Serão liberadas neste sábado (11) as consultas ao cadastro positivo, um sistema que considera o pagamento de contas em dia e dá nota ao consumidor, dizendo se é um bom pagador ou não. É o contrário do cadastro negativo, mais conhecido. Com esses dados, segundo o governo, empresas e bancos podem oferecer crédito com juros mais baixos porque terão menos risco.
Veja abaixo como vai funcionar o cadastro positivo para decidir se vale a pena ou não entrar no sistema.
Bancos estão avisando os clientes São quatro as empresas autorizadas a receber e repassar as informações do cadastro positivo: Serasa Experian, SCP Brasil, Boa Vista ou Quod. São chamadas de birôs de crédito. Os dados foram enviados por bancos e operadoras de cartão de crédito. Segundo determinou a lei, essas empresas deveriam avisar o consumidor —por SMS, email ou carta— que ele terá seus dados compartilhados. Se em 60 dias o cidadão não pedisse para sair do cadastro positivo, suas informações poderiam ser abertas para consulta. Esse prazo vence neste sábado (11).
O processo está em andamento. Se você não recebeu esse comunicado de seu banco, por exemplo, é porque deve estar na fila.
Cadastro mostra quem é bom pagador.
Até hoje, a pessoa que busca crédito ou quer parcelar uma compra tem o seu pedido autorizado ou negado conforme o chamado histórico negativo, ou seja, se tem o nome sujo ou não. A loja ou banco contrata um serviço de um birô para checar quem está com atrasos, e daí libera ou não o negócio. Essa avaliação é muito genérica e deixa muitos pontos cegos. Por exemplo: o consumidor que sempre quitou os compromissos até antes do vencimento não tem um status especial. Ou a pessoa que sempre foi pontual com os boletos, mas, por um motivo bem pontual, um problema de saúde ou porque emprestou o nome para um terceiro, foi protestada.
Score: bom pagador terá pontuação alta Com o cadastro positivo, cada birô de crédito vai criar um sistema de pontos: pagou em dia, ganha pontos; atrasou, perde pontos. Outras informações vão entrar nesse indicador, chamado de score. Por exemplo, quantidade de negócios que a pessoa faz, sua idade, tempo de trabalho, etc.
Cada birô de crédito vai criar seu próprio sistema de pontos. Na Serasa Experian e no SPC Brasil, a pontuação vai de 0, o pior dos mundos, até 1.000, o máximo que um bom pagador pode conseguir.
Esse indicador será atualizado a cada semana, para manter o score o mais fiel possível da realidade de cada consumidor. “Como o sistema vai ser atualizado sempre, a tendência é que, com o passar do tempo, os dados positivos sejam cada vez mais relevantes no Score”, disse o gerente de cadastro positivo do SPC Brasil, Vilásio Pereira.
Uma pessoa pode aderir ao sistema e, caso queira, pedir para sair depois. Nesse caso, vai começar tudo novamente, e aquele período que ficou vazio na pontuação do consumidor pode ser mal avaliado por quem vai conceder o crédito.
Da mesma forma, pessoas que nunca contrataram crédito, como jovens que estão chegando agora ao mercado de trabalho, terão um início mais difícil para formar seu score.
Quem tem acesso aos dados
As informações de pessoa ou empresas no cadastro positivo poderão ser acessadas por qualquer empresa ou banco que contrate os serviços dos birôs autorizados pelo Banco Central.
Além disso, cada um poderá acompanhar como está seu score. Basta acessar o site dos birôs, preencher um cadastro e criar uma senha de acesso. Também pode checar o histórico de pagamentos ali registrado, as contas que estão em aberto e o comportamento em termos de pontualidade e práticas de consumo ao longo do tempo.
Mais para frente, conta de luz e celular
Nessa primeira etapa do cadastro positivo, entram as informações dos consumidores nas transações com bancos e alguns grandes varejistas que têm operações financeiras, como as redes que têm cartões de crédito, por exemplo. Segundo a diretora de Operações e Dados da Serasa Experian, Leila Martins, as empresas concessionárias de serviços públicos, como empresas de gás e luz, serão as próximas a entrar na base de dados do cadastro positivo. Depois, entrarão no sistema os dados de outras áreas de consumo, como telefonia, saúde e educação. O objetivo, afirma ela, é que em um certo momento todas as transações econômicas feitas por uma pessoa ou empresa contem para o sistema de pontos.