Ocupação Urbana

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Nélson Itaberá Gonçalves, compositor, jornalista e autor do livro Literatura cantada

Bauru enfrenta a maior guinada migratória de trabalhadores sem terra do Interior do Estado, e do País, depois do episódio do Pontal do Paranapanema no final dos anos 80. E se trata de uma questão social que envolve regulação fundiária, agrária e com reflexos na capacidade do município de atender a uma demanda significativa em áreas, sobretudo, de educação, saúde, assistência social.
Não há, por parte da Prefeitura de Bauru, nenhuma ação integrada que discuta a questão e os assentamentos urbanos, que se pulverizam por todas as regiões da cidade, estão sendo tratados apenas sob o ponto de vista do direito de propriedade, um erro doméstico, pragmático e amador. Primeiro não há que satanizar e nem “passar a mão na cabeça” sobre os personagens. O tema é sério, envolve milhares de trabalhadores.
Segundo, é preciso entender esse cinturão urbano de ocupação de terras do Estado, do município e da União e fazer correlação do episódio com a crescente e já solidificada política de urbanização sem regras que foi implementada sob a luz, rasa, do acesso a moradia. O conceito de inclusão social para os grupos que estão organizados nesse movimento pede que o poder público sente à mesa, discuta o fenômeno e suas nuances.
Não é um tema que tem de ser tratado apenas pelo Jurídico. Reforço, depois da ação que gerou milhares de perdas de postos de trabalho público, com as privatizações, nos anos 80 e 90, depois do aumento da população carcerária nos complexos locais, o movimento de assentamentos urbanos é a maior e mais expressiva junção de trabalhadores por uma causa, em massa, que se tem notícia na cidade, e no País, das últimas décadas.
Temos um poder público complacente com os donos da terra, cego aos grileiros (posseiros) e acéfalo aos movimentos de massa que mudam o retrato de nossa cena social. É o poder público, de novo, assistindo á história, o que é imperdoável.andre-timex-5

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