Agosto mais chuvoso dos últimos 32 anos dá ‘folga’ a racionamento

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Pessoas agasalhadas na rua. 03/09/2018

A sequência de quatro meses praticamente sem chuvas, entre abril e julho, colocou o DAE em alerta sobre a possibilidade de racionamento de água para o segundo semestre deste ano. Agosto, porém, terminou com resultado pluviométrico que afastou, ao menos temporariamente, as chances de faltar água nas torneiras das casas abastecidas pelo Rio Batalha.

A notícia trouxe certo alívio para a população, já que a autarquia não conseguiu executar, a tempo, as obras prioritárias de seu Plano de Contingência contra a estiagem (leia mais abaixo).

Segundo o banco de dados do Centro de Meteorologia de Bauru (IPMet), o mês foi encerrado com acúmulo de 124,7 milímetros de chuva, recorde dos últimos 32 anos para agosto. Antes, marca superior havia sido registrada somente em 1986, quando choveu 149 milímetros.

Além do volume acima da média, o presidente do DAE, Eric Fabris, aponta outra vantagem. “Tivemos chuvas leves e permanentes, por dias seguidos, que chamamos de chuvas produtivas. Elas são importantes para a reposição dos lençóis freáticos, diferentemente do que acontece com as tempestades rápidas, em que a água escoa pelos rios sem permitir uma boa infiltração no solo”, explica.

PERÍODO SECO

Segundo Fabris, o nível da Lagoa de Captação do Rio Batalha continua dentro do patamar considerado ideal, mas, como a época de chuvas só começa em novembro, ainda não é possível descartar completamente a possibilidade de racionamento para os 38% da população abastecidos pelo manancial.

“Até julho, vínhamos em uma situação de sufoco. Agora, de certa forma, ficamos com uma certa folga. Eu só voltaria a falar em racionamento se ficarmos sem chuvas em setembro e outubro”, frisa, destacando que, mesmo diante da boa margem de segurança, a população deve continuar evitando o desperdício de água.

100% TRANQUILO?

A situação ainda não é de completa tranquilidade inclusive porque o período seco de 2018 registrou menos chuvas do que 2014, ano de crise hídrica e racionamento em Bauru e em várias cidades do Estado. De abril a agosto, foram 170,7 milímetros acumulados neste ano, ante a 191,6 milímetros no mesmo período de 2014.

Previsão para esta semana

A chuva de ontem não deverá se repetir durante os próximos dias em Bauru, mas, por outro lado, também não há previsão de calor como registrado nos dois primeiros dias de setembro. Segundo o IPMet, devido à atuação de uma massa de ar frio, as temperaturas permanecerão amenas ao menos até sexta-feira, com termômetros oscilando entre 10 e 26 graus. A expectativa é de que só volte a chover na cidade somente a partir de 13 de setembro.

1.ª adutora do projeto

O DAE está prestes a implantar a primeira etapa dos 10 quilômetros de adutoras projetadas para fazer a interligação entre poços com folga na produção e regiões com menor oferta de água. A primeira adutora tem 1,1 quilômetro e irá conectar o poço do Jardim Imperial à adutora da avenida José Vicente Aiello.

Segundo Eric Fabris, a instalação deverá ser concluída nos próximos dias. “O poço Imperial foi perfurado por um empreendimento residencial e estava praticamente sem funcionar. Ele produz 55 litros por segundo e, com a adutora, passará a levar água para a região do Parque das Nações, aliviando em 10% a sobrecarga na Estação de Tratamento de Água (ETA)”, adianta Eric Fabris.

Projetado para este ano, Plano de Contingência do DAE não deverá ser concluído a tempo

A expectativa era de que as obras do Plano de Contingência contra a estiagem ficassem prontas a tempo de reduzir a dependência do Rio Batalha durante o período de seca desde ano. Mas, até o momento, de todas as intervenções consideradas prioritárias pelo DAE para minimizar as chances de racionamento em 2018, apenas a construção do primeiro de dez quilômetros de adutoras está prestes a ser concluída.

Isso porque, segundo o presidente Eric Fabris, não há mais recursos disponíveis no Orçamento. A intenção, além das adutoras, era perfurar mais três poços no Núcleo Geisel, Jardim América e Santa Cândida, e construir três reservatórios, sendo dois na Vila Dutra e um na Vila Pacífico.

O custo estimado é de R$ 15 milhões. “O poço do Jardim América já está em licitação, com verba empenhada, mas o do Geisel e do Santa Cândida, assim como os reservatórios, dependem de recursos”, afirma.

DUAS SAÍDAS

Correndo contra o tempo, o DAE busca, agora, duas saídas. Uma é o projeto de lei, aprovado ontem em primeira discussão na Câmara, para remanejar a utilização de R$ 2,8 milhões no Orçamento da autarquia.

A outra, que também depende de apreciação do Legislativo municipal, é reduzir o percentual da tarifa de esgoto destinado ao Fundo de Tratamento de Esgoto (FTE), de 40% para apenas 5%, o que ampliaria o reservado ao caixa geral do DAE. Mesmo que os recursos sejam disponibilizados, é provável que a época de chuvas já tenha chegado quando as obras forem licitadas e concluídas.

Fonte: https://www.jcnet.com.br/Geral/2018/09/agosto-mais-chuvoso-dos-ultimos-32-anos-da-folga-a-racionamento.html

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