Dia de descontos acontece nesta sexta-feira (23). Planejar compras, verificar histórico de preços e desconfiar de descontos muito “generosos” são alguns conselhos de especialistas.
Procon alerta para risco de fraudes nas ofertas da Black Friday
A Black Friday, dia de promoções que acontece na sexta-feira (23) tanto no comércio eletrônico quanto no varejo físico, é considerada uma das principais datas de compras no Brasil. Os consumidores aproveitam as ofertas tanto para adquirir produtos desejados como para adiantar as compras de Natal.
Mas, com tantos anúncios de ofertas, o consumidor precisa tomar cuidado para não comprar por impulso, podendo estourar seu orçamento. A empolgação também pode colocá-lo em roubadas como comprar produtos sem procedência ou em lojas não confiáveis.
Segundo Nayla Pires, gerente de experiência do consumidor do site comparador de preços Zoom, é recomendável acompanhar as variações de preços antes da Black Friday e pesquisar sobre as lojas. “Planejamento é a palavra-chave. O preço acaba sendo o fator fundamental para a tomada de decisão. Porém, para garantir uma boa experiência de compra, é necessário checar, principalmente, se o produto com desconto atende às necessidades e se a loja é de confiança”, afirma.
Na terça-feira (20), o G1 publica dicas de como evitar golpes durante as compras da Black Friday.
Veja abaixo 10 dicas de especialistas para não entrar em roubadas nas compras da Black Friday.
1. Planejamento, pesquisa e monitoramento
Para evitar compras por impulso, o ideal é fazer uma lista de compras, estabelecer prioridades e estipular o valor máximo que pode ser gasto. A recomendação é de Luiz Pavão, diretor de Estratégia e Marketing da Infracommerce. “Muitas vezes as promoções fazem o consumidor extrapolar nos gastos, já que tem a sensação de que está economizando muito e acaba realizando compras das quais se arrepende depois”, diz.
Francisco Cantão, fundador do site Black Friday de Verdade e sócio-diretor da Proxy Media Marketing Digital, o consumidor deveria começar sua pesquisa com semanas de antecedência para aproveitar as melhores ofertas. Com a lista do que deseja comprar em mãos, deve monitorar constantemente os preços. “Essa tática ajuda a identificar empresas que deliberadamente sobem os preços na véspera do evento e ver se os descontos oferecidos são mesmos vantajosos”, diz.
Segundo Pavão, é possível se cadastrar nos sites ou aplicativos de varejistas ou comparadores de preços para acompanhar e receber ofertas e conseguir o preço mais próximo do que quer pagar.
O consultor de planejamento e estratégia Marcos Freitas recomenda consultar comparadores de preços que mostram inclusive gráficos com o histórico dos valores cobrados ao longo dos últimos meses. “Se o produto tiver recentemente subido de preço e baixado na Black Friday, voltando ao preço anterior, é um indício da famosa promoção metade do dobro”, afirma.
A Fundação Procon-SP, por exemplo, monitora preços dos produtos mais procurados em lojas físicas e virtuais 60 dias antes do evento. São mais de 100 produtos monitorados, em mais de 10 players do mercado. O desconto deve ser dado sobre o menor preço dos últimos 60 dias, segundo a entidade.
Produtos participantes devem estar sinalizados como Black Friday. Nas lojas físicas, se houver desconto geral, como toda a loja com 15% de desconto, ou descontos em categorias, como todos os vinhos chilenos com 30% de desconto, é obrigatório informar o preço original e o promocional e ter leitor de código de barras próximo, afirma.
O Procon-SP informa que os consumidores podem fazer reclamações ou fazer denúncia por meio da hashtag #proconspnablackfriday e nos perfis oficiais da Fundação Procon nas redes sociais. Haverá ainda um formulário para reclamações disponível no site http://www.procon.sp.gov.br/ entre os dias 22 e 28 de novembro, e atendimento telefônico pelo 151 nos dias 22, das 19h à meia-noite, e 23, das 8h às 20h.
