Vítimas dentro do próprio lar: cresce violência contra idosos

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Vanessa Neves fala sobre violência contra idosos. 02/10/2018

Nesta semana, o Estatuto do Idoso completou 15 anos de existência para cumprir a importante missão de garantir direitos, maior visibilidade e segurança às pessoas com mais de 60 anos. Porém, ainda que muitas conquistas tenham se consolidado ao longo desta década e meia, os idosos continuam sendo uma população vulnerável, inclusive dentro do ambiente doméstico.

É o que apontam os números da Secretaria Municipal do Bem Estar Social (Sebes). De janeiro a julho deste ano, 151 idosos vítimas de vários tipos de violência foram atendidos nos serviços oferecidos pela pasta, uma alta de 35% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando 112 pessoas foram atendidas. Somente os casos de agressão física saltaram de seis para 29 registros.

Diretora de Divisão do Departamento de Proteção Social Especial da Sebes, Vanessa Neves analisa que o número expressivo de idosos alvos de violência está intimamente vinculado ao aumento da expectativa de vida da população brasileira e aos conflitos gerados pelo maior tempo de convivência entre as gerações familiares no mesmo ambiente.

“As agressões são praticadas, em sua grande maioria, por pessoas da família. Vivendo por muito mais tempo, os idosos, naturalmente, vão apresentar algum nível de dependência, seja física ou mental. E, muitas vezes, diante da sobrecarga gerada pela necessidade desses cuidados, os conflitos acabam aparecendo”, analisa, salientando que a dinâmica das famílias se tornou mais conflituosa nos últimos anos devido ao crescimento da intolerância frente às diferenças entre gerações.

Outro aspecto importante, frisa a diretora, é o financeiro, já que, em meio à crise econômica, aumentou o número de idosos que se tornaram arrimo de família. Com a garantia do recebimento de pensão ou aposentadoria, ele pode se tornar a única pessoa com fonte de renda dentro de casa e divergências na administração deste recurso também podem gerar problemas.

“Neste contexto, também se insere o abuso de álcool e outras drogas, como o crack. Há casos de netos dependentes químicos, por exemplo, que agridem o idoso para ter acesso ao cartão do banco ou furtam bens dele para conseguir drogas”, cita, detalhando um exemplo concreto de casos como este. “Já recebemos um caso de uma idosa que usava o dinheiro dela para o neto comprar droga justamente para evitar estes conflitos”, acrescenta.

ABANDONO

Segundo Vanessa, normalmente, o idoso é submetido a inúmeros episódios de violência até que uma denúncia seja feita, por um vizinho ou um parente, para que o caso venha à tona e o poder público possa intervir. E, quase sempre, as agressões começam de maneira verbal, até chegar, com o passar do tempo, à violência física.

Os casos mais comuns, de acordo com os dados da Sebes, são os de abandono ou negligência, que envolvem principalmente idosos acamados, com mobilidade reduzida ou doença mental. “São casos de idosos que ficam sem alimentação, sem medicação, sem higiene e que são até mesmo deixados sozinhos por um longo período do dia em casa”, acrescenta.

De janeiro e julho deste ano, foram 106 casos desta natureza registrados em Bauru. Já os relacionados à violência psicológica foram 12 e violência patrimonial (que envolvem furtos e empréstimos bancários não autorizados, entre outros), quatro. Atualmente, a Sebes atende 449 idosos em seus serviços especializados, sendo que 121 estão acolhidos em abrigos.

SERVIÇO

Denúncias sobre casos de violência contra idosos podem ser feitas de maneira sigilosa – sem necessidade de identificação – na Sebes, pelo telefone 3234-1090, ou pelo Disque 100.

Fonte: https://m.jcnet.com.br/Geral/2018/10/vitimas-dentro-do-proprio-lar-cresce-violencia-contra-idosos.html?utm_source=Whatsapp&utm_medium=referral&utm_campaign=Share-Whatsapp

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