Segundo a polícia, ferramenta para celular deverá desafogar a central telefônica
A Polícia Militar de São Paulo lançará no mês de novembro uma licitação para adquirir uma rede exclusiva 4G que poderá ser usada pelas polícias no estado. No mês seguinte, em dezembro, planeja lançar um aplicativo para celular do número 190, atualmente para contato da população com a PM por telefone, durante as comemorações dos 190 anos da corporação.
Segundo o coronel Francisco Alves Cangerana Neto, diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação da Polícia Militar, o projeto do aplicativo já está em desenvolvimento e deve desafogar a central do 190 que hoje atende cerca de 60 mil chamados por dia. “Tende a melhorar o tempo de resposta [da ocorrência]”, afirma.
Inicialmente, o aplicativo será destinado apenas às ocorrências de maior incidência, tais como perturbação de sossego, desinteligência (briga) e em caso de suspeitos.
Segundo o coronel Cangerana, a proposta não é a de extinguir o serviço de atendentes do 190 existente hoje, mas o de oferecer uma nova tecnologia para facilitar os chamados. “Será um canal direto”, afirma.
Projetos semelhantes de aplicativos do 190 já estão em funcionamento no Espírito Santo e Paraná.
A PM já conta com um aplicativo para tentar coibir violência doméstica. O SOS Mulher é uma espécie de “botão do pânico” para agilizar o socorro as vítimas que contam com medidas protetivas expedidas pela Justiça.
4G dedicada
Planejada há quase dez anos, a proposta de ter uma rede própria de dados e voz para a PM de São Paulo finalmente deverá sair do papel, a partir do segundo semestre de 2022.
Um edital deve ser lançado em novembro próximo. A empresa contratada fornecerá as antenas e equipamentos necessários para a rede, num contrato de 30 meses. A PM vem realizando reuniões com as operadoras de telefonia para discutir o projeto.
Inicialmente devem ser disponibilizados 15 mil pontos de acesso. Eles serão usados inicialmente no centro expandido da cidade de São Paulo. Entre os empregos, estão o acompanhamento em tempo real de manifestações.
Com a rede própria, o coronel afirma que a comunicação dos policiais com a central será melhor, e, consequentemente, isso deve facilitar o atendimento às pessoas.
A interrupção ou mesmo queda de sinal –que pode, em última instância, impedir que o policial na rua receba as comunicações por celular– é comum, principalmente em aglomerações provocadas por manifestações e também em pontos de grande fluxo de pessoas, como a 25 de Março.
A rede também pode melhorar o trabalho do projeto “Olho Vivo”, que tem nas câmeeras que filmam as ações policiais uma de suas principais vitrines. Recentemente, a Justiça anunciou que terá acesso às imagens geradas pelos equipamentos para serem usadas nas audências de custódia no Fórum Criminal da Barra Funda.
A rede própria poderá facilitar a implementação do boletim de ocorrência integrado, um projeto que pretende integrar o boletim de ocorrência eletrônico produzido pela polícia no local do crime ou acidente com o confeccionado na Polícia Civil. Em última instância ele deve reduzir o tempo que as pessoas ficam nos distritos policiais, por exemplo.
Essa rede própria de 4G só foi possível após uma outorga (autorização) da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
A primeira vez que uma prova de conceito (espécie de teste) foi realizada ocorreu em 2012. À época, o objetivo era o de conectar os terminais de dados (tablets) das viaturas de modo a transmitir vídeos.
Dois anos depois a mesma tecnologia que a PM de São Paulo quer adquirir foi empregada na Copa do Mundo. Na sequência, em operações GLO (Garantia da Lei e da Ordem) pelo Exército no Rio e em Brasília.
De 2017 a 2019 foram feitos novos testes em São Paulo para acompanhamento do Carnaval e durante os trabalhos de buscas de vítimas da queda do prédio Wilson Paes de Almeida, no largo Paissandu (centro), que deixou sete mortos e dois feridos.