2. Reputação da loja
Se você encontrou um ótimo desconto, mas nunca ouviu falar da loja, pesquise sobre a empresa para saber se ela é de confiança ou não. Essa é a recomendação de Eduardo Ganymedes Costa, especialista em direito do consumidor.
Além de procurar o CNPJ, endereço físico e outros dados da empresa como razão social, busque avaliações de outros usuários que já compraram lá. Sites como do ReclameAqui trazem reclamações de compradores e as respostas das lojas. No site do Procon SP há uma lista de lojas virtuais a serem evitadas.
“Mas, além da nota dada pelo consumidor, preste atenção ao tipo de reclamação feita, pois relatos de fraude ou mau atendimento têm um peso bem maior do que atraso na entrega do produto”, afirma Fabio Carneiro, co-fundador do Promobit.
Outras fontes de informação são as redes sociais, elas servem como termômetros da confiabilidade de uma loja. Segundo Carneiro, é necessário avaliar a longevidade do e-commerce nesses canais e as avaliações feitas pelos consumidores.
Segundo Júlio Mendes, diretor comercial da Soluti, o ato da compra é o estabelecimento de confiança entre o cliente e o comerciante. Por isso, é importante que o usuário observe se o portal disponibiliza canais de relacionamento com o cliente e política de troca.
Para Richard Bento, superintendente de segurança corporativa do Itaú Unibanco, é necessário confirmar se o estabelecimento está na lista restritiva do Serasa. “Não realize a compra se perceber alguma inconsistência”, diz.
O consumidor deve ficar atento ainda se não está comprando de outra empresa dentro do site da rede varejista – é o chamado marketplace. Ao observar a informação “vendido e entregue por”, ele saberá de qual empresa está comprando.
Os principais sites de e-commerce que possuem marketplace já disponibilizam essa informação para o consumidor saber se está comprando do site principal ou da loja parceira. E é possível verificar os comentários de consumidores que já compraram da loja parceira para saber se já ocorreram problemas com as compras.
3. Desconfie de megadescontos
Black Friday: consumidores lutam para comprar TV na abertura de hipermercado em São Paulo na Black Friday de 2017 — Foto: Celso Tavares/G1
Na opinião de Sylvia Bellio, especialista em infraestrutura de TI da IT Line Technology, o consumidor precisa tomar muito cuidado nesta época com os produtos baratos demais. “Deve-se desconfiar e usar o bom senso. Como um produto pode ser vendido por 1/4 do preço? Às vezes sai mais barato que o preço de custo e a conta não bate”, diz.
A especialista recomenda questionar se pode ser uma página falsa, se a loja tem procedência, se a mercadoria é original e vem com nota fiscal e garantia. “Desconfie e certifique-se de tudo antes de comprar produtos com megadescontos. A proposta é que você tenha vantagens com a Black Friday e não dor de cabeça”, aconselha.
De acordo com Ofli Guimarães, CFO do Méliuz, ao descobrir uma grande promoção, é comum se empolgar para realizar a compra antes que o produto se esgote. “Fique atento pois, em alguns casos, apesar de o valor do produto estar abaixo da média, a diferença está embutida no valor do frete. Conhecida como ‘maquiagem de preço’, a prática é uma das principais reclamações registradas pelo Procon”, alerta.
Se estiver na dúvida, é válido entrar em contato com a empresa através dos canais oficiais para confirmar a promoção.
4. Cautela nos gastos
O coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, lembra que no fim do ano as famílias tendem a gastar mais em função do período de festas. Além disso, no início do ano há tributos como IPTU e IPVA e a matrícula da escola dos filhos. Por isso, o consumidor deve levar isso em conta antes de gastar.
“Revise as contas para saber quanto pode gastar e coloque uma margem de valor mínimo e máximo para a compra que não comprometa o orçamento”, diz.
Caso não tenha como pagar à vista, evite crediário com juros e divida a compra no número mínimo possível de parcelas.
