Desta vez, o mote é “Sua audição merece atenção, cuide dela com o coração”.
De acordo com Andréa, a FOB/USP também tem uma parceria com o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), na qual ambos os órgãos visitam várias empresas do município e dão dicas de prevenção.
Para a livre-docente, as pessoas vivem em meio à cultura da intensidade sonora mais forte. Tanto que a OMS desenvolveu uma campanha junto aos fabricantes de celular. Nela, ficou estabelecido que todo e qualquer aparelho tem de avisar quando o usuário ultrapassar o limite aceitável.
Ainda segundo Andréa, o problema envolve dispositivos que tocam música, como celular, rádio, caixa de som e televisão. “As canções trazem boas lembranças e prazer ao ouvinte, que opta por curti-las em um volume maior”, alerta.No entanto, é preciso evitar excessos, que podem provocar diversos efeitos no corpo humano, como zumbido, insônia, dilatação da pupila, dor de cabeça, contração de vasos sanguíneos, aumento do ritmo do batimento cardíaco, entre outras.
PERDAS AUDITIVAS A Sociedade Brasileira de Otologia (SBO) estima que 30% a 35% das perdas de audição são consequência da exposição aos ruídos comuns do dia a dia. A fonoaudióloga Lilian Herrera Bueno vai além. “Cresceu 20% o número de jovens menores de 20 anos, no Brasil, que já foram atendidos por algum serviço de audiologia. Creio que os ruídos modernos, como o uso indevido do fone de ouvido, têm provocado tal condição”, constata. A solução, para a especialista, está na educação. “É preciso diminuir a intensidade do som e a constância em que se usa os fones de ouvido. Os pais devem se atentar”, conclui a fonoaudióloga. |
Fonte: https://m.jcnet.com.br/Geral/2019/04/diminua-som-no-fone-e-preserve-audicao.html?utm_source=Whatsapp&utm_medium=referral&utm_campaign=Share-Whatsapp