CPFL quer derrubar 174 árvores nos Altos para diminuir apagões

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Fios Entre os Galhos de Árvores Araujo Leite ao lado do Bosque

A CPFL Paulista propôs à Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), na última quarta-feira (15), a supressão de 174 árvores na região dos Altos da Cidade, em Bauru. A empresa afirma que o motivo da medida é evitar os apagões daquela região e promete doar as mudas para a compensação. A pasta ficou de apresentar o projeto ao Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), mas adianta que precisa fazer um diagnóstico do impacto ambiental nesta área.

O titular da Semma, Sidnei Rodrigues, explica que, hoje, o contato de determinadas espécies com a chamada rede primária de distribuição é o maior responsável pela queda brusca de energia. “Se a árvore tocar naqueles três fios de alta tensão, é capaz de deixar um bairro inteiro no escuro”, acrescenta.

Ainda segundo o secretário, a CPFL Paulista escolheu os Altos da Cidade para fazer o seu levantamento inicial, porque esta é a região com maior incidência de apagões. “Como a empresa não sabia se aprovaríamos o seu Plano de Manejo e Arborização Urbana, estudou apenas este bairro da cidade”, justifica.

Além do corte das árvores, a companhia ficaria responsável pelo fornecimento das mudas, para compensar o impacto ambiental, mas o município teria de plantá-las. Agora, a Semma ficou de apresentar o projeto ao Comdema, provavelmente, até o final deste mês.

PLANO DE MANEJO

Como a cidade não possui o próprio Plano de Manejo e Arborização Urbana, Sidnei diz que é impossível mensurar o prejuízo ao meio ambiente, porém, garante que o impacto da supressão destas árvores seria muito grande. “Por mais que a CPFL forneça as mudas, demoram certo tempo para crescer”.

Em vista disso, o secretário já trabalha no Plano de Manejo e Arborização Urbana, que deverá passar pelo Comdema. O órgão, por sua vez, decidirá se vai liberar ou não recursos para contratar o georreferenciamento em todo o município. “Só depois desta pesquisa é que podemos afirmar se compensa realizar o corte das espécies apontadas pela companhia”, reforça.

Quanto à possibilidade de realizar podas, em vez da supressão definitiva, o titular da Semma alega ter questionado a CPFL sobre o assunto. Contudo, de acordo com ele, a companhia frisou que a prática é inviável, porque as folhas crescem muito rápido.

OUTRO LADO

Em nota, a assessoria de comunicação da CPFL Paulista afirma que a poda é executada para livrar a fiação elétrica dos galhos, minimizando interferências, desligamentos e risco de acidentes – afinal, a árvore é condutora de energia em potencial.

Contudo, muitas destas espécies têm porte inadequado, fato que causa impactos na rede elétrica aérea e em outros cabos, como o de telefonia, TV e Internet. Além disso, ainda segundo a empresa, as árvores elencadas estão “doentes” e, portanto, correm risco de queda.

De acordo com a companhia, o impacto da supressão, além de pontual, é praticamente nulo, uma vez que elimina todos os riscos citados acima e, para cada árvore cortada, é realizado o plantio de outras duas – fica a critério da prefeitura elencar os locais ideais para tanto.

Questionada sobre o tempo da compensação ambiental, a CPFL Paulista informa que o projeto “Arborização Segura” é desenvolvido em parceria com as prefeituras e funciona a longo prazo.

Para minimizar o impacto, a ideia é atuar conjuntamente, município e CPFL, para remover as árvores inadequadas e “doentes”, bem como plantar as mudas novas, com tamanho de, no mínimo, 1,8 metro, porte adequado para cada local de plantio.

100 desligamentos somente em 2017

Segundo a assessoria de comunicação da CPFL Paulista, os Altos da Cidade foi selecionado por ser considerado o bairro mais crítico, em casos de cortes da rede elétrica em contato com a vegetação. Para se ter uma ideia, só em 2017, Bauru teve 100 desligamentos neste sentido.

Conforme informações da companhia, outros municípios aderiram à supressão de árvores e ao Plano de Manejo e Arborização Urbana da empresa: Itatiba, Hortolândia, Ourinhos, Timburi, Amparo, Jaguariúna e Itapetininga, no Estado de São Paulo, além de Barra do Jacaré, no Paraná, e Antônio Prado, Serafina Correa, Feliz, Iraí, Santa Rosa, Passo Fundo, Três Passos, Veranópolis, Uruguaiana, Santiago, Gramado e Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul.

Cada cidade tem as suas peculiaridades, tanto no que tange à legislação quanto ao acordo firmado, porém, segundo a CPFL, até o momento, foram registrados impactos positivos.

Fonte: https://www.jcnet.com.br/Geral/2018/08/cpfl-quer-derrubar-174-arvores-nos-altos-para-diminuir-apagoes.html

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