200 anos da doença de Parkinson

0
1485

A doença de Parkinson (DP) foi oficialmente descrita há 200 anos, mais precisamente no ano de 1817, pelo cirurgião inglês James Parkinson, em um tratado intitulado como “Paralisia Agitante”. Hoje é o Dia Mundial da Doença de Parkinson. É uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta a Substância Negra, núcleo específico do cérebro na produção de dopamina, que tem a capacidade de modular os movimentos do corpo.

Ao sintomas cardinais da DP são: tremor de repouso, rigidez, bradicinesia (lentidão dos movimentos) e instabilidade postural. Segundo a OMS, mais de 1% da população acima dos 65 anos sofre da doença. Muito se usou como tratamento medicamentoso e cirúrgico desde que a doença foi descrita. Mas foi a partir dos anos 50 do século passado que o tratamento cirúrgico mostrou-se promissor. Usando a técnica esteriotáxica para provocar lesão em determinados núcleos do cérebro.

Este entusiasmo cirúrgico parou em 1968, quando a Levodopa foi introduzida no mercado para o tratamento da DP. E muitos neurologistas acreditavam ser o fim das indicações cirúrgicas. Porém, com o passar dos anos ficaram muito claras as limitações da Levodopa como tratamento, devido a seus efeitos colaterais, indução de discinesias (distúrbio de movimento) e os pacientes foram se tornando refratários a ela. Infelizmente, até hoje, em 60 anos, nenhum medicamento superou a Levodopa, a qual ainda é considerada o padrão ouro dos medicamentos. Por outro lado, novos estudos anatômicos e neurofisiológicos nos trouxeram maior entendimento dessas funções complexas do cérebro.

Além disso, o advento e desenvolvimento dos exames por imagens como a tomografia computadorizada, a ressonância nuclear magnética e a neuronavegação apontaram novas perspectivas para o tratamento cirúrgico mais seguro e mais especifico para cada paciente, através da neuromodulação por técnicas conhecidas como “Deep Brain Stimulation” (DBS), que são eletrodos introduzidos em núcleos cerebrais, com a vantagem de modular os neurônios sem destruí-los como nas técnicas anteriores. Ocorre que mesmo o DBS é limitado, pois sua indicação é restrita a somente 15% dos casos de DP.

Muito se fala e se propaga por meios paralelos, de medicamentos sem embasamento científico, óleo de cannabis, plantas e outros. Atenção: não use nada sem orientação do médico especialista. Devemos deixar bem claro que o sucesso do tratamento depende muitíssimo do seguimento das orientações dos especialistas, como a forma correta do uso dos medicamentos, pratica da atividade física, fisioterapia, terapia ocupacional e fonoterapia. Penso ainda que muito se tem a avançar com a modulação neuronal para maior qualidade de vida dos pacientes portadores da DP.

O autor é médico neurocirurgião em Bauru.

Fonte: https://m.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=255454

Deixe uma resposta