Pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) poderão contar, agora, com dez novos procedimentos que, até então, não eram adotados de maneira convencional pela medicina. São tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para curar e prevenir diversas doenças, como depressão e hipertensão. Apesar da decisão, não há previsão de quando estas modalidades chegarão a Bauru.
Entre as chamadas Práticas Integrativas e Complementares (Pics) incluídas nesta semana na lista do SUS, está a ozonioterapia, que consiste na administração de uma fórmula composta por oxigênio e ozônio para o tratamento complementar de doenças como o câncer. Trata-se de uma conquista que teve grande contribuição de um bauruense: o advogado e empresário Carlos Eduardo Faraco Braga.
Desde que lançou, em 2016, o livro “O que aprendi com o câncer”, em que relata o drama vivido quando descobriu um câncer no esôfago, o também professor de direito e ex-deputado estadual tem se mobilizado junto a autoridades federais para instituir a ozonioterapia como uma nova alternativa para auxiliar na cura de diversas doenças. Braga explica que, pelo anúncio feito pelo Ministério da Saúde, o procedimento começará a ser ofertado gratuitamente a pacientes de odontologia, neurologia e oncologia, quando houver recomendação.
“Pode ser que, quando a portaria for publicada, o teor não fique restrito somente a estas áreas. Mas, de qualquer forma, é mais um grande passo sendo dado. Temos relatos de que a ozonioterapia tem resultado em grandes avanços também para pacientes autistas e para tratamentos em periodontia e endodontia”, detalha.
Além da ozonioterapia, o SUS incluiu as práticas de apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos e terapia de florais. O município e o Estado não deram previsão, contudo, de quando elas poderão começar a ser oferecidas em Bauru.
OUTRAS TERAPIAS
Em unidades de saúde da rede básica da cidade, pacientes já recebem tratamento com homeopatia e acupuntura, especialidades que foram incorporadas em território nacional pelo SUS a partir de 2006. Somadas as novas dez práticas integrativas, a rede pública passa a ofertar 29 procedimentos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais em todo o Brasil.
Membro da Associação Brasileira de Ozonioterapia (Aboz), Braga conta que este método alternativo – adotado no País de forma experimental desde 1975, mas ainda não reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) – o salvou de uma infecção que tomou conta de seu organismo após o tratamento de radio e quimioterapia, em 2012.
No ano passado, ele participou ativamente das discussões que levaram à aprovação, pelo Senado, do projeto de lei que autoriza a prescrição da ozonioterapia no Brasil. “Agora, o projeto aguarda ser colocado em pauta para votação pela Câmara dos Deputados. Apesar de a ozonioterapia ainda não ter sido reconhecida como uma terapia médica por força de lei, já tínhamos apresentado nosso pleito ao ministro da Saúde, Ricardo Barros, e à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que vinham acompanhando esta demanda e decidiram, agora, incluí-la como uma PIC, dentro dos procedimentos oferecidos pelo SUS”, frisa.
Contra o câncer
Adepto da ozonioterapia até hoje, Carlos Braga explica que o ozônio – formado por três átomos de oxigênio – contribui para a renovação com maior nível de oxigênio das células sadias e, ao mesmo tempo, para o combate às células cancerígenas, que dependem de um ambiente com pouco oxigênio para sobreviver. “Assim, ele atenua um dos efeitos colaterais mais graves da quimioterapia, a perda de imunidade, que pode levar o paciente a sucumbir por outras doenças”, acrescenta. A aplicação do gás, por sonda, pode ser feita por diversas vias – retal (a mais comum), vaginal, uretral, nasal, auricular, venosa muscular e dermatológica. O tratamento também pode ser feito pela ingestão de água ozonizada ou pela aplicação de óleo ozonizado na pele, conforme recomendação médica. “Trata-se de uma terapia de custo muito baixo e consagrada mundialmente, já adotada em redes públicas de saúde em diversos países do mundo”, enumera. O bauruense reforça, contudo, que o uso da ozonioterapia no combate ao câncer deve ser complementar à radio e à quimioterapia, procedimentos que ele considera indispensáveis para a cura da doença. |
Fonte: https://www.jcnet.com.br/Geral/2018/03/ozonioterapia-e-mais-9-tratamentos-passam-a-ser-oferecidos-pelo-sus.html