A Polícia Federal decidiu manter sigilo sobre as investigações do roubo de US$ 5 milhões em dinheiro vivo (cerca de R$ 16,5 milhões), transportados em um avião da empresa aérea Lufthansa, no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, no interior de São Paulo. Em nota divulgada nessa terça-feira (6), a Delegacia da PF informa que “o caso está sendo tratado com diligência para não atrapalhar as investigações”.
O roubo aconteceu na noite de domingo (4), quando ao menos cinco homens armados com fuzis arrebentaram cercas e portões, renderam funcionários e invadiram o Terminal de Cargas. A quadrilha usou um clone do veículo da segurança oficial do aeroporto para passar pela vigilância. Na fuga, o veículo foi incendiado.
A equipe da PF de Campinas ganhou reforço de um delegado e policiais da Superintendência em São Paulo. Imagens captadas por mais de uma dezena de câmeras instaladas no trajeto feito pelos criminosos já foram recolhidas e estão sendo analisadas. Agentes federais estiveram no aeroporto nesta terça para ouvir funcionários da Brinks, que seria responsável pelo transporte do dinheiro, e de outras empresas.
A PF tenta descobrir quem passou informações aos criminosos sobre o transporte dos dólares. O cargueiro havia decolado do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, e a quadrilha sabia o momento exato em que a carga estaria mais vulnerável, exposta no pátio do terminal. O uso de veículo clonado, com as cores e marcas da segurança oficial do aeroporto indica que a operação foi planejada com antecedência.
Também está sendo investigado o destino dos dólares. Na segunda-feira, a PF divulgou que o dinheiro seria levado para Zurique, na Suíça, mas a companhia aérea informou que o ponto final do voo, com passagem por Dacar, no Senegal, seria Frankfurt, na Alemanha.
“Em relação à divergência do destino da carga, estamos coletando mais informações a respeito e, assim que obtivermos algo concreto, informaremos”, disse, em nota a PF.
Outros pontos intrigantes do assalto, como o fato de não haver funcionários da Brinks junto ao carro-forte que estava no local, e por que o dinheiro havia sido retirado do avião, também estão no alvo das investigações. A transferência de grandes montantes de dinheiro para outros países é acompanhada pelo Banco Central do Brasil e pela Receita Federal, até por ser uma operação incomum.
Nesse caso, tanto a PF quanto a Receita informaram que a operação estava autorizada e que a origem dos dólares havia sido comprovada, embora, por questão de sigilo bancário, o autor da remessa não tenha sido identificado.
Conforme a Receita Federal, o envio de grandes somas para o exterior precisa estar atrelado à declaração do imposto de renda da pessoa física ou da empresa e deve ser informado ao Banco Central, para que não se caracterize crime financeiro ou de lavagem de dinheiro.
A Brinks informou continuar à disposição das autoridades para o esclarecimento dos fatos. Em seu site oficial, a empresa de origem americana informou que atua em mais de 100 países e é referência em soluções de risco e logística de valores, que incluem transporte local e internacional de bens de alto valor.