Em meio a uma crise que tem acelerado transformações dos mais variados tipos, o mercado de carros de luxo vem se destacando. Segundo a corretora de seguros 3 SEG, que atende cerca de 60% do mercado no país, o volume de apólices para essa categoria de veículos, esportivos e de coleção, registrou um aumento de 49% no primeiro semestre de 2020, atingindo a marca de R$ 500 milhões em valores assegurado.
No primeiro semestre do ano passado, o segmento registrou 15% de incremento em relação a 2018 – índice bem abaixo do atual. Mas o que fez com que esse mercado se expandisse tanto justamente em um cenário tão incerto?
Para Paulo Kalassa, um dos sócios da 3 SEG, a pandemia fez com que pessoas com uma boa situação financeira decidissem comprar um “brinquedo” novo. “Hoje, o dinheiro no banco não está rendendo como antes. Já alguns modelos de carros tiveram grande valorização de um ano para o outro. Essas pessoas começaram, então, a usá-los como mais um ativo na grade de investimentos. Além disso, elas garantem a diversão do final de semana”, diz. “A linha Porsche, por exemplo, tem uma valorização e uma liquidez muito boa. A marca, ao lado de McLaren e RAM, obtiveram recordes de vendas no país, mesmo com a pandemia.”
Graças à essa dobradinha – diversão e investimento -, o crescimento do setor tende a continuar nos próximos meses. Segundo a corretora, outro ponto de influência durante o primeiro semestre foi a demora nos emplacamentos, que estavam represados por conta do fechamento do Detran durante a pandemia e influenciaram uma onda de novas contratações após a normalização dos estabelecimentos. Porém, a forte demanda ainda assim acelerou o mutualismo, conceito importante na indústria. Na prática, mais gente está fazendo seguro, o que o torna mais acessível, um ciclo positivo para o mercado. “Muitos dos nossos clientes estão fazendo esse movimento. Eles já têm seus imóveis, uma estrutura financeira muito boa… Então estão se dando ao luxo de ter um item como esse”.
Tendência enxergada com sucesso tanto pelos clientes quanto pelo próprio Kalassa, que há algum tempo percebeu o espaço promissor e criou uma nova forma de trabalhar os seguros para a subcategoria de carros colecionáveis e de pouco uso. “Para veículos usados como lazer, com média de 5 mil quilômetros rodados por ano, cobramos um seguro que fica na ordem de 2% o valor. No caso de um automóvel de um R$ 1 milhão, por exemplo, o seguro fica em R$ 20 mil por ano.” O executivo explica que há, ainda, um sistema de desconto progressivo para aqueles que possuem diversos modelos em suas garagens. “Eu tenho clientes que tem 70 carros…É impossível usar todos no dia a dia”, explica.
Tudo isso fez com que a subcategoria se expandisse mais ainda, migrando de 4% de participação na carteira de luxo da 3 SEG no ano passado para 15% em 2020.
Veja, na galeria de fotos a seguir, os 13 modelos de luxo – de carros zeros a colecionáveis e usados – mais vendidos no país no primeiro semestre de 2020 segundo as apólices de seguro emitidas pela 3 SEG.