O Bauru Basket e o Sesi Vôlei Bauru afirmam que vão mandar os seus jogos fora da cidade a partir do mês que vem caso o Noroeste e a prefeitura não cheguem a um acordo sobre o aluguel do Ginásio Panela de Pressão.
Conforme o JC antecipou, o prefeito Clodoaldo Gazzetta (PSD) determinou, na semana passada, a rescisão do contrato de locação, pois o clube está inadimplente com o Refis, e portanto, o entendimento da prefeitura é que o contrato estava ilegal e havia o risco de improbidade ao pagar locação a entidade que deve para o município. Já o Noroeste entende que, mesmo devendo para a prefeitura, ainda poderia continuar recebendo o valor de R$ 28,9 mil por mês de aluguel, pois o montante era destinado ao pagamento de ações trabalhistas do clube.
O fato é que a prefeitura vai desocupar o imóvel ainda nesta semana. A partir de sexta-feira, o uso do ginásio pelo Bauru Basket e pelo Vôlei Bauru para treinos e jogos ficará condicionado a um acordo com o Noroeste, uma vez que não haverá mais nenhum vínculo entre prefeitura e clube. A Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Semel) vai mudar a sua estrutura para outro espaço até o final desta semana.
A possibilidade de um pagamento direto de aluguel do Bauru Basket e do Vôlei Bauru ao Noroeste seria uma saída, no entanto, ambos consideram que esta alternativa está fora de cogitação no momento, por questões orçamentárias. O presidente do Noroeste, Estevan Pegoraro, afirma que pode negociar uma locação direta, desde que o valor seja o mesmo do aluguel para a prefeitura.
Secretário de Esportes, Alexandre Zwicker confirmou que vai marcar uma reunião entre as partes para buscar um acordo. Neste primeiro momento, essa composição poderia atender a demanda de curto prazo, e permitir que o Bauru Basket e o Vôlei Bauru utilizem o ginásio até o final de suas temporadas (meados de maio ou junho) e, depois, seja negociado um acordo maior e que pode ter novamente a prefeitura como parceira. “Vamos tentar de tudo para que a situação se resolva bem. Não queremos desamparar nem o Noroeste e nem o Bauru Basket e o Vôlei Bauru”, lembra.
FORA DE COGITAÇÃO
Por meio de suas assessorias de comunicação, o Bauru Basket e o Vôlei Bauru declararam ontem que pagar o aluguel por conta própria está fora de cogitação. Eles dizem que, sem um acordo da prefeitura com o Noroeste, mandarão os seus jogos fora da cidade.
O Sesi Vôlei Bauru deve treinar no ginásio do Sesi dos Altos da Cidade e apenas jogos de porte menor teriam condição de acontecer neste ginásio. Como a Superliga já está perto da fase de playoffs, que precisa de ginásios de maior capacidade, a tendência é que o time vá jogar em Marília ou Botucatu. “A respeito da possibilidade do ginásio Panela de Pressão não poder mais ser utilizado para realização de jogos esportivos, a diretoria do Sesi Vôlei Bauru informa que, caso o ginásio fique indisponível, a equipe mandará seus jogos em Marília, Botucatu ou outra cidade”, declarou o Sesi Bauru, em nota. O presidente Reinaldo Mandaliti diz ainda acreditar em uma solução para o caso, o que evitaria a necessidade de mandar jogos em outros locais. A equipe ainda tem um jogo marcado em Bauru nesta primeira fase da Superliga.
O Sendi/Bauru Basket também diz que, sem acordo, mandará as suas partidas em outras cidades. A equipe está perto fase de playoffs, que demanda ginásios de maior capacidade. A opção mais provável é Lençóis Paulista, onde o time já mandou partidas, mas nada esta definido. “Nesta semana, o clube foi oficialmente notificado pela Prefeitura Municipal de Bauru sobre o impasse do poder público com o E. C. Noroeste. Tal situação compromete o nosso acordo de cessão de uso do Ginásio Panela de Pressão fazendo com que não tenhamos mais direito de utilizá-lo. O Bauru Basket lamenta que o caso tenha se estendido a esse ponto e reitera que o cenário atual é prejudicial às duas equipes que disputam o campeonato nacional e que levam o nome da cidade pelo País e fora dele”, declarou o clube, em nota.
O presidente Beto Fornazari também deve esperar uma solução ao caso antes de tomar alguma decisão. “Com toda a dificuldade em se manter um time de alto rendimento, o clube acredita que pagar aluguel está fora de cogitação. É inaceitável que essa situação ocorra em uma cidade com tal porte esportivo. Diante desse cenário, o clube busca outras alternativas para mandar seus jogos fora de Bauru. Ademais, acreditando que houve uma falta de diálogo e disposição em resolver o impasse, o Bauru ainda espera que tudo possa ser resolvido da melhor maneira possível”, completa a equipe, que joga nesta quinta, em casa, ainda no Panela.
Venda do ginásio entra em pauta
O presidente do Noroeste, Estevan Pegoraro, chegou a negociar a venda do ginásio com o prefeito Clodoaldo Gazzetta no ano passado, mas o Jurídico da prefeitura entendeu que haveria ilegalidade, pois a área onde está a sede do clube foi permutada entre o Noroeste e o município nos anos 1980. Portanto, não poderia comprar algo que já foi dela mesma. O valor seria de R$ 4 milhões.
Outros interessados em comprar o ginásio já procuraram o clube. O presidente diz que gostaria de negociar com a prefeitura caso realmente seja preciso vender, mas, se isso não for possível, diz que acabará negociando com particulares ou esperando o leilão pela Justiça do Trabalho, onde o clube tem dívida de R$ 1,2 milhão, pelo menos. Com a prefeitura, a dívida do Noroeste é de R$ 1,6 milhão, de IPTU de anos anteriores.
O Ginásio Panela de Pressão não é tombado pelo Codepac, assim como o Estádio Alfredo de Castilho, e, portanto, um eventual comprador do ginásio pode até mesmo demolir o imóvel e construir outro empreendimento.