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Que rua é essa?

 Curiosidades, lendas e história envolvendo os caminhos de Bauru

 Luiz Beltramin,

especial para a Revista Atenção

 

Você já parou alguns minutos para pensar na história que esconde cada plaqueta com nomenclaturas de ruas e avenidas de Bauru? Desde homenagens a personalidades, países e até mesmo profissões, tem de tudo um pouco pelos caminhos de Bauru. Conheça algumas peculiaridades de nossos tradicionais caminhos, numa viagem pela geografia do dia-a-dia e até mesmo, pelo “tempo”:

A ‘rua do prefeito’

Muitos antigos chefes do Poder Executivo também batizaram ruas importantes de Bauru. Ao menos dezessete deles emprestam seus nomes a CEP´s da área urbana. A rua Gerson França, por exemplo, no centro, tem o nome de um fazendeiro que chegou a Bauru em 1896. Ele abriu uma farmácia na cidade. Atuante na política, ocupou o cargo de intendente (prefeito), num tempo em que o governante era escolhido pelos vereadores.

Na região do Geisel, a conhecida “avenida do Hospital Estadual”, nasce na confluência com a Nações Unidas e vai até o trevo com a SP-225, no acesso ao campus da Unesp. Denominada Engenheiro Luiz Edmundo Carrijo Coube, a via homenageia o prefeito entre 1973 e 1976. É nesta avenida em que estão sediadas as sedes do quatro Batalhão da Polícia Militar do Interior e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Já a rua Capitão João Antônio, com início nos Altos da Cidade e vai até a Vila Cardia, homenageia o fazendeiro e capitão da Guarda Nacional João Antônio Gonçalves. Eleito vereador pelo então município de Espírito Santo da Fortaleza (de onde Bauru se desmembrou), ele apresentou uma resolução, na antiga Câmara, para a transferência da sede do município para o então povoado de Bahuru, criando a atual cidade, no dia 1º de agosto de 1893.

Uma das mais populares do Centro, a rua Virgílio Malta começa nos arredores da antiga estação ferroviária e vai até a Vila Samaritano, na quadra 22. Homenageia o político Virgílio de Toledo Malta, foi eleito prefeito nos anos 1920. Já a rua Manoel Bento Cruz cruza a cidade desde a região do Higienópolis até as proximidades do Hospital de Base. Faz alusão ao político que gravou nome da história por desbravar a região Noroeste do Estado, destacando-se como pioneiro e colonizador. Também foi prefeito em Penápolis.

 

Corredor comercial coleciona lendas

 

Quem percorre a rua Batista de Carvalho, conhecida em Bauru e cidades da região pelo Calçadão que, ao longo de sete quadras, abriga estabelecimentos comerciais de diversos setores, no centro da cidade, não sabe que, ao longo de seus 15 quarteirões, muitas histórias, e até “lendas urbanas” se camuflam sobre o pavimento da rua, cujo nome homenageia João Batista de Carvalho, um dos pioneiros do comércio local (também foi vereador e juiz de paz).

O próprio calçamento da Batista tem sua curiosidade: engraçada para alguns, “assustadora para outros”. Na parte residencial – após o cruzamento com a avenida Nações Unidas, em direção ao cemitério da Saudade, na Vila Cardia – os antigos paralelepípedos resistem à chegada do asfalto. Não que os moradores não queiram o novo pavimento.

Reza a lenda que uma “maldição” paira sobre qualquer prefeito ou prefeita de Bauru que se “atrever” a substituir o velho calçamento entre as quadras 12 e 15. Basicamente, segundo memorialistas, asfaltar este ponto da Batista é sinônimo de “pena de morte” para quem der a ordem de serviço.

Esta maldição teria começado por volta do início do século passado, ocasião em que o empresário João Henrique Dix doou algumas terras para o município construir o Cemitério da Saudade, em 1908. No dia 26 de julho daquele ano, ele cometeu suicídio. O tiro no coração fez de Dix a primeira pessoa sepultada na necrópole. Para muitos: de forma proposital, justamente, para “inaugurar” a necrópole. O assunto é rua, não cemitério. Então, vale a nota: apenas nomes de pessoas falecidas podem batizar ruas e logradouros públicos em Bauru, conforme Lei Municipal.

Minha rua, meu ‘País’

Nações Unidas denomina a principal avenida e cartão-postal. Não é à toa. Diferentes bandeiras se cruzam nas esquinas de Bauru. No Jardim Terra Branca, por exemplo, as Américas estão representadas. Colômbia, Venezuela, Guatemala, Argentina, Cuba, Bolívia, México, Panamá e Chile fazem o intercâmbio de endereços “internacionais”.

Já na região do Higienópolis e Vila Cardia, as “bandeiras” são de Estados brasileiros, com esquinas que não seguem a geografia do País, vide cruzamentos entre Pernambuco e Rio Grande do Sul ou Alagoas com Minas Gerais. Entre os bairros, faz a mediação a avenida Rodrigues Alves (presidente Francisco de Paula Rodrigues Alves, o quinto presidente da República). E, se a questão é geográfica, o que dizer da “esquina do mundo”, onde a Nações Unidas se encontra com a Praça do Líbano em frente ao edifício Brasil-Portugal?

Por falar em presidente, até mesmo John Kennedy, ex-mandatário dos Estados Unidos, também é nome de rua no centro de Bauru, uma das poucas cidades paulistas a enaltecer Getúlio Vargas em suas vias. A avenida da zona Sul, faz menção ao presidente que, no Estado de São Paulo, não é lá muito lembrado porque paulistas e “getulistas” ficaram em campos opostos no front, na Revolução Constitucionalista de 1932. Mas Bauru homenageia Getúlio, que visitou a cidade em 1938, quando pernoitou na fazenda Val de Palmas. Por outro, lado, a rua 9 de Julho, no Núcleo Geisel, faz jus à Revolução Paulista.

Datas, nomes e CEP’s

Confira algumas datas lembradas nos caminhos da cidade

 

Primeiro de Agosto: rua que corta a região da Vila Cardia e Centro, lembra a data do aniversário da cidade

Sete de Setembro: rua do Centro cujo nome faz alusão à data em que foi proclamada a Independência do Brasil

 

Treze de Maio: rua na região central. Homenageia a promulgação da Lei Áurea, de 13 de maio de 1888.

 

XV de Novembro: rua que corta o centro da cidade, alude à Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889.

 

23 de Maio – É o nome do viaduto conhecido como “ponte da Duque sobre a Nações”. Fica, justamente, na confluência entre Duque de Caxias e Nações Unidas. A denominação lembra o dia 23 de maio de 1932, quando quatorze manifestantes constitucionalistas morreram em manifestação contra o governo de Getúlio Vargas.

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