Caminhões-pipa 24 horas e água nas escolas tentam minimizar crise hídrica

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Na tentativa de reduzir os efeitos da crise hídrica que castiga Bauru, o prefeito Clodoaldo Gazzetta informou que a cidade terá, a partir desta quarta-feira (7), caminhões-pipa 24 horas por dia. Já nesta quinta (8), começa a distribuição de água em escolas municipais e em alguns outros pontos do município. O conjunto de medidas, que inclui também contratações e obras emergenciais, foi anunciado nesta terça (6), após muitas cobranças da população e da Câmara Municipal (leia mais abaixo).

Responsável pelo fornecimento de água para 38% da população de Bauru, cerca de 140 mil habitantes, o Rio Batalha atingia, na tarde de ontem, a marca de 1,39 metro em sua lagoa de captação, sendo que o nível ideal é de 3,20 metros. Funcionários, inclusive, realizavam a limpeza da vegetação aquática na tentativa de melhorar a captação.

Em razão da escassez, há pelo menos quatro dias, a cidade já vive uma espécie de racionamento não oficial em alguns bairros, já que o sistema de rodízio não tem sido satisfatório em regiões mais altas.

MAIS PIPAS

A frota atual do DAE é de sete caminhões-pipa e o atendimento diário tem variado de 80 a 100 pedidos, com espera de até quatro dias. Para se ter uma ideia do tamanho da demanda, ontem, o dia começou com 400 solicitações em aberto na autarquia.

Com foco na redução do problema, a partir de hoje, o turno de atendimento dos caminhões-pipa do DAE, que funcionava das 7h até a meia-noite, será estendido para 24 horas por dia, após determinação de Gazzetta. Funcionários da prefeitura ajudarão no serviço.

“As demandas represadas no 0800 e das regiões mais afetadas serão priorizadas. Sabemos que é algo que não vai resolver, mas ajudará neste momento”, afirma o prefeito.

À luz do decreto de calamidade pública já existente em Bauru, em razão da pandemia, Gazzetta explica que também contratará emergencialmente, com dispensa de licitação, mais caminhões-pipa. O presidente do DAE, Eliseu Areco, se reúne, hoje, para negociar o aluguel de dois veículos, de 20 mil e 30 mil litros.

Areco e Gazzetta reclamam que há dificuldades em encontrar empresas aptas ao serviço e com valores não acima da média do mercado.

Ainda nesta quarta, o DAE deve acertar termo de cessão de uso junto ao Corpo de Bombeiros para o empréstimo de outro caminhão-pipa, de 15 mil litros. “Conversamos também com o Exército em Lins e eles estão estudando a possibilidade de ajudar”, acrescenta o prefeito.

ESCOLAS

Gazzetta também promete que, nesta quarta-feira, a prefeitura emitirá uma lista de escolas municipais que abrirão para fornecer água para a população. “A ideia é atender as famílias dos bairros que mais precisam”, reforça.

O prefeito comenta ainda ter acertado junto ao Recinto Mello Moraes a instalação de torneiras externas para atender a população. O local conta com poço artesiano. Equipes do DAE irão até lá, ainda hoje, para executar o serviço.

“Faço aqui um apelo às empresas que possuem poços artesianos para que também nos ajudem a abastecer os que precisam”, frisa Gazzetta.

OBRAS

Outra medida anunciada é uma força-tarefa com seis empresas prestadoras de serviços para a prefeitura. A ideia é que elas ajudem a acelerar a conclusão do Poço Santa Cândida, que deve beneficiar cerca de 30 mil moradores, além de realizar obra de interligação do poço do Jardim Imperial com uma adutora próxima à Estação de Tratamento de Água (ETA), podendo atender até 10 mil pessoas.

“Liguei para os empresários, pedi ajuda e todos se prontificaram. São obras importantes para auxiliar no abastecimento”, destaca Gazzetta. “Acredito que, até a semana que vem, entregamos tudo”, finaliza.

 

Ações emergenciais são cobradas por vereadores

Além das várias reclamações oriundas da população, a prefeitura e o DAE têm recebido pressão por parte da Câmara Municipal para medidas mais efetivas contra o desabastecimento de água.

Em reunião extraordinária da Comissão de Obras nesta terça, o presidente do DAE, Eliseu Areco, foi cobrado sobre ações emergenciais. Aos vereadores, ele disse que a autarquia necessitaria de um novo decreto de estado de calamidade pública para desburocratizar a contratação de caminhões-pipa, que estão com preço acima do mercado. Ao final do encontro, inclusive, o presidente da Comissão de Obras e Serviços Públicos da Câmara, Mané Losila (MDB), foi até o Palácio das Cerejeiras para solicitar a ação por parte do prefeito.

No fim do dia, contudo, Gazzetta esclareceu ao JC que não havia necessidade de outro decreto e anunciou o conjunto de medidas. “Água é um bem essencial para a saúde pública. O ‘guarda-chuva’ maior é o estado de calamidade que a cidade já atravessa em razão da pandemia”, disse o prefeito.

Participaram também da reunião na Câmara os vereadores Coronel Meira (PSL), Telma Gobbi (PP), Chiara Ranieri (DEM) e o presidente da Câmara, José Roberto Segalla (DEM).

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