“Seja bem-vindo!”, anuncia um outdoor a poucos metros do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em Curitiba (PR). A recepção seria comum não fosse por um detalhe no cartaz -uma ilustração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dentro de uma cela, acompanhado dos dizeres “A ‘República de Curitiba’ te espera de grades abertas #somostodoslavajato”.
Lula depõe ao juiz Sergio Moro nesta quarta-feira (13), às 14h, em ação na qual é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro devido a supostas relações ilícitas com a empreiteira Odebrecht.
O outdoor próximo ao aeroporto não é o único. Segundo a advogada Paula Bettega, líder do grupo pró-Lava Jato “Lava Togas”, há outros 32 espalhados pela cidade. A ação foi coordenada por outras duas frentes de apoio à operação: o Vem pra Rua, que ganhou exposição na esteira do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e o Brasil Estou Aqui, organização regional.
Questionada sobre o financiamento para a montagem dos cartazes, Bettega diz que foi realizada uma “vaquinha”, divulgada pelo WhatsApp, que contou com doações de profissionais liberais, ativistas, aposentados e estudantes. A advogada, entretanto, afirmou que não tem autorização para passar à reportagem o custo da ação.
Em nota, a Secretaria de Comunicação Social de Curitiba informou que decisão da 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, atendendo pedido da Procuradoria-Geral do Município, vedou que os movimentos montassem estruturas em espaços públicos sem autorização prévia.
DIA D
Nesta quarta-feira (13), o Curitiba Contra a Corrupção realiza uma manifestação contra Lula e a favor da Lava Jato em frente ao museu Oscar Niemeyer, no centro cívico, às 13h. O protesto conta com o apoio do MBL (Movimento Brasil Livre), que ajudou com a mobilização, mas não chamou ato próprio.
Ao final da tarde, por volta das 17h, os ativistas pretendem marchar até a sede da Polícia Federal, aguardando o fim do depoimento de Lula.
No outro lado do espectro ideológico, a frente de apoio ao ex-presidente Lula vai se concentrar na praça Generoso Marques, em frente ao Paço da Liberdade, no centro de Curitiba. O ato terá início às 15h e contará com carro de som. O evento está sendo chamado de 2ª Jornada de Lutas Pela Democracia.
TV
O PT levaria ao ar nessa terça-feira (12) à noite, inserções em emissoras de televisão na qual afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é vítima de ódio e perseguição.
“Por que tanto ódio contra quem tanto fez pelo povo brasileiro”, inicia o comercial.
Exibindo cenas da caravana protagonizada por Lula no Nordeste, a propaganda afirma que o ex-presidente fez o povo “andar de cabeça erguida”.
“Enquanto eles perseguem Lula, o povo nas ruas abraça Lula”, diz a campanha.
“Enquanto eles compartilham ódio, nós compartilhamos esperança”.
Levada ao ar na véspera do depoimento do ex-presidente ao juiz Sergio Moro, a inserção é encerrada com a afirmação de que “o Brasil vai voltar a sonhar”.
A acusação
Lula vai depor a Moro dentro do inquérito em que o petista é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro supostamente recebido da empreiteira Odebrecht para compra de um terreno destinado abrigar a sede do Instituto Lula e de um apartamento vizinho ao que o petista reside em São Bernardo do Campo. Em maio, o ex-presidente foi interrogado em outro processo, referente ao triplex do Guarujá, na qual o juiz o condenou a nove anos e seis meses de prisão. |
PT espera quatro mil pessoas em ato político
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ter uma recepção menor em Curitiba para o seu segundo depoimento ao juiz Sergio Moro. De acordo com Dr. Rosinha, presidente estadual do PT do Paraná, a expectativa é que o ato pró-Lula possa reunir quatro mil pessoas, menos que os cerca de 5 mil manifestantes vistos em 10 de maio, data do primeiro encontro entre o ex-presidente e o juiz da Lava Jato.
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná disse em nota esperar cerca de 2,5 mil manifestantes favoráveis ao petista amanhã. O efetivo destacado para acompanhar os atos também será menor, cerca de mil homens, contra quase 1,7 mil PMs e mais de 3,3 mil agentes de segurança pública em maio. Manifestações de grupos hostis ao PT e Lula, como o Movimento Brasil Livre (MBL) também estão agendadas em outros pontos da capital paranaense.
Enquanto o ex-presidente depõe, o PT organizou uma programação que inclui atividades culturais e aula pública com o ministro da Justiça do governo Dilma Roussef, Eugênio Aragão, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) e o líder do MST, João Pedro Stédile.
Às 19h, está agendado um ato público de políticos do partido. Entre os confirmados pela organização, estão a senadora e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e os senadores Humberto Costa (PE), Lindbergh Farias (RJ), Fátima Bezerra (RN) e Paulo Rocha (PA). Presente em maio, a ex-presidente Dilma Roussef ainda não decidiu se vai a Curitiba hoje.