Segundo ele, o consumidor deve ficar atento ao valor da taxa de entrega, que pode encarecer demais a compra. E também à real utilidade do produto. “É frustrante gastar em algo que quase ou nunca será usado”, observa o professor da FGV.
5. Formas de pagamento
Segundo Nayla Pires, escolher a melhor forma de pagamento é fundamental e o consumidor deve levar em conta que, em razão dos descontos, os produtos podem ter valores distintos se pagos à vista ou parcelados.
Caso opte pelo crédito, mesmo com os juros, pode ser que valha a pena para que a compra não pese no orçamento, principalmente quando se trata de um produto com valor mais alto. Já no boleto bancário, geralmente, não é possível parcelar.
É importante verificar as formas de pagamento que são aceitas no e-commerce, especialmente se a loja virtual disponibiliza a opção do cartão de crédito. “Uma loja, para poder receber pagamentos via cartão, precisa apresentar uma extensa documentação – e isso, por si só, já cria uma grande barreira para um fraudador oportunista. O cliente não precisa necessariamente escolher pagar no cartão, mas só de o fato de o estabelecimento oferecer esta opção já significa muita coisa”, ressalta Tom Canabarro, co-fundador da Konduto.
6. Atenção ao frete
De acordo com a plataforma de preços Reduza, o frete pode representar até 40% do valor total do pedido, além de variar em até 400% de uma loja para outra. Então, faça o teste do frete em diferentes lojas para encontrar o menor preço. Talvez o produto em uma loja mais em conta não compense o valor que pagará pelo envio.
Outra opção é comprar na internet e retirar na loja. Grandes redes varejistas trabalham com esse modelo de entrega e algumas ainda oferecem descontos extras na modalidade.
7. Prazo de entrega
Nayla Pires recomenda atenção ao prazo de entrega, principalmente se houver compras de Natal. “Na Black Friday, é muito comum que os prazos sejam maiores e podem passar de 30 dias”, diz.
8. Arrependimento da compra
A lei permite que o consumidor se arrependa da compra, ressalta Nayla Pires. O prazo é de 7 dias, contados a partir do recebimento do produto, para a devolução. O Procon-SP ressalta que isso vale sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
Nesse caso, o arrependimento não precisa estar relacionado ao funcionamento do produto. Essa devolução garante o ressarcimento imediato do valor atualizado do pedido, incluindo os custos com frete.
Além disso, os lojistas são obrigados a mostrar de forma clara e visível os meios de comunicação disponíveis para o consumidor exercer o direito de arrependimento.
9. Problemas com a internet
Sylvia Bellio alerta que como a demanda de pessoas que querem aproveitar a Black Friday é grande, alguns sites podem enfrentar lentidão por causa do volume de acessos.
“Nesses casos, é bom ficar atento para verificar se o problema é da sua conexão, momentâneo, se a página é oficial ou se a lentidão é tanta que demonstra falta de infraestrutura do e-commerce, o que pode significar que talvez ele também não tenha condições suficientes para cumprir com outros detalhes da compra como, qualidade do produto, prazo de entrega, etc.”, pondera.
10. Segurança
Richard Bento alerta para a segurança no momento das compras. Segundo ele, ao realizar transações online, é obrigatório utilizar uma máquina com antivírus, navegador e sistema operacional atualizados e firewall ativado. Além de redes sem fio conhecidas, com senha ou conexão particular (3G ou 4G). “Nunca faça compras ou transações bancárias em redes públicas”, alerta.
Outra dica é sempre digitar o endereço do site no navegador de internet. Antes de fornecer os dados, verifique se o endereço do site começa com https://.
E é recomendado usar senhas exclusivas para cada cadastro, evitando dados pessoais. “Jamais use a mesma senha de acesso ao seu banco ou e-mail para cadastro em lojas”, diz.
Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/11/19/black-friday-2018-fuja-das-furadas-em-10-dicas.ghtml