Com quase 6 meses, quarentena só terminará com vacina, diz Gazzetta

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Bauru está prestes a completar seis meses de quarentena, ainda longe de vislumbrar quando o período de restrições terá fim. Uma parcela da população, inclusive, já abandonou os cuidados que ajudariam a evitar a propagação do novo coronavírus e, depois deste “feriadão”, a prefeitura demonstra preocupação diante do risco de nova elevação de casos e óbitos no município.

Para fazer um balanço sobre estes primeiros seis meses, que serão completados em 20 de setembro, e projetar o que está por vir em meio à pandemia da Covid-19, o JC conversou com o prefeito Clodoaldo Gazzetta, que crava: “a quarentena só vai acabar quando houver vacina”.

Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista.

JC – Até quando a quarentena deve seguir em Bauru? Sem vacina, deve continuar em 2021?

Gazzetta – A quarentena só vai acabar quando houver vacina e a perspectiva é de que ela só esteja disponível em meados de julho de 2021. Acredito que todas as pessoas terão de ser vacinadas, inclusive aquelas que já contraíram o vírus, para um processo de imunização mais eficiente. Até lá, teremos avanços e retrocessos na flexibilização das atividades, como ocorreu em vários países. Ainda estamos em uma estabilização dentro da primeira onda, mas ainda em um patamar alto de contaminados e óbitos, não só em Bauru. Não dá para pensar em outra possibilidade que não manter a quarentena.

JC – Temos visto uma grande dificuldade das pessoas em manter o isolamento social. E as autoridades sanitárias consideram absurdo, em termos epidemiológicos, que o enfrentamento à pandemia se resuma, na prática, a aguardar que seja alcançada a imunidade de rebanho, quando a maioria da população tiver sido contaminada. O senhor acredita que será assim em Bauru?

Gazzetta – Acredito. No Brasil, primeiramente, as pessoas tiveram dificuldade em entender que estávamos em uma pandemia. Em segundo lugar, houve uma dificuldade de diálogo entre os governos federal, estadual e os municípios. Nos primeiros quatro meses, havia muita desinformação. Depois, com o Plano São Paulo, houve uma certa uniformidade das ações. E, agora, neste momento, as pessoas têm dificuldade em entender que precisam se resguardar. Por isso, o processo de quarentena vai se estender.

JC – Este último “feriadão” foi marcado por intensa aglomeração em todo o País, incluindo Bauru. Poderemos ter um impacto deste fenômeno nos próximos 15 dias? É algo que preocupa, já que a taxa de ocupação na UTI do HE continua alta?

Gazzetta – Foi algo bastante atípico, muita aglomeração, mesmo com as fiscalizações, e muitas pessoas sem máscara. A tendência é que o número de contaminados e óbitos suba em todo o País, inclusive em Bauru. E, se subir, deveremos regredir de fase de novo, o que é muito ruim. Ainda deveremos oscilar entre a fase amarela e outras fases mais restritivas, se as pessoas continuarem se comportando dessa forma. É importante que elas continuem se protegendo, usando máscara, mantendo o distanciamento e saindo de casa só em caso de necessidade. Ainda somos a terceira cidade entre 300 mil e 500 mil habitantes que menos perdeu vidas no Estado de São Paulo, mas, se a população abusar, não tem jeito.

JC – A Prefeitura de São Paulo acredita que a Capital deverá avançar à fase verde na segunda quinzena de setembro, inclusive com reabertura dos cinemas. É possível projetar quando isso poderá ocorrer em Bauru?

Gazzetta – Em tese, poderíamos reabrir os cinemas já nesta quinzena, mesmo sem estar na fase verde, visto que atravessamos os últimos 28 dias na fase amarela. Mas, em Bauru, vamos aguardar mais estas próximas duas semanas para reavaliar a possibilidade de retomada de eventos culturais. E acho pouco provável que a Capital ou qualquer outra cidade do Estado possa avançar para a fase verde, porque o patamar de estabilização de casos ainda é alto.

JC – E como está a análise para a retomada das aulas presenciais, de maneira gradual, em outubro?

Gazzetta – Eu vou acatar o que for decidido pelo Comitê de Saúde. Mesmo com restrições, voltar às aulas neste momento seria transmitir às pessoas uma noção de que tudo voltou ao normal. Todos os países que retomaram as atividades escolares tiveram que retroceder, porque o número de infectados foi gigantesco. Não vamos cometer esse erro aqui. As aulas presenciais no ensino infantil, fundamental e médio, da forma tradicional, dificilmente serão retomadas antes da vacina. O ensino fundamental e médio ainda poderão ser repensados. O que tentaremos, inicialmente, é flexibilizar para algumas atividades, como aulas de reforço, mas isso apenas mais para frente.

JC – A pandemia de Covid-19 no País foi marcada pelo conflito entre saúde e política e o senhor, por vezes, também foi alvo de críticas neste sentido. Como pretende lidar com este componente, especialmente neste momento, em que estamos na iminência de uma nova eleição?

Gazzetta – Todas as decisões que tomei não tiveram componente político. Foram pautadas por aquilo que o Comitê de Saúde indicava ser possível e que era referendado pelo Conselho de Crise. As críticas são normais em qualquer sistema público de qualquer lugar do mundo. Setores econômicos passaram por uma dificuldade gigantesca e, na prefeitura, não foi diferente. Tivemos uma redução de R$ 108 milhões em arrecadação, sendo mais de R$ 40 milhões em desonerações, entendendo o momento de dificuldade enfrentado pela população. Entendo as críticas que sofri, entendo quem fez a crítica, mas não me arrependo de nenhuma decisão tomada. A História vai mostrar, melhor do que eu, aqueles que fizeram populismo e aqueles que agiram com responsabilidade.

Fonte:https://www.jcnet.com.br/noticias/geral/2020/09/734912-com-quase-6-meses–quarentena-so-terminara-com-vacina–diz-gazzetta.html#.X1ixSps95aU.whatsapp

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