Era o último ano da Faculdade de Direito, num debate sobre carreiras, quando uma professora questionou para os alunos sobre seus planos após a conclusão do curso.
Na condição de procuradora municipal e muito satisfeita com o seu salário ela acreditava que ter estabilidade era mais seguro, por isso mostrava satisfação em ter prestado concurso público.
A pergunta feita para cada aluno foi:
– O que você pretende fazer após o término da graduação: prestar concurso ou suar no sol como advogado?
Em nenhum momento teve a intenção de induzir os acadêmicos a escolher uma ou outra opção, apenas levantou uma ótima reflexão para aquele momento.
Mais da metade da turma escolheu a primeira opção, enquanto alguns responderam de forma acanhada sobre querer advogar.
Uma das alunas riu do termo “suar no sol” e respondeu com afinco na sua vez de falar:
– Serei advogada, foi para isso que estudei durantes esses quase cinco anos!
A professora ficou surpresa com o número de alunos que seguiriam carreiras públicas e seguiu com a aula falando da sua experiência.
Deve haver um índice sobre quantos alunos de Direito passam na prova da OAB e ficam aptos para advogar, mas o número não importa, é um mero detalhe em relação a quantidade de pessoas que realmente seguem na profissão.
O que importa é: advogar não é apenas ser um meio, ou como diz a frase de um artigo: “O advogado é indispensável à administração da justiça”, é preciso voltar nas origens e refletir sobre os motivos da escolha profissional.
Quem exerce a profissão sabe que não é somente passar em uma prova, pegar o diploma e como um passe de mágica tudo começará a dar certo. NÃO!
O caminho é árduo e complexo, poucos sabem como dar passos certeiros para trilhar rumo a excelência, e sofrem; muitas vezes desistir de continuar caminhando é a opção mais fácil.
Mas apesar de todo o esforço intelectual que a profissão exige, quem sabe o motivo de escolher a segunda opção dificilmente vai esmorecer – e se mudar de idéia que seja por questões de planos de carreira, afinal, somos passíveis de mudanças, e não porque entregou os pontos.
Ser advogado é transitar de um lado para outro em busca das melhores soluções, correndo riscos de não encontrá-las.
Ter sabedoria para ajustar as rotas pode amenizar as dificuldades, e se der certo, o sentimento de vitória compensa tudo!
Hoje eu entendo o termo que a professora utilizou sobre suar no sol, não apenas pelo fato de ter que ir no fórum de terno e gravata – passando calor, ela explicou que esse era o motivo do termo.
Cada advogado sua de uma forma: quando precisa dar uma notícia ruim para o cliente, quando precisa aguardar uma decisão importante e assim por diante.
E vou te dizer, vale a pena cada gota de suor quando se sabe o motivo que está suando!
Por Dra. Mariana Souza
Mariana Souza, advogada previdenciarista. Copywriter e criadora de conteúdos digitais.