“A população de Bauru tem agido como se não houvesse o amanhã, como se não houvesse a pandemia”. O alerta é feito pelo secretário municipal de Saúde da cidade, Sérgio Henrique Antonio. De acordo com ele, os números da média móvel de novos casos da doença e, principalmente, de novos óbitos provocados pela Covid-19 seguem em ascendência no município.
“Os dados epidemiológicos mostram que ainda não houve platô [estabilização de novos registros diários]. Estamos em ascendência. E, para nós da Saúde, que trabalhamos com dados epidemiológicos e com análise técnica, é muito preocupante andar pelas ruas e observar muita gente sem máscara”, afirma o secretário. “Em uma das últimas festas que fiscalizamos, até narguilés flagramos sendo usados, passando de boca em boca”, acrescenta. Conforme o JC antecipou na edição deste sábado (22), Sérgio avaliou que, se não fossem os hospitais regionais, Bauru estaria na fase laranja, mais restritiva do que a amarela que vigora hoje.
CÁLCULOS
Na análise técnica, tanto a secretaria quanto o Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19 utilizam a chamada média móvel entre os cálculos para avaliar a situação da pandemia na cidade. Basicamente, a conta emprega os saltos de novas confirmações registradas ao longo da semana e o resultado é dividido por sete para obter a média diária.
“A média móvel tem sido de 98 casos diários [confirmados]. A média anterior era de 94, ou seja, estamos em ascendência”, destaca Sérgio. A grande preocupação da Saúde, no entanto, tem recaído sobre média móvel de óbitos, que aumentou para 3 casos por dia. “Em relação aos últimos 14 dias, houve 36% de aumento dos óbitos na cidade”, acrescenta o secretário.
Hoje, a taxa de letalidade da Covid-19 em Bauru é de 2%. Esta conta considera os 123 mortos em meio ao universo de 6,2 mil casos positivos até a última sexta (21).
“Percebemos que, nesses últimos 20 dias, não houve redução tanto da média móvel de óbitos, quanto da letalidade, e que o número de novos casos continua subindo. O que explica o motivo de o aplicativo do governo que monitora a Covid-19 no Estado todo colocar Bauru como cidade de alto risco de transmissão”, detalha Sérgio.
OCUPAÇÃO DO HE
O fato de o Hospital Estadual de Bauru ter atingido 100% de ocupação dos leitos de UTI, por ao menos duas vezes na última semana – na quarta (19) e na sexta (21) -, também é considerado pelo secretário.
“A ascendência de casos, mais o aumento de mortes e a taxa de ocupação total do HE nos sugerem que Bauru não pode flexibilizar mais. Não posso me furtar de não falar. É dever do secretário da Saúde a preservação da vida do munícipe. Por isso, também temos sido incisivos nas fiscalizações e punindo descumprimentos com valores altos”, finaliza Sérgio.
