Bauru registra 2 casos de síndrome rara em adolescentes após Covid-19

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Pediatra Caio Malachias fala sobre os sintomas da síndrome / Foto: Divulgação

Resposta inflamatória generalizada que vem afetando crianças e jovens no mundo todo pode estar associada ao coronavírus

As crianças e adolescentes são, até agora, o grupo que menos tem desenvolvido quadros graves de Covid-19. Porém, em várias partes do mundo, incluindo o Brasil, alguns destes jovens pacientes vêm apresentando uma resposta inflamatória generalizada, por vezes com sérias consequências, que pode estar relacionada à infecção pelo novo coronavírus.

Em Bauru, dois adolescentes já foram diagnosticados com a chamada Síndrome Multissistêmica Inflamatória Pediátrica (SIM-P), depois de testarem positivo para a Covid-19. Felizmente, ambos não precisaram de internação em UTI e já se recuperaram.

Um paciente tinha 13 anos e permaneceu internado em leito de enfermaria por sete dias. O outro, de 12 anos, ficou no hospital por cinco dias. Os dois casos, assim como os demais registrados no País, estão sendo monitorados pelo Ministério da Saúde. A investigação ocorre justamente no momento em que o governo do Estado de São Paulo analisa a possibilidade de retomada das aulas presenciais nas escolas.

Desde o início da pandemia até julho, segundo o Ministério da Saúde, 71 casos de SIM-P foram contabilizados no Brasil, incluindo três óbitos ocorridos no Estado do Rio de Janeiro. Na maioria dos casos relatados, o paciente possuía exame laboratorial com confirmação de infecção recente por Covid-19.

Casos de crianças e adolescentes acometidos pela síndrome estão sendo monitorados em vários países, em conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o médico pediatra Caio Malachias, diretor do hospital infantil Luís França, em Fortaleza, que integra o Sistema Hapvida, a SIM-P possui manifestações clínicas semelhantes à Síndrome de Kawasaki, doença rara que afeta crianças pequenas e é conhecida por provocar inflamação nos vasos sanguíneos por todo o corpo.

CHOQUE

Entre os sintomas mais frequentes da SIM-P, estão febre alta e persistente, acima de 38,5 graus e com duração de acima de três dias, além de lesões na pele semelhantes ao sarampo. O doente também pode ter conjuntivite, inchaço nas mãos e nos pés e, especialmente entre as crianças, dor abdominal intensa, vômito e diarreia.

“Estes são os sintomas iniciais da doença. Mas, nos casos graves, esta síndrome pode levar a choque hipovolêmico e choque cardiogênico. É uma doença que pode afetar o coração, provocando, por exemplo, insuficiência cardíaca. Como é uma doença muito nova, muitos pacientes ainda estão sendo acompanhados e não sabemos ainda quanto tempo levará para a remissão destas alterações cardíacas”, descreve o pediatra.

Ele explica que os primeiros casos começaram a ser registrados no País entre fevereiro e março, especificamente dentro da faixa etária entre 5 e 14 anos. Porém, hoje já há casos descritos de pacientes de meses de idade a até 20 anos. “Ainda não sabemos porque esta síndrome não afeta pessoas mais velhas e nem de que maneira ela pode estar sendo desencadeada pela infecção por Covid-19. Calculo que teremos mais respostas daqui a um ano, um ano e meio de estudos”, acrescenta.

Tratamento

O que se sabe até agora é que a SIM-P tende a surgir entre a terceira e quarta semanas após a criança ou adolescente ser infectado pelo novo coronavírus. Ou seja, quando a síndrome aparece, em tese, o paciente já é considerado curado da Covid-19.

O tratamento consiste na administração imunoglobulina para fortalecimento da imunidade do paciente, que, normalmente, fica internado no hospital, em leito de enfermaria, para observação. Quando é detectado algum tipo de lesão cardíaca, também pode ser administrado algum tipo de anticoagulante ou mesmo ácido acetilsalicílico.

“Em torno de 30% dos pacientes que têm a síndrome precisam de internação em UTI. Nos casos mais graves, já tivemos crianças que precisaram de droga vasoativa para manutenção da vida. Mas, quando este período agudo é superado, com o uso de imunoglobulina o corpo reage bem”, completa o médico Caio Malachias.

Fonte: https://www.jcnet.com.br/noticias/geral/2020/08/732198-bauru-registra-2-casos-de-sindrome-rara-em-adolescentes-apos-covid-19.html#.XzaGTcqDkaA.whatsapp

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