Revista Atenção

Tratamentos públicos com homeopatia e acupuntura buscam espaço em Bauru

Dr. Antonio Carlos Sant'Ana, acupunturista. 16/02/2018

Mário Flávio Pezenatto Diniz, homeopata. 20/02/2018

Já pensou em ser tratado, na rede pública, com homeopatia e acupuntura? Embora as especialidades sejam reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde a década de 80, a demanda ainda busca espaço, principalmente porque não é todo mundo que sabe que a rede dispõe desse serviço. Em Bauru, somente o Núcleo de Saúde da região central da cidade tem essas especialidades de tratamento.

Esta única unidade atende, em média, 19 pacientes novos de homeopatia e acupuntura por semana. E mais: não adianta ir até o local e marcar uma consulta. Isso só ocorre quando qualquer outro clínico geral da rede faz oencaminhamento.

Há dez anos na rede municipal de saúde, o médico Mário Flávio Pezenatto Diniz é também o único especializado em homeopatia. O profissional trabalha cinco dias na semana e atende, aproximadamente, três novos pacientes por dia, totalizando 15 novas consultas semanais.

Já o médico Antônio Carlos Sant’Ana, que trabalha com medicina chinesa há, pelo menos, 20 anos, é o único acupunturista do Núcleo de Saúde, onde está desde 2013. O profissional também presta serviço no Hospital Estadual de Bauru (HEB). No município, ele atua dois dias na semana e atende, em média, dois novos casos por dia, totalizando quatro novas consultas semanais.

Ao todo, são 19 pacientes novos de homeopatia e acupuntura por semana.

Diretor do Departamento de Unidades Ambulatoriais da Secretaria Municipal de Saúde, Paulo Roque Carlotto informa que o uso de práticas alternativas já é uma política do SUS e, portanto, todos os médicos da rede são orientados a fazer o encaminhamento quando julgarem necessário. “A dor crônica, por exemplo, é o sintoma mais comum de ser tratado pela acupuntura, porque, muitas vezes, o problema não é resolvido pela alopatia”, justifica.

Inclusive, no ano anterior, terapias alternativas, como meditação, arteterapia e reiki, passaram a fazer parte dos procedimentos oferecidos pelo SUS. Segundo o Ministério da Saúde, essas práticas integram “ações de promoção e prevenção em saúde”, definidas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), em 2006.

Em Bauru, porém, há apenas os serviços de homeopatia e acupuntura. Em nota, a assessoria de comunicação da prefeitura esclarece que o Plano Municipal de Saúde prevê tais práticas complementares, mas ainda não há previsão para disponibilizá-las à população, em virtude do decreto de contenção.

AS ESPECIALIDADES

O médico Mário Flávio Pezenatto Diniz explica que toda e qualquer doença, com exceção das enfermidades que exigem tratamento cirúrgico, pode ser medicada com homeopatia. “O termo significa semelhança, ou seja, com três sintomas, já conseguimos encontrar o medicamento que age da mesma forma que eles e combatê-los”, acrescenta.

Embora a especialidade trate uma imensa gama de sintomas, ainda há preconceito. “É pura ignorância, sobretudo, porque não se ensina homeopatia nas faculdades de Medicina. Torço para que os dois cursos de graduação, que estão sendo implantados em Bauru, mudem esse cenário”, defende.

Segundo o acupunturista Antônio Carlos Sant’Ana – cuja contribuição foi reconhecida pela Scientific Association of Medical Acupuncture in Greece (Samag), na Grécia, em junho de 2017 -, o perfil do paciente da rede, em geral, é aquele que já tentou de tudo e opta pela acupuntura como última solução.

Porém, o médico alerta que a prevenção é importante. “Estou mudando esse perfil, ao mostrar que quem se cuida tem menor chance de ficar doente. O tratamento, além de fortalecer a imunidade, reduz a procura pelas unidades de urgência e emergência. É benéfico ao paciente e à saúde pública”.

ADEPTOS ÀS PRÁTICAS ALTERNATIVAS

Samantha Ciuffa
Em família: Gustavo, Gabriel, Giovanni e Simone Nakanishi são adeptos à homeopatia

A terapeuta holística Simone Bortolato Nakanishi, de 43 anos, é adepta à homeopatia há quase uma década. Inclusive, os seus três filhos são pacientes do homeopata Mário Diniz, no Núcleo de Saúde da região central de Bauru.

O filho do meio de Simone, Gabriel, era obeso em sua infância e a própria nutricionista da Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Cardia a informou sobre a existência de um homeopata na rede. Então, a terapeuta pediu que o médico do mesmo posto encaminhasse o garoto ao profissional.

Hoje, Gabriel, de 16 anos, é um adolescente saudável. O tratamento deu tão certo que o seu irmão mais novo, Giovanni, de 14, também optou por se consultar com o homeopata e conseguiu se livrar da enxaqueca. Já o primogênito Gustavo, de 24, começou o seu tratamento agora, devido a problemas na pele. “Passar pelo homeopata evitou que os meus filhos utilizassem os serviços de urgência, por exemplo, além de eu ter economizado bastante com remédios”, avalia a mulher.

SERVIÇO

O Núcleo de Saúde da região central de Bauru fica na rua Quintino Bocaiúva, 5-45.

Fonte: https://www.jcnet.com.br/Geral/2018/02/tratamentos-publicos-com-homeopatia-e-acupuntura-buscam-espaco-em-bauru.html

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