Chanceler israelense chamou Lula de ‘antissemita’ durante reunião com o embaixador brasileiro em Tel Aviv. ‘Não perdoaremos e não esqueceremos’, afirmou Israel Katz
O governo de Israel declarou nesta segunda-feira (19) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é “persona non grata” no país até pedir desculpas e faça uma retratação sobre a declaração onde comparou ações de Israel na Faixa de gaza ao extermínio de judeus provocado pelo regime nazista de Adolf Hitler na Segunda Guerra.
“Não perdoaremos e não esqueceremos – em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é uma persona non grata em Israel até que peça desculpas e se retrate por suas palavras”, declarou o ministro das Relações Exteriores do país, Israel Katz.
Para o chanceler israelense, a comparação de Lula entre “a guerra justa de Israel contra o Hamas e as ações de Hitler e dos nazistas, que exterminaram 6 milhões de judeus, é um grave ataque antissemita que profana a memória daqueles que morreram no Holocausto”.
A declaração do ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, foi feita após reunião com o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, no museu do Holocausto, em Jerusalém.
Declaração de Lula
Lula disse em coletiva de imprensa que o que está acontecendo na Faixa de Gaza não é uma guerra, mas sim um genocídio e fez referências às ações de Hitler contra os judeus.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula.
O presidente fez a declaração depois de ser questionado sobre a decisão de alguns países de suspender repasses financeiros à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), após denúncias israelenses de que 12 funcionários teriam participado dos ataques terroristas do Hamas contra Israel em 7 de outubro.
Na última quinta-feira (15), Lula afirmou que o Brasil irá fazer um novo aporte de recursos para a UNRWA. “Exortamos todos os países a manter e reforçar suas contribuições”, disse Lula durante sessão extraordinária da Liga dos Estados Árabes, no Cairo.
Reação de Netanyahu
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, respondeu às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e considerou a comparação feita pelo brasileiro sobre o conflito em Gaza e o nazismo como “vergonhosa”.
“As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Se trata de banalizar o Holocausto, de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”, escreveu o premiê israelense.
“Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e pela garantia do seu futuro até a vitória completa e faz isso ao mesmo tempo que defende o direito internacional”, acrescentou Netanyahu.
O chanceler israelense Israel Katz também se manifestou sobre as falas de Lula e informou que seu gabinete deve convocar o embaixador brasileiro para uma “repreensão” nesta segunda-feira (19). “As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Ninguém prejudicará o direito de Israel se defender”, declarou Israel Katz.
Conib repudia falas de Lula
Em nota enviada à Band, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) repudiou as declarações “infundadas” do petista. Para a entidade, a fala de Lula é uma “distorção perversa da realidade, ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes”.
“O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira. A Conib pede mais uma vez moderação aos nossos dirigentes, para que a trágica violência naquela região não seja importada ao nosso país”, escreveu a entidade.