Bauruenses dão exemplos de mínimo desperdício

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Wagner Ferreira dos Santos e a filha Sara: família adota filosofia de aproveitamento máximo / Foto: Arquivo Pessoal

Famílias realizam o aproveitamento máximo de alimentos e praticam outras ações que poupam o meio ambiente

Em meio à discussão sobre o Lixo Zero, o aproveitamento máximo dos alimentos para poupar o meio ambiente e economizar dinheiro é a filosofia seguida por 120 famílias de Bauru que financiam a produção anual de um grupo local de agricultores familiares. Os custos são divididos ao longo de 12 meses entre os financiadores, que recebem, em troca, os itens plantados.

Ao todo, são aproximadamente 60 produtos cultivados, distribuídos semanalmente entre os associados em três pontos da cidade. “Os itens chegam em um volume que atende a demanda, então, o desperdício é zero, o que é uma vantagem também para o agricultor. E a gente foge do uso de embalagens. Cada um leva sua cesta, caixa ou sacola”, detalha um dos membros, o administrador Wagner Ferreira dos Santos, 48 anos.

Além de participar da Comunidade que Sustenta a Agricultura, ele também mantém, em casa, uma composteira com minhocário para fazer adubo com o lixo orgânico e reservatórios que coletam água da chuva para regar o jardim e água da máquina de lavar para limpar o quintal. “Basicamente, o lixo que a minha família produz é reciclável e a quantidade não é tão grande, porque a gente tenta privilegiar uma alimentação mais natural”, completa.

‘De volta ao passado’ em prol do meio ambiente

Pesquisas apontam que, durante a vida fértil, cada mulher usa 10 mil absorventes descartáveis, que podem demorar 100 anos para se decompor. Preocupadas, muitas têm buscado alternativas, como coletores menstruais e calcinhas tecnológicas.

E, há, até mesmo, quem tenha recorrido ao passado, como é o caso da empreendedora Lena Bezerra, 42 anos. Há cerca de uma década, ela utiliza os tradicionais absorventes de tecido, que ela mesma confecciona e comercializa.

Os modelos são mais atuais, com abas e tecidos coloridos, que podem ser levados na bolsa e trocados sempre que necessário. “É só guardar o usado em uma embalagem lacrada e lavar quando chegar em casa. É totalmente seguro”, afirma, revelando que a mudança a fez, inclusive, conhecer melhor o próprio corpo. “Além disso, saber que o planeta está livre do meu lixo traz uma sensação ótima, um alívio imenso”, completa.

Ameaça plástica

Um dos temas permanentemente debatidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) é o fim da poluição plástica, que se apresenta como um dos grandes desafios da contemporaneidade. Estima-se que pelo menos 8 milhões de toneladas de lixo plástico vão parar nos mares anualmente, sufocando recifes de corais e ameaçando a fauna marinha.

Se as tendências atuais continuarem, em 2050, os oceanos terão mais plástico do que peixes, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres. No mesmo ano, de acordo com a previsão dos cientistas, 99% das aves marinhas terão este tipo de material em seu organismo.

Gazzetta: reciclagem é desafio aos próximos anos

Conforme o JC já divulgou, Bauru deverá adotar, neste ano, um novo modelo para a gestão do lixo, a partir de estudo contratado pela Caixa Econômica Federal. Para o prefeito Clodoaldo Gazzetta, a modelagem deverá se tornar referência nacional, até porque terá de respeitar as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Com isso, a administração e a população bauruense terão de correr contra o tempo, já que a lei prevê que somente os resíduos não reaproveitáveis sejam encaminhados ao aterro sanitário. “Com o projeto, teremos um diagnóstico preciso sobre o consumo por setores da cidade e faixas de renda, o que nos permitirá traçar estratégias para conscientizar sobre a importância da diminuição do consumo e da reciclagem dos materiais que, além de poupar o meio ambiente, também gera emprego e renda”, aponta.

As estatísticas mundiais revelam que metade dos resíduos produzidos por uma cidade é composta por material potencialmente reciclável. Porém, atualmente, o recicláveis recolhidos pela coleta seletiva de Bauru, e destinados às três cooperativas, correspondem a apenas 3% do total diário que vai para o aterro.

Fonte: https://www.jcnet.com.br/noticias/geral/2020/01/712009-bauruenses-que-ja-dao-o-exemplo.html

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