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SERVIÇO: CARRÃO USADO PODE SER SEDUTOR, O PROBLEMA É MANTER

Modelos de luxo são comercializado pelo preço de carros mais simples, porém a manutenção tem seus poréns

Enquanto um carro zero-quilômetro é vendido no Brasil, outros cinco são negociados no mercado de usados. A proporção mostra a força de um segmento que resiste a crises e oferece muitas opções interessantes para quem deseja comprar um automóvel em bom estado gastando menos. As ofertas que no passado se limitavam a classificados sem cor hoje saltam nas telas de computadores e smartphones. Basta fazer uma busca ou clicar em uma propaganda para que a inteligência artificial perceba o desejo de consumo e inicie seu bombardeio de publicidade.

É nessa hora que o consumidor descobre que aquele Audi ou BMW que habita em seus sonhos desde 2009 custa hoje o mesmo que um sedã compacto. As tentações são muitas, por isso é preciso tomar uma dose de razão antes de partir para a compra.

A mesma internet que serve de canal para os anúncios de carros ajuda a pesquisar os valores de manutenção. A busca deve se concentrar em grandes portais de venda e sempre considerar peças novas e originais. Quem se baseia em componentes vindos de desmanches, mesmo que de procedência comprovada, não terá a real noção dos custos envolvidos para preservar o automóvel em ordem.

Ao consultar o valor de algumas peças, o consumidor descobre que é preciso ter uma situação financeira equilibrada para colocar um carro premium usado na garagem. Se, por exemplo, for preciso trocar a turbina de um Range Rover Evoque 2012, o novo proprietário terá de pagar cerca de R$ 7.500 no mercado paralelo, e ainda haverá a mão de obra. Em anúncios, o SUV de origem inglesa é oferecido por valores que partem de R$ 80 mil. Seu estilo permanece atual, embora a segunda geração já esteja à venda no Brasil.

A comparação com preços de carros zero-quilômetro de menor prestígio – um Fiat Weekend Adventure 2020 é oferecido por R$ 85.590 — pode fazer o cliente acreditar que nada vai dar errado e apostar tudo no Land Rover. Afinal, a maioria só roda na cidade, ambiente menos hostil do que os terrenos difíceis para os quais o Evoque foi talhado. Porém, o meio urbano pode ser mais cruel do que rodovias de alta velocidade ou mesmo estradas de chão batido.

“Os veículos que rodam mais dentro da cidade têm maior desgaste dos componentes  devido a uma série de fatores, incluindo o tipo de solo em que trafega. Por exemplo, pistas esburacadas e sem asfalto acabam forçando todo o conjunto da suspensão, que certamente terá a vida útil abreviada”, diz Jeferson Credidio, gerente de produtos da Nakata.

A suspensão é um ponto frágil de muitos importados. Um amortecedor mais sofisticado não sai barato. Para você ter uma ideia, o amortecedor do Evoque sai por R$ 2.514 a unidade, valor que chega a ser cinco vezes maior do que o pedido pelo mesmo componente de um Jeep Renegade.

Outros itens de desgaste natural também são mais salgados. As pastilhas de freio dianteiras de um BMW X1 ultrapassa R$ 1.300, quase o triplo cobrado para os elementos de um Compass.

Mesmo modelos de luxo de marcas generalistas podem sair caro na hora da oficina. O Passat é um bom exemplo. Cada amortecedor do VW custa cerca de R$ 2.300, mais caro até que os R$ 1.600 pedidos na reposição da mesma peça do primo Audi A4.

Como não é possível ao comprador rastrear toda a vida pregressa do carro, vale fazer uma revisão preventiva e não demorar para checar a origem de ruídos estranhos. “É recomendado que os componentes da suspensão e da direção sejam verificados ao menor sinal de barulho ou folga. Mesmo se não houver suspeita de defeitos, é importante fazer uma verificação a cada 50.000 km. Se a utilização frequente for em vias com buracos ou em condições mais severa, a avaliação deve ser feita a cada 30.000 km”, afirma Jeferson.

Além dos buracos, o combustível também pode maltratar o carro. Modelos sofisticados como o Evoque e outras opções de luxo têm em comum sistemas de injeção direta que não toleram gasolina de baixa qualidade. Não por acaso, Audi, BMW e PSA Peugeot Citroën recomendam o uso de gasolina premium em seus veículos turbinados. Falhas no sistema de alimentação, que podem resultar na quebra de peças como a turbina do Range Rover, estão entre os problemas mais comuns dos importados usados.

“A injeção direta tende a ter um consumo menor, porém, no Brasil, os custos de manutenção ainda são altos. Um exemplo é o que chamamos de kit BBB, bico, bomba e bobina, peças que sofrem com gasolina ruim”, explica Bruno Martinucci, administrador da oficina Motorfast. Esse conjunto de componentes originais para o motor THP custa entre R$ 5.000 e R$ 7.000 no mercado de reposição, o que pode representar 20% do valor de um Peugeot 3008 ano 2011.

Para quem está interessado em modelos mais simples, a boa notícia é que a evolução dos sistemas de injeção resultou em componentes robustos que, já popularizados, tem baixo custo de manutenção. O mesmo “kit BBB” para um carro compacto flex sem turbo custa por volta de R$ 800 e raramente apresenta problema.

“Seja um carro de luxo ou um modelo mais popular, o cuidado que se deve tomar para evitar prejuízos é não comprar um que esteja com o motor falhando ou com alguma luz acesa no painel, por isso é importante dar uma volta para detectar possíveis anomalias”, diz Bruno.

Apuração de peças da edição do Qual Comprar (junho/2019).

Fonte: https://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2019/10/servico-carrao-usado-pode-ser-sedutor-o-problema-e-manter.html

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