Autocuidado e cuidado com o outro em tempos de pandemia

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(José Ortega Junior)

Nunca antes na trajetória da humanidade fomos tão chamados a desenvolver o nosso tato social. Fatos antes corriqueiros como abraços, beijos e apertos de mão hoje se tornaram exceção e nos momentos de encontro entre pessoas se evidência nossa inabilidade nesse campo. Será que posso abraçar ou dar a mão? Em que situações este ato se torna justificável? A partir da pandemia fomos chamados a olhar o outro antes de nos anteciparmos com gestos que poderiam ser agora considerados invasivos ou perigosos / arriscados.

Nós brasileiros somos mundialmente conhecidos por ser um povo caloroso e acolhedor, justamente neste quesito de cumprimentos, quando comparados com outros povos. Podemos ser vistos como mais invasivos realizando toques ou aproximações que em outras culturas seriam inadequados (vide orientais e saxões), claro que em um mundo cada vez mais globalizado as diferenças vêm se diluindo ao longo dos tempos.

O fato é que hoje o simples ato do cumprimento põe à tona a dualidade se expor e expor ao outro. Nestas festas de fim de ano e as consequências que estamos vivendo agora podemos claramente ver o quanto ainda precisamos aprender a encontrar um meio termo. Nesse ínterim ficamos esperando a vacina redentora que nos vai livrar pra sempre de todo mal, amem! Assim ficaremos livres de nos esforçar em caminhar no nosso autodesenvolvimento e autoconhecimento! Sinto informar a todos que a vacina não vai ser este milagre que a sociedade almeja, que enquanto nós como coletividade não desenvolvermos hábitos e condutas saudáveis ainda iremos nos deparar com novos vírus que nos chamarão a novos desafios evolutivos. Desafios a sermos saudáveis, livres, abertos e confiantes na vida como as crianças que passam incólumes pela pandemia.

JOSÉ ORTEGA JUNIOR é professor e médico hematologista, especializado em cuidados paliativos.

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