Após salvar muitas vidas, José Carlos, do Samu, perde batalha para o câncer

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Zé ou Zezão, como era conhecido, trabalhava no Samu e já fez vários partos no decorrer da sua carreira; foto de outubro de 2018 / Foto: Álbum de Família

Ele trabalhou no serviço de atendimento por 16 anos; nesta quinta, uma fila de ambulâncias deu adeus ao profissional

Após salvar muitas vidas, o técnico em enfermagem do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em Bauru, José Carlos Gomes, conhecido como Zé ou Zezão, de 63 anos, perdeu a batalha para o câncer de pâncreas. O homem estava internado desde a semana passada em um hospital particular da cidade, mas não resistiu e morreu na noite desta quarta-feira (22). Ontem, diversas ambulâncias do Samu fizeram uma carreata para homenagear e dar o adeus ao profissional (veja o vídeo no final).

Natural de Marília, José Carlos era filho do caminhoneiro Sebastião Gomes e da dona de casa Norma Scaquete Gomes, ambos já falecidos. Ele tinha outros cinco irmãos: Helena (in memorian), Cristiane, Valdemir, Francisco e Regina.

O técnico em enfermagem se casou com a dona de casa Lourdes Vicentina da Costa Gomes, de 58 anos, com quem teve os filhos Juliana Gomes Amarins, de 40, e Danilo Gomes, de 37.

Já formada, a família chegou a Bauru entre os anos de 1988 e 1989 em busca de melhores condições de vida. No município, José Carlos trabalhou nos hospitais de Base, Beneficência Portuguesa e Manoel de Abreu.

Em 2004, ele passou a atuar junto ao Samu, onde ficou até os últimos dois meses da sua vida. “Em maio, o meu pai parou de trabalhar, porque começou a reclamar de dor. Nós suspeitamos de Covid-19, mas descobrimos o câncer no mês seguinte. Como já estava em estágio avançado, não havia mais o que fazer”, descreve a filha Juliana.

Na última sexta-feira (17), o técnico em enfermagem foi internado, mas não resistiu e morreu cinco dias depois. “Ele sempre estava de bem com a vida e disposto a ajudar o próximo”, reforça a primogênita.

José Carlos gostava tanto do que fazia que resolveu cursar Enfermagem. Ele se formou com a primeira turma do curso, em 2002, pela Faculdade Anhanguera. “O Samu era a vida do meu pai”, complementa a mulher.

BRINCALHÃO

Diretor do Samu, Guilherme Trípoli afirma que conheceu José Carlos tão logo chegou ao serviço, no final de 2013. “Ele vivia brincando e tirava sorrisos até dos pacientes com dor. Pela manhã, chegava cantarolando as músicas da Fafá de Belém, de quem era fã”, descreve.

A sua trajetória exemplar fez com que Trípoli decidisse homenageá-lo com uma carreata. “Utilizamos sete ambulâncias e três motocicletas que não estavam em atendimento para nos despedirmos da forma que ele merecia”, ressalta.

O corpo foi velado no São Vicente, em Bauru, mas sepultado no Cemitério da Saudade, em Marília. Tanto que a carreata terminou na avenida Nações Norte, uma das saídas da cidade rumo à sua terra natal.

O homem deixou a esposa, dois filhos, quatro netos e um bisneto, que deverá nascer no final de agosto.

Confira o vídeo:

 

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