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Queda de casos está projetada para setembro

Percentual para atingir imunidade de rebanho e queda de casos podem aumentar se o ritmo de contaminação crescer na cidade / Foto: Getty Images/iStockphoto

Estimativa, que leva em conta atual ritmo de contaminação, aponta decréscimo da Covid-19 quando Bauru alcançar cinco mil confirmações

Bauru completa, hoje, 114 dias do primeiro decreto que restringiu atividades econômicas por causa da Covid-19. E as últimas estimativas epidemiológicas apontam que, se a cidade mantiver o atual ritmo de contaminações (de até novos 100 casos diários), o pico da doença deve ocorrer em agosto e a queda de casos em setembro. A previsão é feita tanto pelo Centro de Contingência estadual quanto pelo Comitê Gestor de Enfrentamento à Covid-19 municipal.

Membro deste último órgão, o também diretor da Saúde Coletiva em Bauru, Luiz Cortez, diz que a cidade deve chegar ao pico quanto atingir aproximadamente 5 mil casos notificados. A estimativa já considera os efeitos da chamada imunidade de rebanho (leia mais nesta página).

A curva epidemiológica prevista (veja no quadro) mostra ainda que o município, após atingir o pico, alcançará o “platô”, quando os casos param de subir e certa estabilização é atingida, antes da queda. O período de platô é superior a 15 dias.

O prognóstico é de que a cidade passe da pior fase da doença com registro total entre 8 mil e 10 mil casos notificados. Cortez ressalta, no entanto, que o número real de contaminados pode ser de 10 a 14 vezes maior, conforme estudos científicos usados como parâmetro. Isso indica que o número subnotificado deve ficar entre 80 mil e 100 mil. A boa notícia é que a quantidade de pessoas consideradas assintomáticas é maior do que a de sintomáticas, segundo ele.

CONDIÇÕES

A projeção do total de casos é feita com base no índice sobre a imunidade de rebanho, que ocorre quando parte de uma população contrai o vírus e fica imunizada, o que faz com que a doença não circule mais, protegendo indiretamente quem não pegou (leia nesta página). No caso da Covid-19, para que a queda se inicie, esse percentual gira em torno de 20% da população, desde que mantidas duras restrições.

Esta percentagem, contudo, ainda pode variar em Bauru e, para que a estimativa não caia por terra, a cidade não pode aumentar seu ritmo de contaminação, tanto do salto diário de novas confirmações da doença, quanto da taxa de reprodução do vírus, o chamado “R”, que é utilizado nos cálculos científicos para estimar quantas pessoas uma mesma tem infectado em média.

“Se extrapolarmos 200 casos diários, entraremos em crescimento exponencial. Aí será difícil controlar, até porque o impacto de qualquer medida de contenção só refletirá em 15 dias”, afirma Cortez.

Em relação ao indicador da taxa de reprodução do vírus, a Covid-19 tem potencial “R 6”, o que significa que uma mesma pessoa pode infectar outras seis pessoas. Mas, com medidas restritivas como a quarentena, entre outros cuidados, Bauru e outras cidades conseguiram diminuir a reprodução do vírus para “R 1”, ou seja, uma mesma pessoa tem contaminado em média outra pessoa apenas.

IMUNIDADE

Ele ressalta, contudo, que é um erro pensar no fim das restrições comerciais para que a cidade atinja logo o índice de imunidade de rebanho. Além de multiplicar o número de casos e mortes, a medida aumentaria o “R”. Com mais gente circulando nas ruas, sobe o percentual a ser atingido para controle da doença, conforme cálculos complexos da epidemiologia.

“Se o ‘R’ subisse para ‘3’, teríamos que chegar a 40% da população contaminada [cerca de 160 mil pessoas] para alcançar uma possível imunidade. Este é um cálculo matemático e que considera a incidência da doença”, pontua o diretor da Saúde Coletiva em Bauru.

Mesmo após atingir 20% da população contaminada, nova onda de casos não é descartada, já que 80% da população continuariam suscetíveis.

Imunidade de rebanho: possível ou inatingível?

Utilizada como estratégia para conter epidemias, a imunidade de rebanho é um efeito estudado para doenças para as quais existe vacina. Ela ocorre quando grande parte de uma população é imunizada, o que faz com que a doença não circule mais, protegendo indiretamente quem não se imunizou. Mesmo diante da falta de vacina, o efeito tem sido defendido por pessoas como única forma para controle da Covid-19, mas isso é algo possível ou inatingível?

Para o infectologista Carlos Fortaleza, “criar imunidade de rebanho à custa de infecção natural é como condenar pessoas à morte”. Ele defende um conjunto de medidas, como a abertura responsável e reversível da economia, além do isolamento, distanciamento e regras sanitárias.

“O abre e fecha é uma medida impopular, mas é a única maneira responsável de se lidar com a pandemia. Ninguém morreu na Capital por falta de ventilação. E lá a epidemia está estabilizada”, cita.

Acredita-se que essa estabilização, que ocorreu quando a Capital chegou a quase 20% de contaminados, se deu quando parte da população que circulava, mesmo na quarentena, ficou imune e parou de transmitir. Outra incerteza é quanto à duração da proteção dos anticorpos. Um estudo espanhol com 61 mil pessoas indicou que a imunidade de rebanho pode ser inatingível, já que apenas 5% dessas pessoas apresentaram soroprevalência.

Fonte:  https://www.jcnet.com.br/noticias/geral/2020/07/729124-queda-de-casos-esta-projetada-para-setembro.html

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