Por G1
O Conselho Europeu concordou em conceder um adiamento até o dia 22 de maio para que o Reino Unido deixe a União Europeia, caso o acordo do Brexit defendido por Theresa May seja aprovado pelo Parlamento britânico na próxima semana.
Se o Parlamento não aprovar o acordo – que já foi aceito pela EU em novembro de 2018 – o prazo será antecipado para 12 de abril. Em um comunicado oficial (leia aqui, em inglês), o Conselho diz ainda que “espera que o Reino Unido indique um caminho a seguir antes desta data para apreciação pelo Conselho Europeu”.
O documento deixa ainda claro que nenhuma outra proposta será aceita e que apenas o que foi aprovado pela UE em 2018 será considerado. “Qualquer compromisso unilateral, declaração ou outro ato deve ser compatível com a carta e o espírito do Acordo de Retirada”, diz o texto.
Esses termos foram aprovados nesta quinta-feira (21) pelos 27 membros da União Europeia após horas de reunião em Bruxelas, onde fica a sede do Conselho Europeu. Depois de ouvirem a primeira-ministra britânica Theresa May, que tinha apresentado um pedido para que o Brexit fosse adiado de 29 de março para 30 de junho, eles passaram a tarde toda e parte da noite discutindo opções.
Líderes da União Europeia participam de reunião no Conselho Europeu, em Bruxelas, na Bélgica, para discutir uma extensão do prazo do Brexit, na quinta-feira (21) — Foto: Aris Oikonomou, Pool Photo via AP
Diversas datas foram debatidas, e o condicionamento da aprovação do acordo de May pelo Parlamento britânico entrou e saiu da pauta ao longo do encontro, segundo jornalistas que conversaram com diplomatas que estavam no local.
Após a decisão unânime dos membros da UE, o presidente do Conselho, Donald Tusk, levou o resultado a Theresa May, que concordou com o resultado da negociação.
Apelo na TV
Na noite de quarta-feira, May fez um pronunciamento na TV, pressionando o Parlamento britânico a aprovar seu acordo sobre o Brexit para que o Conselho Europeu possa concordar com a extensão do prazo.
“Eu não estou preparada para atrasar além de 30 de junho”, afirmou, o que ampliou o debate sobre sua possível intenção de renunciar ao cargo caso a tentativa de adiamento falhe.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, durante pronunciamento sobre o Brexit, na quarta-feira (20) — Foto: Jonathan Brady/Pool via Reuters
Segundo a imprensa britânica, é cada vez maior a pressão, principalmente dentro de seu próprio partido, o Partido Conservador, para que May deixe o cargo caso não consiga aprovar um acordo pela terceira vez consecutiva. Apesar disso, a primeira-ministra ainda afirma que não irá convocar novas eleições.
Sua situação, no entanto, deve se tornar ainda mais difícil após o pronunciamento, já que os diversos parlamentares reagiram de forma imediata e subiram o tom das críticas por se sentirem atacados. Em redes sociais, eles reclamaram da postura de May, acusando-a de jogar a opinião pública contra o Parlamento, atribuindo a falta de um acordo aos deputados para se eximir da culpa.
Acordos reprovados
Ainda não há uma data para que um terceiro acordo seja votado pelo Parlamento britânico, e também não se sabe qual será seu teor. Na segunda-feira, o presidente da Câmara dos Comuns, a câmara baixa do Parlamento, John Bercow, disse que os ministros não poderiam apresentar novamente a mesma proposta que já foi rejeitada duas vezes.
A União Europeia, porém, diz que não irá discutir um novo acordo e que só aceita aquele que já foi aprovado por seus membros no ano passado.
O acordo original proposto por Theresa May, aprovado por Bruxelas em novembro de 2018, foi recusado pelo parlamento britânico em 15 de janeiro, por 432 votos contra e 202 a favor, a maior derrota do governo na história moderna – o recorde anterior era de 1924, com diferença de 166 votos.
Imagem de vídeo mostra membros do Parlamento durante votação de emendas ao plano de acordo do Brexit, em Londres, em 29 de janeiro — Foto: Reuters TV via Reuters
Depois disso, o Parlamento aprovou duas emendas ao projeto: uma delas exigindo mudanças no que estava originalmente proposto para a fronteira da Irlanda com a Irlanda do Norte; e outra, consultiva, que “rejeita que o Reino Unido deixe a União Europeia sem um Acordo de Retirada e um Marco para o Futuro Relacionamento”.
A decisão sobre o que fazer com a fronteira física entre a Irlanda (integrante da UE) e a província britânica da Irlanda do Norte (integrante do Reino Unido) é um ponto que emperra a aprovação do acordo. A ideia é que o Brexit não prejudique o frágil Acordo de Paz de 1998 entre as Irlandas.
Em uma segunda votação, no dia 12 de março, a proposta de acordo, com poucas alterações, foi novamente rejeitada. Foram 391 votos contra e 242 a favor.
Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/03/21/uniao-europeia-concorda-em-adiar-brexit-ate-22-de-maio-se-acordo-de-may-for-aprovado.ghtml